São Paulo, sábado, 16 de abril de 2005

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FUTEBOL

Dirigentes do Quilmes condenam falta de assistência do São Paulo e protestam contra maus tratos à delegação

Argentinos falam em buscar indenização

PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Indignados com a prisão de Leandro Desábato, cartolas do Quilmes afirmaram que, no retorno à Argentina, estudarão ações que possam ressarcir o clube por tudo o que passou no Brasil.
"Quando chegarmos na Argentina vamos ver o que podemos fazer para buscarmos indenização por danos morais e financeiros pelo tempo extra que ficamos no Brasil", declarou Júlio García, um dos vice-presidentes da equipe. "Tivemos um enorme prejuízo econômico. Vamos pedir ressarcimento pelo que gastamos com advogados, multa [fiança de R$ 10 mil]...", completou o dirigente, no desabafo feito às portas do 13ª Distrito Policial, enquanto aguardava a liberação de Desábato.
Outros fatos que deixaram a cúpula do Quilmes indignada foram a falta de assistência do São Paulo e o tratamento recebido durante a estada do time no Brasil.
"Estamos muito decepcionados. Nós estamos num país que não é o nosso, somos um time pequeno e tivemos todos os tipos de problemas. Os dirigentes do São Paulo não nos deram nem um telefonema sequer", reclamou o vice-presidente García.
O time paulista se defende, dizendo que até antes do incidente com Grafite tudo aconteceu como deveria. "Fizemos a nossa parte. Tanto é que oferecemos ingressos aos dirigentes, que foram recebidos na porta do Morumbi e almoçaram com a diretoria", disse Marco Aurélio Cunha, superintendente do São Paulo.
A explicação dos dirigentes paulistas para o suposto "abandono" é que como Grafite é o acusador, não faria sentido que o São Paulo ajudasse o réu. "Para quem fez o que fez, tem que doer. Atenção tem quem merece. Se ele [Desábato] estivesse internado, com certeza o São Paulo estaria com ele", declarou o dirigente.
A bronca dos argentinos é maior ainda porque, após a prisão de Desábato, Marcelo Portugal Gouvêa, presidente são-paulino, recebeu uma ligação de Daniel Razzeto, presidente do Quilmes, quando ainda estava no Morumbi, pedindo que ele intercedesse pelo atleta argentino. O pedido, no entanto, foi negado.
Gouvêa alegou que não iria ajudar Desábato porque se tratava de uma reincidência dos jogadores do Quilmes, que já haviam ofendido a delegação do São Paulo no jogo realizado na Argentina.
O modo como a equipe foi tratada no hotel e por jornalistas após o episódio também foi alvo de críticas. "Não nos deixaram sair e, quando conseguimos, fomos insultados", disse Gustavo Alfaro, técnico do Quilmes.
Os cartolas também lamentaram o tratamento dado a Desábato nas duas noites que passou preso. No hotel em que estava o Quilmes, um dirigente que pediu para não ser identificado, falou que não deixaram que comprassem comida para o jogador e que o consumo de água era restrito.
A diretoria disse também que fora enganada pelas autoridades brasileiras. "No [estádio do] Morumbi, um delegado nos deu a palavra de que aquilo demoraria apenas meia hora e nada mais. E veja onde estamos", declarou um outro membro do estafe argentino enquanto esperava o fim da audiência do jogador com o juiz Marcos Alexandre Zili, no fórum criminal de São Paulo.
Apesar da revolta, os dirigentes afirmam que não irão processar Grafite. "Não pretendemos fazer isso. Se cada empurrão no futebol for parar na Justiça, não vai mais haver o esporte", disse García.
No entanto uma ação institucional na Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) ou na Fifa, a entidade máxima do esporte, não está descartada.
Os dirigentes asseguram também que Grafite não será alvo de vingança na Argentina. "Não vamos repudiar nenhum brasileiro", declarou García.
Por causa da confusão no Brasil, o próximo jogo do Quilmes, marcado para amanhã, contra o River Plate, pelo Argentino, pode ser adiado. O time já entrou em contato com a federação para remarcar a partida, mas ainda não há uma decisão.


Colaborou Mariana Lajolo, da Reportagem local

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