São Paulo, segunda-feira, 16 de junho de 2008

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Cabañas desequilibra, e Dunga já escuta "burro"

Paraguaio rechonchudo marca, acerta trave e inferniza outra equipe brasileira

Paraguai 2
Brasil 0

DO ENVIADO A ASSUNÇÃO

Sorte para o torcedor do Brasil que nesta temporada nenhum clube ou seleção nacional terá que enfrentar o atacante paraguaio Salvador Cabañas.
A exemplo do que havia feito contra Flamengo e Santos pela Taça Libertadores deste ano, o rechonchudo goleador foi ontem, em Assunção, o carrasco da equipe brasileira.
Ele infernizou, ao lado de Roque Santa Cruz, seu companheiro de ataque, a badalada dupla de zaga formada por Juan e Lúcio. Marcou um gol e acertou a trave duas vezes. Segundo o Datafolha, foi o recordista de finalizações da partida, com cinco, metade de todas as tentativas do time da casa.
Muitas vezes também ajudou na marcação. Tanto que terminou com sete desarmes, um recorde entre todos os atacantes que entraram em campo.
"Ele foi muito bem. Incomodou a gente todo o tempo", reconheceu o leve Robinho.
Sinal dos tempos, o jogo tinha o Paraguai apostando na ousadia, com seus três atacantes, e o Brasil abusando da marcação, escalando três volantes.
Com essas formações, o jogo demorou para engrenar. Os brasileiros reclamavam muito das marcações do juiz uruguaio Jorge Larrionda -de camisa roxa, o técnico Dunga era bem mais contido nas queixas.
Para tirar a partida do marasmo, só mesmo Cabañas. Aos 23min, ele se livrou da marcação e chutou cruzado para acertar a trave, e a bola voltou para as mãos do goleiro Júlio César.
O lance acendeu o time da casa, que abriu o placar três minutos depois. Em cobrança de escanteio, a bola passou pela defesa brasileira e encontrou Roque Santa Cruz livre, que teve pouco trabalho para marcar.
Para recomeçar o jogo mais rápido, Juan, normalmente calmo, tirou, com força exagerada, a bola de um gandula.
Muita pressa para pouca ação. Sem criação, o Brasil só tinha chances nas bolas paradas, mas também aí fracassava -Lúcio e Diego desperdiçaram faltas bem próximas da área.
Dunga foi para o intervalo ouvindo palavrões de boa parte dos 2.000 torcedores brasileiros no Defensores del Chaco.
Para o segundo tempo, o Brasil voltou mais ofensivo, com Anderson, meia de origem, mas hoje jogando como volante no Manchester United, no lugar de Josué, volante a vida toda.
E o ex-gremista foi uma das raras coisas boas da seleção na partida, principalmente em chutes de longa distância.
Mas boa notícia o Brasil teve quando o lateral Verón foi expulso logo aos 3min.
Só que Cabañas estava ainda em campo. E ele mais uma vez fez os brasileiros lamentarem. Aos 4min, Santa Cruz arrancou livre pela esquerda e chutou forte, cruzado. Júlio César fez defesa parcial, mas o rebote caiu ao alcance do "gordinho" de 1,73 m e 78 kg, que fez assim seu primeiro gol contra uma seleção brasileira principal.
E por pouco o segundo não saiu aos 11min. Com extrema categoria, Cabañas chutou para mais uma vez acertar a trave.
A torcida pediu Adriano, e Dunga atendeu aos 14min, mandando o atacante, ainda são-paulino, a campo no lugar do volante Mineiro.
Aos 29min, exausto e depois de infernizar a defesa brasileira, Cabañas, que durante toda a semana que antecedeu o jogo ficou em greve de silêncio, acabou substituído, deixando o gramado ovacionado -até os torcedores brasileiros o aplaudiram com entusiasmo.
""O mais importante é que somamos três pontos com dez homens contra um grande rival, o Brasil", falou Cabañas, que dedicou a vitória à família, que vive no México. ""Também dedico a eles o esforço."
Bem longe da beira do campo, Dunga via sua seleção, com um jogador a mais por quase 45 minutos, nem ameaçar o gol paraguaio. E, aos 39min, a torcida, dessa vez em coro, começou a gritar "Fora Dunga" e a chamar o treinador de burro.
(PAULO COBOS)


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