Confederação banca projeto de treinos e viagens de quarteto candidato a pódio

Thiago Pereira, César Cielo, Kaio Márcio e Nicholas dos Santos optam por competir no exterior com seus rivais; idéia da CBDA recebe críticas

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

A mira e a benevolência dos dirigentes da natação estão voltadas para quatro atletas. Do fim de 2007 até 8 de agosto, os nadadores terão apoio total, escolherão onde e quando querem nadar, serão prioridade.
A resposta, porém, terá de ser dada na Olimpíada de Pequim.
César Cielo, Thiago Pereira, Kaio Márcio e Nicholas dos Santos foram eleitos como a "tropa de elite" da equipe nos Jogos. São as esperanças mais reais de medalhas de uma modalidade que encarou jejum na piscina de Atenas, em 2004.
A iniciativa é inédita na preparação da delegação olímpica. No entanto, causa polêmica entre nadadores que têm chance de ir a Pequim, mas não terão os mesmos privilégios.
Para retribuir o investimento, os quatro escolhidos elegeram a mesma prioridade: viajar ao exterior para "treinar" contra os melhores do mundo.
Apenas Cielo não se enquadra totalmente nessa receita, já que vive, treina e compete nos EUA -é da Universidade de Auburn. Mas tem agendada ida à Europa para diversificar competições e adversários.
"Sair do Brasil, além de te pôr em contato com os melhores do mundo, ajuda na concentração. O aspecto psicológico fará a diferença em Pequim. E, no Brasil, há mais distração, assédio", diz Ricardo Moura, diretor técnico da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos.
"Escolhemos os atletas porque, pelos resultados, têm mais chances de pódio. É claro que toda a equipe terá ajuda e pode enquadrar-se nos projetos, mas eles terão atenção especial."
A CBDA recebe cerca de R$ 2 milhões por ano da Lei Piva. Via incentivo fiscal, pediu a mesma quantia apenas para a preparação de suas cinco modalidades (natação, nado sincronizado, pólo aquático, saltos ornamentais e maratonas aquáticas) até os Jogos de Pequim. Além disso, recebe verba de patrocínio dos Correios.
A entidade diz que não tem como mensurar agora o quanto será gasto com sua elite. Cada ação tem orçamento diferente.
O planejamento dos nadadores começou a ser entregue à confederação no ano passado. Eles serão acompanhados pela entidade até a Olimpíada.
Dono de oito medalhas no Pan do Rio, Thiago pediu dispensa do evento-teste no Cubo D'Água, que receberá as provas em Pequim, para ir aos EUA.
Após pequeno período de treinos na altitude, cruzou com Michael Phelps na piscina e ainda superou Ryan Lochte, seus dois principais rivais na busca por medalha olímpica.
No mesmo GP do Missouri, Kaio também obteve bons resultados e foi superado apenas pelo multicampeão olímpico Phelps nos 200 m borboleta.
Radicado em João Pessoa (Paraíba), o nadador e a técnica Rosane Carneiro optaram por retiro de 60 dias no exterior.
A CBDA está bancando despesas do nadador, que também tem apoio de patrocinadores e do governo de seu Estado.
Cielo e Kaio foram desfalques no Sul-Americano, que acaba hoje no Pinheiros, penúltimo pré-olímpico da natação.
A escolha de priorizar uma "tropa de elite" para Pequim não agrada a alguns nadadores.
"Eu não tenho dúvida de que eles merecem apoio, são nossos grandes atletas, mas a gente não pode dar ajuda só ao nadador que está bem em determinado momento", afirmou Joanna Maranhão, finalista em Atenas-2004. "Falta um trabalho a longo prazo", completou.


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