São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2011

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TOSTÃO

Entender sem saber


As atuações de Ronaldinho têm sido muito boas ou muito fracas. Depende das referências


A FALTA DE esforço do Fluminense para melhorar sua estrutura profissional é um bom motivo para Muricy Ramalho sair, mas não foi correto ele fazer isso no momento em que o time corre grandes riscos de ser eliminado da Libertadores.
Muricy não suporta perder. Se o time estivesse bem na competição, não sairia agora. Outros técnicos, com a mesma conduta, seriam muito mais cri- ticados.
Passo para o Flamengo. Se as atuações de Ronaldinho forem comparadas com as de outros jogadores que atuam no Brasil, seriam muito boas. Se a comparação for com seus melhores momentos, seriam muito fracas.
Esperava-se que se Ronaldinho repetisse as atuações do Milan, mesmo muito inferiores às da época de seu esplendor técnico, daria show no Brasil, já que os adversários são mais fracos, ainda mais no Estadual. Não é o que tem ocorrido, apesar de ele se movimentar mais e mostrar uma condição física melhor do que tinha na Itália.
Uma das razões é que no Brasil o futebol é cada dia mais corrido, truncado, faltoso e violento. Ronaldinho reage com outra ação violenta. Na Europa, onde a marcação nunca é individual e há menos trombada, jogadores excepcionais, como Ganso e Neymar, teriam chances de brilhar ainda mais.
Ronaldinho, mais à frente, de costas para o gol, sem voltar para receber a bola, jogando de pivô, deslocando-se mais para os lados, aparece menos. Foi assim que atuei na Copa-1970. No Cruzeiro, eu era um meia.
Para essa formação ser boa para o time, é necessário que os jogadores mais próximos, que chegam de trás, tenham características de atacantes. Bottinelli é um armador. Thiago Neves finaliza muito bem, mas não tem outras qualidades de atacante. Quando entra Negueba ou Diego Maurício, mais agressivos e rápidos, o ataque melhora.
Quando disse que uma ótima equipe não precisa ter, obrigatoriamente, um típico centroavante, não falo que seja sempre melhor não ter um centroavante. Um ótimo time precisa ter excelentes atacantes, com ou sem um típico centroavante. Como escreveu PVC, há artilheiros que não são centroavantes e centroavantes que não são artilheiros.
Com apenas 30 anos, com o corpo de atleta bem preparado e se esforçando para brilhar, por que Ronaldinho não chega próximo de seus melhores momentos? Não sei.
Só sei que o esplendor técnico e físico de um craque é, na média, cada dia mais curto. No futebol e na vida, há coisas que compreendemos, mas que não sabemos.


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