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GINÁSTICA
"Dei sim um exemplo de superação" , diz ginasta
Victor Rosa seguiu competindo após contusão e ajudou equipe a ser prata
De muletas, o atleta do Flamengo não esconde a frustração por não poder participar da final do individual geral, ontem
LUÍS FERRARI
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Ele não foi campeão nem tem
mais chance de ser. Mas Victor
Rosa, 20, da equipe de ginástica
artística, é o primeiro candidato a exemplo de sacrifício na
delegação brasileira do Pan.
O atleta do Flamengo teve
uma fratura no pé esquerdo no
solo, segundo aparelho da disputa por equipes anteontem. E
continuou na competição, passando por mais quatro aparelhos e somando pontos que foram decisivos para a medalha
de prata. À noite, foi cortado.
"Acho que dei sim um exemplo de superação. Estou feliz
com a medalha. Se não continuasse na prova, acho que ela
não viria", falou Rosa ontem na
Vila Pan-Americana, com o pé
imobilizado e usando muletas.
O Brasil ficou a 0,3 ponto do
ouro, mesma diferença imposta aos EUA, que foram bronze.
"Na hora, achei que era só
uma torção". Doía? "Sim, mas
pensei em não sentir dor, o que
foi ficando cada vez mais difícil.
Com o desenrolar da competição, o inchaço aumentou mais."
Mesmo assim, insistiu. Depois de "cravar" as saídas do cavalo com alças e argolas, ele foi
ao salto. Para a prova por equipes, bastava uma tentativa.
"Mas, depois que fiz o primeiro, achei que dava para
mandar o segundo, na tentativa
de passar à final do aparelho [o
que requer dois saltos]. Mal
conseguia correr em direção à
mesa, mas fui bem e ainda encerrei o classificatório em
quarto lugar no salto."
Depois, obteve a segunda
melhor nota dos brasileiros nas
paralelas. "É um aparelho que
ajuda, porque, exceto na saída,
o esforço é todo nos braços. No
pouso, não senti o pé."
Agora, Rosa espera enfatizar
o trabalho dos membros superiores. Até o fim do mês, não
poderá apoiar o pé no chão.
Mas nem assim pára quieto.
Ontem já arriscava peripécias
com as muletas. "Não é como as
paralelas, mas lembra", disse o
ginasta, que nunca precisara
desse tipo de sustentação auxiliar, apesar de ter passado por
duas cirurgias -uma no joelho.
Ele não esconde a tristeza
por não ter participado da final
do individual geral, ontem,
quando Luiz dos Anjos ficou
em oitavo e Mosiah Rodrigues
na nona colocação. E mais ainda por ficar fora das finais do
salto e das paralelas, amanhã.
"Também tinha meus projetos pessoais neste Pan..." Algum arrependimento? "Se me
botarem de novo no ginásio, farei a mesma coisa."
De fato, não foi um exemplo
inédito. Renato Araújo, técnico
da seleção, narrou outro feito
de Rosa. "Em 2002, no Pan juvenil, ele teve uma luxação, seu
ombro saiu do lugar e, depois,
voltou. Ele seguiu competindo,
com uma dor insuportável."
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