São Paulo, segunda-feira, 16 de abril de 2001

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AUTOMOBILISMO

Ralf vence pela primeira vez, redime Williams, BMW e Michelin e quebra hegemonia McLaren-Ferrari

Schumacher, o outro, faz história na F-1

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A IMOLA

A chuva não veio, houve poucas ultrapassagens, o duelo estratégico gorou. Mas o monótono GP de San Marino, ontem, em Imola, com a primeira vitória do alemão Ralf Schumacher, entrou para a história da F-1 por vários motivos.
1) Foi o primeiro triunfo da Williams desde setembro de 1997, quando Jacques Villeneuve ganhou o GP de Luxemburgo. O resultado coloca o time na disputa pelo título, quebrando o duo Ferrari-McLaren, que dominou as três últimas temporadas da F-1.
2) Pela primeira vez, o irmão de um piloto vencedor vence uma prova na F-1. Ralf, 25, é sete anos mais novo que o tricampeão Michael, que acumula 46 vitórias.
3) Foi a primeira vitória dos pneus Michelin no seu retorno à F-1. Sua última conquista havia acontecido no GP de Portugal de 1984, com Alain Prost. Nos últimos dois anos, a categoria foi monopolizada pela Bridgestone.
4) Foi, ainda, o primeiro triunfo da BMW desde o GP do México de 1986, vencido por Gerhard Berger -hoje diretor da montadora-, a bordo de um Benetton.
5) O GP de San Marino encerrou uma era na F-1. A partir da próxima etapa, o GP da Espanha, a eletrônica estará de volta à categoria: os pilotos não precisarão mais trocar marchas e os carros não vão mais patinar na largada.
E foi justamente um caso como esse -um piloto com as rodas girando em falso- que deu a liderança no GP de ontem a Ralf.
Terceiro colocado no grid, ele passou à liderança antes mesmo da primeira curva, se aproveitando do erro do pole position, David Coulthard, da McLaren.
A partir de então, em uma pista estreita e sinuosa, Ralf foi absoluto. Liderou todas as voltas da corrida e se tornou o 90º piloto da história a vencer um GP. Ele estreou na F-1 em 1997, pela Jordan, e correu ontem seu 70º GP.
Rubens Barrichello, o 89º vencedor da categoria, disputou 123 corridas até ganhar a primeira, no ano passado, na Alemanha.
Ontem, o brasileiro ficou em terceiro. Coulthard foi o segundo -e empatou com Michael Schumacher na liderança do Mundial.
"Estive esperando por este momento por cinco anos. É uma experiência fantástica", disse Ralf.
"Este é um grande dia para todos. Para a equipe, para a BMW e, é claro, para a Michelin. Todos trabalharam duro e mereciam esse sucesso", disse o inglês Frank Williams, proprietário da equipe.
Desde o começo do ano, a Williams já mostrava que poderia incomodar o "status quo".
O terceiro lugar de Ralf no grid da Malásia foi tomado como um susto. A liderança de Juan Pablo Montoya, no Brasil, ainda foi vista com certa desconfiança. Ontem, porém, o alemão pôs seu time como candidato ao Mundial. "É um dia de sonho", resumiu Berger.
Desde 1998, o título do Mundial é disputado por Ferrari e McLaren. Naquele ano, os dois times venceram 15 das 16 provas. No Mundial seguinte, levaram 13.
Em 2000, a situação para o resto do grid beirou o insuportável: as duas equipes venceram todas as 17 etapas e dominaram os pódios de uma maneira nunca vista nos 50 anos de história da categoria.
Preocupadas com a ascensão da Williams neste ano, Ferrari e McLaren planejam muito trabalho para os próximos dias.
Nem a vitória do irmão, por exemplo, foi capaz de alterar a expressão de receio de Michael Schumacher após a corrida.
"Estou muito feliz pelo Ralf. Nossos pais devem estar muito orgulhosos", disse. "Mas, honestamente, estou preocupado. A vantagem que tínhamos no começo do ano não existe mais."
Hoje, Coulthard e Schumacher dividem a liderança do campeonato, com 26 pontos. Ralf aparece em quarto, com 12, atrás também de Barrichello, com 14.


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