São Paulo, domingo, 16 de julho de 2000


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TÊNIS
Brasileiro, pela primeira vez líder do ranking, teve desempenho abaixo do apresentado em anos anteriores
Número 1, Kuerten faz na Austrália sua pior Copa Davis

JOSÉ ALAN DIAS
ENVIADO ESPECIAL A BRISBANE

A derrota do Brasil na semifinal da Copa Davis contra a Austrália confirmou um contra-senso que acompanha Gustavo Kuerten.
Na melhor temporada de sua carreira no circuito profissional, ele cumpriu, individualmente, sua pior Davis desde a primeira aparição no evento de nações, em abril de 1996 -vitória sobre o venezuelano Nicolas Pereira.
De cinco compromissos em simples, da Copa Davis-2000, Kuerten perdeu três -o que jamais havia ocorrido antes numa mesma edição do torneio.
Derrotou Jerome Golmard (3 a 1) na abertura do confronto com a França, em fevereiro, em Florianópolis. No terceiro dia, quando a equipe nacional já estava assegurada na fase seguinte, perdeu para Nicolas Escude (2 a 0).
Em abril, nas quartas-de-final, disputadas no Rio, penou para derrotar Karol Kucera no primeiro dia por 3 a 2. Perderia a quarta partida da série, contra Dominik Hrbaty (3 sets a 0). Empatada a série em 2 a 2, coube a Fernando Meligeni, jogador que vive à sua sombra desde 1997, ratificar a passagem do Brasil à semifinal.
Sua terceira -e mais lamentada- derrota no ano ocorreu quatro dias atrás. Foi arrasado em 6/3, 6/2 e 6/3 por Patrick Rafter na primeira vez em que participava de uma semifinal de Davis.
Em 1999, mesmo sem o país ter alcançando essa fase, Kuerten obteve uma proeza: participou da conquista dos três pontos que eliminaram a Espanha (3 a 2).
Atuando em Lérida, conseguiu derrotar (no saibro) Carlos Moyá e Alex Corretja, ambos então posicionados entre os dez primeiros do mundo. Em duplas, com Oncins, levaria mais o outro ponto.
Vencedora de 27 das 100 edições já realizadas e atual campeã, a Austrália confirmou o retrospecto de melhor nação nos confrontos em quadra de grama.
Participou (somado o contra o Brasil) de 128 duelos, vencendo 102 (80% de aproveitamento).
Sem jamais ter sido campeão do torneio, o Brasil havia sido semifinalista em 1992: 4 a 1 para a Suíça, em quadra rápida.
Os australianos venceram os três primeiros duelos da melhor de cinco, em Brisbane. Primeiro com Rafter e depois com Leyton Hewitt, que venceu Fernando Meligeni. Mark Woodforde e Sandon Stolle marcaram o ponto decisivo na partida de duplas sobre Kuerten e Jaime Oncins. Finalistas em Wimbledon (a dupla de Woodforde venceu a de Stolle), os australianos precisaram de cinco sets (6/7, 6/4, 3/6, 6/3 e 6/4) para superar Kuerten/Oncins.



""Se eu tivesse entrado com a mesma atitude na partida contra o Rafter, o resultado poderia ter sido outro. Não adianta mais lamentar o que ocorreu", disse Kuerten na entrevista coletiva.
Pelo menos seu comportamento mudou. O mesmo jogador que durante a partida com Oncins exibia uma descontração quase mambembe, saltando e fazendo gestos em direção aos membros da delegação brasileira ao conquistar pontos no dia anterior, o da derrota para Rafter, afirmava que não entraria em quadra para os jogos de duplas. Alegou que a decisão fora motivada por uma pubialgia (inflamação no púbis).
""O que mudou? Já disse, foi minha atitude", respondeu à Folha quando indagado sobre as dores. ""Quando tu não encara legal as coisas, tu sente mais a contusão", disse em alusão ao desempenho contra Patrick Rafter.


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