|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
O dia das viradas
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
No clássico quente do Morumbi, o São Paulo mereceu
vencer porque teve mais equilíbrio e disposição. O Corinthians
perdeu porque teve pé frio e cabeça quente.
Bem distribuído em campo,
com Gustavo Nery e Kaká alternando-se na ligação com o ataque, o tricolor soube usar muito
bem as laterais, coisa que há muito não fazia. Mesmo com um Reinaldo quase inoperante, o time
criou muito mais chances de gol
que o Corinthians.
O alvinegro até que começou
bem. Ao fazer o primeiro gol, parecia ter o jogo nas mãos. Mas
afrouxou a marcação, deixou de
conter as subidas dos laterais tricolores e, quando viu, tinha tomado a virada.
Com a estúpida expulsão de
Anderson, a equipe degringolou
de vez. Poderia ter tomado uma
goleada, mas também poderia ter
empatado, pois continuou lutando, e o jogo ficou aberta até o fim.
Tudo somado, foi um bom clássico, cujo momento mais dramático e significativo foi a comemoração do gol de Jean. O zagueiro,
que costuma ser hostilizado pela
torcida, foi beijar o escudo são-paulino, abraçou os companheiros e ignorou ostensivamente o
público. Parecia estar dizendo:
nos momentos difíceis vocês me
viraram as costas; na hora da festa, viro as costas pra vocês. O irônico da situação é que a torcida
passou a aplaudir o jogador e gritar seu nome, como se nunca antes tivesse pedido sua cabeça.
No lado corintiano, não houve
entrosamento entre o meio-campo e o improvisado trio de atacantes (que nunca jogara junto).
No primeiro tempo, Leandro
Amaral ficou isolado na ponta direita, enquanto Liedson e Lucas
batiam cabeça entre a intermediária e a meia-lua adversária.
No segundo, veio todo mundo
-Liedson, Lucas, Fabrício- para a direita, embolando e facilitando a marcação tricolor.
Além disso, o Corinthians não
utilizou bem os laterais. Envolvido por Gustavo Nery e Fabiano,
Rogério não apoiou muito. Roger,
que começou bem o jogo, foi sendo progressivamente esquecido, e
o lado esquerdo do ataque alvinegro virou um deserto.
As boas notícias, para os são-paulinos, são várias: Kaká parece
estar voltando à forma, o veloz e
atrevido Rico pode ser um bom
substituto para Reinaldo, e Gustavo Nery (que já foi lateral e zagueiro) pode ser bem aproveitado
no meio-de-campo. Tem fôlego,
disposição e técnica para isso.
Para os corintianos, não resta
muita coisa além de torcer para
os titulares voltarem logo. Isso para queimar minha língua, pois escrevi aqui que o Corinthians tendia a sofrer menos com os desfalques que equipes como o São Paulo, o Cruzeiro e o Atlético-PR.
Romário fez o seu golzinho de
pênalti na reestréia no Fluminense, mas o Goiás venceu e poderia
ter saído do Maracanã com uma
goleada. Uma equipe entrosada,
que conta com um trio ofensivo
infernal (Dimba, Araújo e Gil
Baiano) e, no entanto, é a lanterna do torneio. Como pode?
Mais um teste
A derrota de ontem para o São
Caetano em plena Vila Belmiro
pode ser uma ducha de água
fria para os santistas às vésperas
do jogo decisivo contra o Independiente Medellín, pela semifinal da Taça Libertadores. Será
mais um teste para a maturidade dos meninos de Leão, que
até agora têm se saído bem nos
momentos decisivos.
Clássicos diversos
A virada do Flamengo sobre o
Vasco foi tanto mais notável
por ter sido conquistada sem os
astros da equipe. Já no Mineirão, no clássico dos pênaltis
perdidos, o Cruzeiro mostrou
que sem Alex, Maurinho e Aristizábal é uma equipe um tanto
lenta e com poucas tabelas. No
Gre-Nal, o broxante 0 a 0 deveu-se muito a Danrlei, que pegou até pensamento.
E-mail
jgcouto@uol.com.br
Texto Anterior: IRL: Líder, Kanaan fica atrás de Dixon em GP Próximo Texto: Basquete: Com novatos, Ribeirão ganha título inédito Índice
|