São Paulo, domingo, 16 de maio de 2004

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FUTEBOL

A loteria da Libertadores

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

A barreira das 600 cobranças de pênaltis na história do mata-mata da Libertadores já ficou bem para trás após esta legal temporada. Incrível, mas cinco dos oito confrontos das oitavas-de-final do nobre interclubes sul-americano foram definidos por meio de penalidades máximas.
Nenhuma outra disputa no planeta convida tanto para a emocionante e cruel forma de desempatar uma partida. Na Copa dos Campeões, há prorrogação, leva-se em conta bastante o gol marcado fora de casa (como aqui na Copa do Brasil) e a proposta é mesmo evitar ao máximo o drama derradeiro ""na marca da cal".
A Libertadores já teve nove finais decididas em disputas de pênaltis. Nos últimos cinco anos, foram quatro campeões determinados dessa forma, ainda aprovada pela Fifa -a decisão do ano passado entre Boca Juniors e Santos pinta como exceção neste século.
As cinco séries de pênaltis da última semana já superaram o número de decisões desse tipo em 2003 e ameaçam o recorde histórico da Libertadores. Em 1994, 1997 e 2000, tivemos na tradicional disputa sul-americana seis disputas de penalidades. O grande equilíbrio verificado neste ano, quando podemos ter os clássicos Santos x São Paulo e Boca Juniors x River Plate nas semifinais, quase garante a quebra dessa marca.
Se as contas não estão erradas, cerca de 32% dos pênaltis batidos nessas decisões da Libertadores foram desperdiçados. São aproximadamente 200 ""vilões" que falharam na hora H desde 1977, quando Cruzeiro e Boca Juniors fizeram a primeira disputa do tipo na história da competição.
Desde 1988, com o advento da série de mata-matas no torneio, surgiram decisões tão trágicas quanto cômicas. Em 1989 e em 1990, por exemplo, o paraguaio Olimpia e o colombiano Nacional se cruzaram em acirradas disputas. Nas duas oportunidades, foram nove penalidades equivocadas. Uma vitória para cada lado.
O Newell's Old Boys e o América de Cali chegaram a fazer uma disputa com 26 pênaltis na semifinal de 1992. Tudo para o time argentino avançar e perder, nos pênaltis, para o São Paulo, que cairia dois anos depois da mesma forma diante do Vélez Sarsfield.
O Cruzeiro conseguiu contra o América de Cali na quinta-feira perder seus três primeiros pênaltis. Não precisou mais nada, pois apanhou de 3 a 0 na ""decisão".
A cobrança do goleiro Gaona, do Rosario, contra o São Paulo foi a grande cena dos últimos dias.
Não há dúvida de que é uma ótima pedida para os árbitros levar a decisão para as penalidades, uma vez que nesse tipo de decisão os profissionais do apito ""lavam as mãos". Talvez isso explique mais porque a Libertadores reserva sempre tantas emoções.
Mesmo jogos que não parecem bons têm grande chance de apresentar o chamado "gran finale".
Há quem diga que a Libertadores é torneio para macho, o que é sempre repetido quando acontecem confusões como a que vimos no estádio Azteca no movimentado duelo entre América e São Caetano, mas seria mais correto afirmar que é uma competição para especialistas em pênaltis.

A loteria da Copa dos Campeões
A maior loteria do torneio é fazer tradicionalmente a decisão em um jogo só. A última foi nos pênaltis, mas foram ""só" sete assim.

A loteria do Campeonato Italiano
A Rede TV! vai fazer um teste hoje ao transmitir Milan x Brescia. Se a audiência for legal, pode ser que tenhamos de novo o Italiano na TV aberta durante toda a próxima temporada. Boa sorte no Ibope!

A loteria dos técnicos
Alex Ferguson, do Manchester United, lidera a lista dos mais bem pagos ( 8,4 milhões por ano). Na seqüência, aparecem Sven Goran Eriksson, da Inglaterra ( 5,4 milhões), Fabio Capello, da Roma ( 4 milhões), e Arsene Wenger, do Arsenal ( 3,4 milhões).

E-mail: rbueno@folhasp.com.br


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