São Paulo, segunda-feira, 16 de julho de 2007

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GINÁSTICA

"Dei sim um exemplo de superação" , diz ginasta

Victor Rosa seguiu competindo após contusão e ajudou equipe a ser prata

De muletas, o atleta do Flamengo não esconde a frustração por não poder participar da final do individual geral, ontem

LUÍS FERRARI
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Ele não foi campeão nem tem mais chance de ser. Mas Victor Rosa, 20, da equipe de ginástica artística, é o primeiro candidato a exemplo de sacrifício na delegação brasileira do Pan.
O atleta do Flamengo teve uma fratura no pé esquerdo no solo, segundo aparelho da disputa por equipes anteontem. E continuou na competição, passando por mais quatro aparelhos e somando pontos que foram decisivos para a medalha de prata. À noite, foi cortado.
"Acho que dei sim um exemplo de superação. Estou feliz com a medalha. Se não continuasse na prova, acho que ela não viria", falou Rosa ontem na Vila Pan-Americana, com o pé imobilizado e usando muletas.
O Brasil ficou a 0,3 ponto do ouro, mesma diferença imposta aos EUA, que foram bronze.
"Na hora, achei que era só uma torção". Doía? "Sim, mas pensei em não sentir dor, o que foi ficando cada vez mais difícil. Com o desenrolar da competição, o inchaço aumentou mais."
Mesmo assim, insistiu. Depois de "cravar" as saídas do cavalo com alças e argolas, ele foi ao salto. Para a prova por equipes, bastava uma tentativa.
"Mas, depois que fiz o primeiro, achei que dava para mandar o segundo, na tentativa de passar à final do aparelho [o que requer dois saltos]. Mal conseguia correr em direção à mesa, mas fui bem e ainda encerrei o classificatório em quarto lugar no salto."
Depois, obteve a segunda melhor nota dos brasileiros nas paralelas. "É um aparelho que ajuda, porque, exceto na saída, o esforço é todo nos braços. No pouso, não senti o pé."
Agora, Rosa espera enfatizar o trabalho dos membros superiores. Até o fim do mês, não poderá apoiar o pé no chão.
Mas nem assim pára quieto. Ontem já arriscava peripécias com as muletas. "Não é como as paralelas, mas lembra", disse o ginasta, que nunca precisara desse tipo de sustentação auxiliar, apesar de ter passado por duas cirurgias -uma no joelho.
Ele não esconde a tristeza por não ter participado da final do individual geral, ontem, quando Luiz dos Anjos ficou em oitavo e Mosiah Rodrigues na nona colocação. E mais ainda por ficar fora das finais do salto e das paralelas, amanhã.
"Também tinha meus projetos pessoais neste Pan..." Algum arrependimento? "Se me botarem de novo no ginásio, farei a mesma coisa."
De fato, não foi um exemplo inédito. Renato Araújo, técnico da seleção, narrou outro feito de Rosa. "Em 2002, no Pan juvenil, ele teve uma luxação, seu ombro saiu do lugar e, depois, voltou. Ele seguiu competindo, com uma dor insuportável."


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