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Fla declara guerra à altura e ameaça a Libertadores-07
Clube diz que não joga mais em altitudes elevadas em edição com recorde de times de cidades com esse perfil
Equipe carioca prepara material para enviar à Fifa e à Conmebol e recebe apoio, sem muito entusiasmo, de outros clubes brasileiros
MÁRVIO DOS ANJOS
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Horas depois de ver seus jogadores sofrerem nos 4.000
metros da boliviana Potosí, o
Flamengo, em atitude inédita
para o futebol brasileiro, declarou guerra total à altitude.
Em nota oficial, o clube promete que "não comparecerá a
partidas em altitude superior
aos limites recomendados pela
medicina esportiva".
Se cumprir a promessa, vai
bagunçar a Libertadores-07, na
qual estreou empatando com o
Real Potosí por 2 a 2.
Segundo a medicina esportiva, os efeitos da altitude são
sentidos já a partir dos 1.500 m.
Nada menos do que dez clubes
que jogam a competição ficam
em cidades acima dessa marca
-todos ainda podem enfrentar
o Flamengo e os outros cinco
brasileiros no torneio.
Segundo Kléber Leite, diretor de futebol do time carioca, o
clube ainda não estipulou a altura máxima em que o clube jogará. Mas ele diz que a Fifa estuda o limite de 2.600 m, e esse
é um bom parâmetro.
Seis clubes da atual edição da
competição sul-americana jogam em cidades que ultrapassam a marca dos 2.600 m.
Nunca uma Libertadores teve tantos times sediados em cidades altas como esta edição.
O Flamengo, que chamou
seus jogadores de heróis, avisa
que a nota divulgada não é blefe. "O Flamengo não vai matar
seus jogadores", diz Leite.
O clube diz que vai enviar um
relatório técnico e científico
junto com um DVD contendo
as imagens do jogo de anteontem para CBF, Conmebol e Fifa. Consultada pela Folha, a
confederação sul-americana,
responsável pela Libertadores,
diz que não poderia emitir uma
opinião ontem porque seus diretores estavam em Caracas
para o sorteio da Copa América, realizado anteontem.
Outros clubes brasileiros
mostraram alguma simpatia
com a atitude do clube carioca.
"O Flamengo tem a faca e o
queijo na mão com as imagens,
como a do goleiro Bruno batendo o tiro de meta e caindo, porque ultrapassa as dificuldades
naturais. O problema é que a
Conmebol não se manifesta,
ela é muito na dela. Para eles, o
regulamento é esse, cumpra-se
e passe bem", afirma Newton
Drummond, diretor-executivo
do Internacional.
"Ainda não debatemos oficialmente esse assunto do Flamengo, com quem temos boas
relações, mas acreditamos que
seja difícil mudar o regulamento. Vamos encaminhar ao nosso departamento jurídico e ver
o que é possível", diz Waldomiro Gayer Neto, vice de marketing do Paraná, que também joga em Potosí na primeira fase.
"Não vou me solidarizar ao
Flamengo no calor da emoção,
um dia depois do jogo, querendo declarar independência.
Mas, se houver um congresso
em Zurique [sede de Fifa] para
debater os efeitos da altitude,
aí sim vamos estar do lado do
Flamengo, porque não é correto e há grupos de estudo da Fifa
analisando isso", declara Marco Aurélio Cunha, superintendente de futebol do São Paulo.
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