|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Cabañas desequilibra, e Dunga já escuta "burro"
Paraguaio rechonchudo marca, acerta trave e inferniza outra equipe brasileira
Paraguai 2
Brasil 0
DO ENVIADO A ASSUNÇÃO
Sorte para o torcedor do Brasil que nesta temporada nenhum clube ou seleção nacional terá que enfrentar o atacante paraguaio Salvador Cabañas.
A exemplo do que havia feito
contra Flamengo e Santos pela
Taça Libertadores deste ano, o
rechonchudo goleador foi ontem, em Assunção, o carrasco
da equipe brasileira.
Ele infernizou, ao lado de Roque Santa Cruz, seu companheiro de ataque, a badalada
dupla de zaga formada por
Juan e Lúcio. Marcou um gol e
acertou a trave duas vezes. Segundo o Datafolha, foi o recordista de finalizações da partida,
com cinco, metade de todas as
tentativas do time da casa.
Muitas vezes também ajudou
na marcação. Tanto que terminou com sete desarmes, um recorde entre todos os atacantes
que entraram em campo.
"Ele foi muito bem. Incomodou a gente todo o tempo", reconheceu o leve Robinho.
Sinal dos tempos, o jogo tinha o Paraguai apostando na
ousadia, com seus três atacantes, e o Brasil abusando da marcação, escalando três volantes.
Com essas formações, o jogo
demorou para engrenar. Os
brasileiros reclamavam muito
das marcações do juiz uruguaio
Jorge Larrionda -de camisa
roxa, o técnico Dunga era bem
mais contido nas queixas.
Para tirar a partida do marasmo, só mesmo Cabañas. Aos
23min, ele se livrou da marcação e chutou cruzado para acertar a trave, e a bola voltou para
as mãos do goleiro Júlio César.
O lance acendeu o time da casa, que abriu o placar três minutos depois. Em cobrança de
escanteio, a bola passou pela
defesa brasileira e encontrou
Roque Santa Cruz livre, que teve pouco trabalho para marcar.
Para recomeçar o jogo mais
rápido, Juan, normalmente
calmo, tirou, com força exagerada, a bola de um gandula.
Muita pressa para pouca
ação. Sem criação, o Brasil só tinha chances nas bolas paradas,
mas também aí fracassava
-Lúcio e Diego desperdiçaram
faltas bem próximas da área.
Dunga foi para o intervalo
ouvindo palavrões de boa parte
dos 2.000 torcedores brasileiros no Defensores del Chaco.
Para o segundo tempo, o Brasil voltou mais ofensivo, com
Anderson, meia de origem, mas
hoje jogando como volante no
Manchester United, no lugar
de Josué, volante a vida toda.
E o ex-gremista foi uma das
raras coisas boas da seleção na
partida, principalmente em
chutes de longa distância.
Mas boa notícia o Brasil teve
quando o lateral Verón foi expulso logo aos 3min.
Só que Cabañas estava ainda
em campo. E ele mais uma vez
fez os brasileiros lamentarem.
Aos 4min, Santa Cruz arrancou
livre pela esquerda e chutou
forte, cruzado. Júlio César fez
defesa parcial, mas o rebote
caiu ao alcance do "gordinho"
de 1,73 m e 78 kg, que fez assim
seu primeiro gol contra uma seleção brasileira principal.
E por pouco o segundo não
saiu aos 11min. Com extrema
categoria, Cabañas chutou para
mais uma vez acertar a trave.
A torcida pediu Adriano, e
Dunga atendeu aos 14min,
mandando o atacante, ainda
são-paulino, a campo no lugar
do volante Mineiro.
Aos 29min, exausto e depois
de infernizar a defesa brasileira, Cabañas, que durante toda a
semana que antecedeu o jogo
ficou em greve de silêncio, acabou substituído, deixando o
gramado ovacionado -até os
torcedores brasileiros o aplaudiram com entusiasmo.
""O mais importante é que somamos três pontos com dez
homens contra um grande rival, o Brasil", falou Cabañas,
que dedicou a vitória à família,
que vive no México. ""Também
dedico a eles o esforço."
Bem longe da beira do campo, Dunga via sua seleção, com
um jogador a mais por quase 45
minutos, nem ameaçar o gol
paraguaio. E, aos 39min, a torcida, dessa vez em coro, começou a gritar "Fora Dunga" e a
chamar o treinador de burro.
(PAULO COBOS)
Texto Anterior: Solitário: Robinho pede companhia Próximo Texto: Técnico não vê razão para mudar o time Índice
|