São Paulo, Terça-feira, 16 de Março de 1999
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Do sonho de Pelé ao pesadelo da CBF

JUCA KFOURI
da Equipe de Articulistas

A liga de Pelé é um sonho, um belo sonho, mas só um sonho, nada mais do que um sonho.

Apenas com Cris (que abusa de fazer pênaltis desnecessários) para jogar ao lado de Gamarra e sem um centroavante de verdade (Fernando deve ser convocado para o Mundial sub-20), a Libertadores continuará a ser também só um sonho para os corintianos.
E só com um belo elenco, mas sem unidade, os palmeirenses correm o mesmo risco.
O bi do Vasco é ainda a melhor aposta.

O gol de empate do Santos contra a Matonense foi feito em impedimento, mas corretamente dado como regular pelo auxiliar, que, enfim, obedeceu à determinação da Fifa, que recomenda deixar o lance seguir quando houver dúvida.
Em dúvida, pró-ataque, diz a Fifa sabiamente -e o lance foi daqueles impossíveis de ser detectados pelo olho humano.

Ao reaparecer diante do Parma, na quarta-feira passada, Ronaldinho teve quatro ou cinco lampejos daqueles que dão a certeza de que ele voltará a ser o fenômeno que foi.
Contra o Milan no sábado, no entanto, parecia um pugilista sonolento ou um craque veterano cujo corpo não atende ao que o cérebro determina.
É incompreensível que ele não esteja sendo submetido a um tratamento psiquiátrico.

E por falar em pugilistas: há quem defenda dois árbitros no futebol e pode ser que dê certo.
Mas três jurados é muito para o boxe. A menos que já estejam devidamente combinados para promover mais uma ""sensacional luta do século".

Além da representação feita pelo deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP) à Procuradoria da República no Distrito Federal, aceita pelo procurador-chefe Luiz Augusto Santos Lima e por ele distribuída para o Rio de Janeiro, onde se encontra nas mãos da procuradora Gisele Santoro, mais quatro parlamentares fizeram o mesmo em relação ao contrato CBF-Nike.
Todos são do PT -Jaques Wagner (BA), Arlindo Chinaglia (SP), Dr. Rosinha (PR) e Paulo Rocha (PA)-, e o fundamento de sua representação vai além da feita por Rebelo.
As representações coincidem na defesa do futebol como patrimônio cultural brasileiro, algo que encontra respaldo na Lei Pelé, mas a dos petistas acrescenta ""um outro prejuízo menos visível e muito mais grave", em razão do que ""a Nike representa no mercado de trabalho".
Citando princípios consagrados pela Constituição brasileira, a representação menciona ser ""fato conhecido mundialmente que a Nike explora mão-de-obra na Ásia e em outras regiões, com práticas desrespeitosas à integridade física e moral de trabalhadores e trabalhadoras", além da exploração do trabalho infantil.

Sem dinheiro até para promover os imprescindíveis exames antidopagem na Copa do Brasil, a CBF, de fato, vive um tempo de pesadelos.
Começa a circular entre parlamentares, cartolas e jornalistas um dossiê sobre bastidores da entidade que inclui até fotos indiscretas feitas dentro da Granja Comary.


Juca Kfouri escreve aos domingos, às terças e às sextas-feiras


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