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São Paulo, segunda-feira, 16 de junho de 2003

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FUTEBOL

O dia das viradas

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

No clássico quente do Morumbi, o São Paulo mereceu vencer porque teve mais equilíbrio e disposição. O Corinthians perdeu porque teve pé frio e cabeça quente.
Bem distribuído em campo, com Gustavo Nery e Kaká alternando-se na ligação com o ataque, o tricolor soube usar muito bem as laterais, coisa que há muito não fazia. Mesmo com um Reinaldo quase inoperante, o time criou muito mais chances de gol que o Corinthians.
O alvinegro até que começou bem. Ao fazer o primeiro gol, parecia ter o jogo nas mãos. Mas afrouxou a marcação, deixou de conter as subidas dos laterais tricolores e, quando viu, tinha tomado a virada.
Com a estúpida expulsão de Anderson, a equipe degringolou de vez. Poderia ter tomado uma goleada, mas também poderia ter empatado, pois continuou lutando, e o jogo ficou aberta até o fim.
Tudo somado, foi um bom clássico, cujo momento mais dramático e significativo foi a comemoração do gol de Jean. O zagueiro, que costuma ser hostilizado pela torcida, foi beijar o escudo são-paulino, abraçou os companheiros e ignorou ostensivamente o público. Parecia estar dizendo: nos momentos difíceis vocês me viraram as costas; na hora da festa, viro as costas pra vocês. O irônico da situação é que a torcida passou a aplaudir o jogador e gritar seu nome, como se nunca antes tivesse pedido sua cabeça.
No lado corintiano, não houve entrosamento entre o meio-campo e o improvisado trio de atacantes (que nunca jogara junto).
No primeiro tempo, Leandro Amaral ficou isolado na ponta direita, enquanto Liedson e Lucas batiam cabeça entre a intermediária e a meia-lua adversária. No segundo, veio todo mundo -Liedson, Lucas, Fabrício- para a direita, embolando e facilitando a marcação tricolor.
Além disso, o Corinthians não utilizou bem os laterais. Envolvido por Gustavo Nery e Fabiano, Rogério não apoiou muito. Roger, que começou bem o jogo, foi sendo progressivamente esquecido, e o lado esquerdo do ataque alvinegro virou um deserto.
As boas notícias, para os são-paulinos, são várias: Kaká parece estar voltando à forma, o veloz e atrevido Rico pode ser um bom substituto para Reinaldo, e Gustavo Nery (que já foi lateral e zagueiro) pode ser bem aproveitado no meio-de-campo. Tem fôlego, disposição e técnica para isso.
Para os corintianos, não resta muita coisa além de torcer para os titulares voltarem logo. Isso para queimar minha língua, pois escrevi aqui que o Corinthians tendia a sofrer menos com os desfalques que equipes como o São Paulo, o Cruzeiro e o Atlético-PR.
Romário fez o seu golzinho de pênalti na reestréia no Fluminense, mas o Goiás venceu e poderia ter saído do Maracanã com uma goleada. Uma equipe entrosada, que conta com um trio ofensivo infernal (Dimba, Araújo e Gil Baiano) e, no entanto, é a lanterna do torneio. Como pode?

Mais um teste
A derrota de ontem para o São Caetano em plena Vila Belmiro pode ser uma ducha de água fria para os santistas às vésperas do jogo decisivo contra o Independiente Medellín, pela semifinal da Taça Libertadores. Será mais um teste para a maturidade dos meninos de Leão, que até agora têm se saído bem nos momentos decisivos.

Clássicos diversos
A virada do Flamengo sobre o Vasco foi tanto mais notável por ter sido conquistada sem os astros da equipe. Já no Mineirão, no clássico dos pênaltis perdidos, o Cruzeiro mostrou que sem Alex, Maurinho e Aristizábal é uma equipe um tanto lenta e com poucas tabelas. No Gre-Nal, o broxante 0 a 0 deveu-se muito a Danrlei, que pegou até pensamento.

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