São Paulo, sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

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Fla declara guerra à altura e ameaça a Libertadores-07

Clube diz que não joga mais em altitudes elevadas em edição com recorde de times de cidades com esse perfil

Equipe carioca prepara material para enviar à Fifa e à Conmebol e recebe apoio, sem muito entusiasmo, de outros clubes brasileiros


MÁRVIO DOS ANJOS
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Horas depois de ver seus jogadores sofrerem nos 4.000 metros da boliviana Potosí, o Flamengo, em atitude inédita para o futebol brasileiro, declarou guerra total à altitude.
Em nota oficial, o clube promete que "não comparecerá a partidas em altitude superior aos limites recomendados pela medicina esportiva".
Se cumprir a promessa, vai bagunçar a Libertadores-07, na qual estreou empatando com o Real Potosí por 2 a 2.
Segundo a medicina esportiva, os efeitos da altitude são sentidos já a partir dos 1.500 m. Nada menos do que dez clubes que jogam a competição ficam em cidades acima dessa marca -todos ainda podem enfrentar o Flamengo e os outros cinco brasileiros no torneio.
Segundo Kléber Leite, diretor de futebol do time carioca, o clube ainda não estipulou a altura máxima em que o clube jogará. Mas ele diz que a Fifa estuda o limite de 2.600 m, e esse é um bom parâmetro.
Seis clubes da atual edição da competição sul-americana jogam em cidades que ultrapassam a marca dos 2.600 m.
Nunca uma Libertadores teve tantos times sediados em cidades altas como esta edição.
O Flamengo, que chamou seus jogadores de heróis, avisa que a nota divulgada não é blefe. "O Flamengo não vai matar seus jogadores", diz Leite.
O clube diz que vai enviar um relatório técnico e científico junto com um DVD contendo as imagens do jogo de anteontem para CBF, Conmebol e Fifa. Consultada pela Folha, a confederação sul-americana, responsável pela Libertadores, diz que não poderia emitir uma opinião ontem porque seus diretores estavam em Caracas para o sorteio da Copa América, realizado anteontem.
Outros clubes brasileiros mostraram alguma simpatia com a atitude do clube carioca.
"O Flamengo tem a faca e o queijo na mão com as imagens, como a do goleiro Bruno batendo o tiro de meta e caindo, porque ultrapassa as dificuldades naturais. O problema é que a Conmebol não se manifesta, ela é muito na dela. Para eles, o regulamento é esse, cumpra-se e passe bem", afirma Newton Drummond, diretor-executivo do Internacional.
"Ainda não debatemos oficialmente esse assunto do Flamengo, com quem temos boas relações, mas acreditamos que seja difícil mudar o regulamento. Vamos encaminhar ao nosso departamento jurídico e ver o que é possível", diz Waldomiro Gayer Neto, vice de marketing do Paraná, que também joga em Potosí na primeira fase.
"Não vou me solidarizar ao Flamengo no calor da emoção, um dia depois do jogo, querendo declarar independência. Mas, se houver um congresso em Zurique [sede de Fifa] para debater os efeitos da altitude, aí sim vamos estar do lado do Flamengo, porque não é correto e há grupos de estudo da Fifa analisando isso", declara Marco Aurélio Cunha, superintendente de futebol do São Paulo.


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