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Dunga dedica título a quem tem "alma pura"
Técnico oferece conquista a crianças da África, Angola, Israel e Afeganistão
Jogadores cantam samba de
Jorge Aragão, que faz alusão
ao respeito, para responder
aos críticos; para Robinho,
foi vitória da "objetividade"
DO ENVIADO A MARACAIBO
Uma oferenda às crianças de
alma pura e um samba que faz
alusão ao respeito. Essa foi a
maneira com que o técnico
Dunga e os jogadores da seleção
brasileira desabafaram após a
conquista da Copa América.
Bastante emocionado, o treinador da seleção, muito criticado, não alterou o estilo agressivo que marcou sua convivência
com os jornalistas desde que
assumiu o time nacional.
"Só tenho que oferecer essa
vitória a quem tem alma pura.
As crianças da África, de Angola, do Afeganistão, de Israel.
Elas têm alma pura, são felizes,
não têm inveja", esbravejou.
Difícil não comparar a declaração do ex-volante com o "Vocês vão ter que me engolir" de
Zagallo, em 1997, também após
ganhar a Copa América.
O auxiliar Jorginho seguiu linha parecida. "Conseguimos
lentamente superar a desconfiança de todos. Muita gente falou muita coisa. Pô, antes de falar, espera a gente molhar o bico, mostrar o nosso trabalho. É
claro que temos muito a aprender, mas já fizemos muita coisa", declarou ele.
Enquanto eles faziam seus
discursos em tom de resposta
aos críticos, os jogadores, de
forma mais descontraída, também mandavam um recado a
quem duvidava que o time pudesse ganhar a competição.
Em rodinhas, cantavam sem
parar o samba "Moleque Atrevido", de Jorge Aragão: "Respeite quem pode chegar aonde
a gente chegou", repetiam os
atletas, à frente das câmeras de
TV, liderados por Robinho,
eleito o melhor jogador da Copa América -Josué ganhou como o melhor atleta da decisão.
Artilheiro da Copa América,
com seis gols, Robinho disse
que a conquista brasileira representa a vitória da "objetividade". "O futebol é assim. Sabemos que podemos melhorar.
Mas o que vale é o resultado."
"As pessoas ficaram menosprezando o Brasil, dizendo que
tínhamos um time inferior, e
isso deu força para a gente. Não
devemos nada para nenhuma
seleção do mundo", afirmou o
meia Júlio Baptista, convocado
somente por causa do pedido
de dispensa de Zé Roberto.
O lateral-direito Maicon foi
outro que desabafou. "Sabíamos que ia ser duro, a seleção
passou por uma grande renovação, mas o grupo tem qualidade. Não poderia ter chegado
aqui desacreditado."
O reserva dele, Daniel Alves,
que marcou o terceiro gol brasileiro e sempre teve a confiança de Dunga, demonstrou lealdade ao técnico. "A seleção provou que tem que ser respeitada", disse. Os campeões da
América retornariam ontem ao
Brasil.0
(RODRIGO BUENO)
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