São Paulo, domingo, 16 de maio de 2004

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PINGUE-PONGUE

Havelange vê seu plano concluído com a expansão

DA REPORTAGEM LOCAL

O brasileiro João Havelange, 88, foi o único não-europeu que presidiu a Fifa. E fez isso por mais de duas décadas. Presidente de honra da entidade, respondeu à Folha sobre o centenário. (RBU)

Folha - O que era a Fifa quando o senhor a assumiu e como ela cresceu tanto?
João Havelange -
Quando cheguei à Fifa, ela tinha como ponto de realização a Copa. Desenvolvemos competições, cursos de arbitragem, administração, medicina e marketing. Houve o compromisso de fazer nova sede. A Fifa teve tranqüilidade para se desenvolver. Seu auge foi em 1998. Atingimos a receita de US$ 500 milhões.

Folha - Qual é a importância da Fifa hoje e como é sua relação com a ONU e o COI?
Havelange -
A importância é transcendental. A Fifa reúne 204 nações, unidas e voltadas para a paz e o bem-estar da juventude. As relações com ONU e COI são exemplo pelo valor do futebol como elemento pacificador.

Folha - Quais foram os principais momentos da Fifa?
Havelange -
A fundação e a realização da Copa 26 anos depois. Após esses momentos, vale citar que a Fifa, no último quarto de século, virou potência financeira que é modelo para outras entidades e grandes empresas.

Folha - Por que a Fifa teve tão poucos presidentes?
Havelange -
Se isso ocorreu, foi pela qualidade dos eleitos, que souberam manusear os interesses da entidade com dedicação, respeito à democracia, administrando de forma precisa.

Folha - Do que mais se orgulha de ter feito na Fifa? Há algo que se arrepende de ter feito ou de não ter feito?
Havelange -
Além de contribuir para o desenvolvimento do futebol, criando diversas categorias, o futebol feminino e o de salão, trouxemos à Fifa, após 25 anos de ausência, a China. E a federação de Israel, baseada em razão dos conflitos na Uefa, o que lhe permite participar dos eventos da Fifa. Lamento não ter realizado jogo em Nova York, local da sede da ONU, entre as seleções de Palestina e Israel.

Folha - Como viu as quebras de ISL e Kirch e a crise financeira na gestão de Blatter?
Havelange -
A Fifa de hoje continua sua marcha de progresso em todos os setores. O presidente Blatter, com sua capacidade de administração, superou de forma magistral essas falências.

Folha - O que achou da Copa de 2002 em dois países? O que espera da Copa na África e da Copa de 2014 no Brasil?
Havelange -
Quando cheguei à Fifa, queria ver a Copa em todos os continentes. Em 2002, foi a Ásia. Em 2010, será a África, outro sucesso. A Copa de duas sedes foi fruto de proposta minha. Quem viu o Mundial presenciou um grande evento. A Copa no Brasil será um sucesso do nosso futebol, demonstrando o valor de sua organização e mostrando instalações que beneficiarão no futuro.

Folha - Como sua relação com a Fifa se desenvolveu?
Havelange -
Na antiga qualidade de presidente da CBD, tive muitos contatos com membros das confederações e com os dirigentes da Fifa. Quando em 1971 fui indicado pela Conmebol, por unanimidade, como candidato à presidência, meu primeiro ato foi me dirigir a sir Stanley Rous e mostrar minha intenção de ser presidente.



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