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Ministério dá R$ 18,5 mi a fundação, sem licitação
Pasta assina terceiro contrato de consultoria com a FIA relacionado à Rio-2016
Decisões do TCU são dúbias sobre validade de dispensa de concorrência por órgãos do governo ao contratar entidade relacionada à USP
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério do Esporte fez a
terceira contratação sem licitação de consultoria da FIA
(Fundação Instituto de Administração) referente à Olimpíada do Rio-2016. O novo acordo,
que custará R$ 3,5 milhões, foi
fechado na semana passada.
O serviço, desta vez, é para
"apoiar a elaboração do modelo
de gestão da APO (Autoridade
Pública Olímpica)".
Agora, no total, a pasta governamental destinou R$ 18,5 milhões só a essa fundação por
consultorias ligadas aos Jogos.
Em todos os casos, foi feita a
dispensa de licitação baseada
no inciso 13 do artigo 24 da lei
8.666, que regula contratações
de governo. Segundo o texto, a
concorrência não é exigida em
caso de contratação de instituição brasileira incumbida "da
pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional".
O problema é que o TCU
(Tribunal de Contas da União)
entende que, para dispensar a
licitação, é necessário que o
serviço adquirido pelo governo
se relacione a um desses três
itens. E decisões do tribunal
questionam se as consultorias
da FIA se enquadram em um
dos quesitos listados na lei.
Em 2000, o TCU considerou
irregular a contratação pelo
INSS de consultoria da própria
fundação. "Se bem parecer aos
dirigentes da FIA (...), a expansão de seus negócios para além
do ensino, da pesquisa e do desenvolvimento institucional,
sua eventual contratação pelo
setor público necessariamente
deverá ser antecedida de regular processo licitatório", decidiu, então, o ministro do tribunal, Guilherme Palmeira.
Em outros casos, os contratos públicos da fundação foram
avaliados como regulares por
decisões do tribunal.
A FIA é uma entidade privada sem fins lucrativos, formada
por professores da Faculdade
de Economia, Administração e
Contabilidade da USP. Mas,
atualmente, funciona em um
prédio fora da universidade.
Presta serviços para diversos
ministérios, prefeituras e até
para a Presidência da República, segundo seu site. Levantamento da Folha constatou que
houve órgãos que recorreram à
licitação para contratá-la e outros que não o fizeram.
Fato é que a FIA tornou-se
uma entidade milionária. Segundo a Adusp (Associação dos
Docentes da USP), foram gerados R$ 413 milhões com cursos
e consultorias da FIA, entre os
anos de 1998 e 2004.
No caso do Ministério do Esporte, a fundação foi contratada inicialmente para dar apoio
à candidatura do Rio à Olimpíada-2016. Por esse serviço,
iniciado em setembro de 2008,
foram pagos R$ 13 milhões.
Em 22 de setembro de 2009,
a FIA foi contratada, novamente, com um acordo de R$ 2,058
milhões. Por esse valor, faria "a
concepção e a modelagem" da
agência antidoping e da APO e
apoiaria a prestação de contas
de convênios do ministério.
Também ajudaria na candidatura da capital fluminense,
que, só dez dias depois, seria
indicada como sede dos Jogos.
No início de março, esse
acordo, que acabaria, foi prorrogado até o final de maio. Ou
seja, ocorre de forma simultânea com o terceiro, assinado
também no início deste mês.
As duas contratações têm
serviços que soam similares.
Pela terceira contratação, a
FIA apoiaria "a elaboração do
modelo de gestão da APO".
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