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TÊNIS
Brasileiro, pela primeira vez líder do ranking, teve
desempenho abaixo do apresentado em anos anteriores
Número 1, Kuerten faz na Austrália sua pior Copa Davis
JOSÉ ALAN DIAS
ENVIADO ESPECIAL A BRISBANE
A derrota do Brasil na semifinal
da Copa Davis contra a Austrália
confirmou um contra-senso que
acompanha Gustavo Kuerten.
Na melhor temporada de sua
carreira no circuito profissional,
ele cumpriu, individualmente,
sua pior Davis desde a primeira
aparição no evento de nações, em
abril de 1996 -vitória sobre o venezuelano Nicolas Pereira.
De cinco compromissos em
simples, da Copa Davis-2000,
Kuerten perdeu três -o que jamais havia ocorrido antes numa
mesma edição do torneio.
Derrotou Jerome Golmard (3 a
1) na abertura do confronto com a
França, em fevereiro, em Florianópolis. No terceiro dia, quando a
equipe nacional já estava assegurada na fase seguinte, perdeu para
Nicolas Escude (2 a 0).
Em abril, nas quartas-de-final,
disputadas no Rio, penou para
derrotar Karol Kucera no primeiro dia por 3 a 2. Perderia a quarta
partida da série, contra Dominik
Hrbaty (3 sets a 0). Empatada a série em 2 a 2, coube a Fernando
Meligeni, jogador que vive à sua
sombra desde 1997, ratificar a
passagem do Brasil à semifinal.
Sua terceira -e mais lamentada- derrota no ano ocorreu quatro dias atrás. Foi arrasado em 6/3,
6/2 e 6/3 por Patrick Rafter na primeira vez em que participava de
uma semifinal de Davis.
Em 1999, mesmo sem o país ter
alcançando essa fase, Kuerten obteve uma proeza: participou da
conquista dos três pontos que eliminaram a Espanha (3 a 2).
Atuando em Lérida, conseguiu
derrotar (no saibro) Carlos Moyá
e Alex Corretja, ambos então posicionados entre os dez primeiros
do mundo. Em duplas, com Oncins, levaria mais o outro ponto.
Vencedora de 27 das 100 edições
já realizadas e atual campeã, a
Austrália confirmou o retrospecto de melhor nação nos confrontos em quadra de grama.
Participou (somado o contra o
Brasil) de 128 duelos, vencendo
102 (80% de aproveitamento).
Sem jamais ter sido campeão do
torneio, o Brasil havia sido semifinalista em 1992: 4 a 1 para a Suíça,
em quadra rápida.
Os australianos venceram os
três primeiros duelos da melhor
de cinco, em Brisbane. Primeiro
com Rafter e depois com Leyton
Hewitt, que venceu Fernando
Meligeni. Mark Woodforde e
Sandon Stolle marcaram o ponto
decisivo na partida de duplas sobre Kuerten e Jaime Oncins. Finalistas em Wimbledon (a dupla de
Woodforde venceu a de Stolle), os
australianos precisaram de cinco
sets (6/7, 6/4, 3/6, 6/3 e 6/4) para
superar Kuerten/Oncins.
""Se eu tivesse entrado com a
mesma atitude na partida contra
o Rafter, o resultado poderia ter
sido outro. Não adianta mais lamentar o que ocorreu", disse
Kuerten na entrevista coletiva.
Pelo menos seu comportamento mudou. O mesmo jogador que
durante a partida com Oncins exibia uma descontração quase
mambembe, saltando e fazendo
gestos em direção aos membros
da delegação brasileira ao conquistar pontos no dia anterior, o
da derrota para Rafter, afirmava
que não entraria em quadra para
os jogos de duplas. Alegou que a
decisão fora motivada por uma
pubialgia (inflamação no púbis).
""O que mudou? Já disse, foi minha atitude", respondeu à Folha
quando indagado sobre as dores.
""Quando tu não encara legal as
coisas, tu sente mais a contusão",
disse em alusão ao desempenho
contra Patrick Rafter.
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