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FUTEBOL
Dirigentes do Quilmes condenam falta de assistência do São Paulo e protestam contra maus tratos à delegação
Argentinos falam em buscar indenização
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
Indignados com a prisão de
Leandro Desábato, cartolas do
Quilmes afirmaram que, no retorno à Argentina, estudarão ações
que possam ressarcir o clube por
tudo o que passou no Brasil.
"Quando chegarmos na Argentina vamos ver o que podemos fazer para buscarmos indenização
por danos morais e financeiros
pelo tempo extra que ficamos no
Brasil", declarou Júlio García, um
dos vice-presidentes da equipe.
"Tivemos um enorme prejuízo
econômico. Vamos pedir ressarcimento pelo que gastamos com
advogados, multa [fiança de R$
10 mil]...", completou o dirigente,
no desabafo feito às portas do 13ª
Distrito Policial, enquanto aguardava a liberação de Desábato.
Outros fatos que deixaram a cúpula do Quilmes indignada foram
a falta de assistência do São Paulo
e o tratamento recebido durante a
estada do time no Brasil.
"Estamos muito decepcionados. Nós estamos num país que
não é o nosso, somos um time pequeno e tivemos todos os tipos de
problemas. Os dirigentes do São
Paulo não nos deram nem um telefonema sequer", reclamou o vice-presidente García.
O time paulista se defende, dizendo que até antes do incidente
com Grafite tudo aconteceu como
deveria. "Fizemos a nossa parte.
Tanto é que oferecemos ingressos
aos dirigentes, que foram recebidos na porta do Morumbi e almoçaram com a diretoria", disse
Marco Aurélio Cunha, superintendente do São Paulo.
A explicação dos dirigentes
paulistas para o suposto "abandono" é que como Grafite é o acusador, não faria sentido que o São
Paulo ajudasse o réu. "Para quem
fez o que fez, tem que doer. Atenção tem quem merece. Se ele [Desábato] estivesse internado, com
certeza o São Paulo estaria com
ele", declarou o dirigente.
A bronca dos argentinos é
maior ainda porque, após a prisão de Desábato, Marcelo Portugal Gouvêa, presidente são-paulino, recebeu uma ligação de Daniel Razzeto, presidente do Quilmes, quando ainda estava no Morumbi, pedindo que ele intercedesse pelo atleta argentino. O pedido, no entanto, foi negado.
Gouvêa alegou que não iria ajudar Desábato porque se tratava
de uma reincidência dos jogadores do Quilmes, que já haviam
ofendido a delegação do São Paulo no jogo realizado na Argentina.
O modo como a equipe foi tratada no hotel e por jornalistas
após o episódio também foi alvo
de críticas. "Não nos deixaram
sair e, quando conseguimos, fomos insultados", disse Gustavo
Alfaro, técnico do Quilmes.
Os cartolas também lamentaram o tratamento dado a Desábato nas duas noites que passou
preso. No hotel em que estava o
Quilmes, um dirigente que pediu
para não ser identificado, falou
que não deixaram que comprassem comida para o jogador e que
o consumo de água era restrito.
A diretoria disse também que
fora enganada pelas autoridades
brasileiras. "No [estádio do] Morumbi, um delegado nos deu a palavra de que aquilo demoraria
apenas meia hora e nada mais. E
veja onde estamos", declarou um
outro membro do estafe argentino enquanto esperava o fim da
audiência do jogador com o juiz
Marcos Alexandre Zili, no fórum
criminal de São Paulo.
Apesar da revolta, os dirigentes
afirmam que não irão processar
Grafite. "Não pretendemos fazer
isso. Se cada empurrão no futebol
for parar na Justiça, não vai mais
haver o esporte", disse García.
No entanto uma ação institucional na Conmebol (Confederação
Sul-Americana de Futebol) ou na
Fifa, a entidade máxima do esporte, não está descartada.
Os dirigentes asseguram também que Grafite não será alvo de
vingança na Argentina. "Não vamos repudiar nenhum brasileiro", declarou García.
Por causa da confusão no Brasil,
o próximo jogo do Quilmes, marcado para amanhã, contra o River
Plate, pelo Argentino, pode ser
adiado. O time já entrou em contato com a federação para remarcar a partida, mas ainda não há
uma decisão.
Colaborou Mariana Lajolo, da Reportagem local
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