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Verón hipnotiza anfitriões e decide
Meia cadencia o jogo, passa orientações até para o árbitro e levanta a quarta Libertadores da história do Estudiantes
Cruzeiro 1
Estudiantes 2
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM BELO HORIZONTE
DO ENVIADO A BELO HORIZONTE
Ao final do primeiro tempo,
cinco jogadores do Estudiantes
já tinham caído em campo alegando agressões ou contusões,
e paralisando o jogo. No intervalo, só voltaram após um pedido do árbitro Carlos Chandía.
Durante toda a partida, Verón
pedia aos colegas para desacelerar o ritmo da final.
A candência era a arma do
Estudiantes diante de um Cruzeiro mais veloz e técnico. E
funcionou a maior parte do jogo. Até quando os argentinos
estavam em desvantagem.
Desde o início, o Cruzeiro
tentava jogar com rapidez,
principalmente em lançamentos longos para o atacante Kléber e o meia Wagner.
Mas, marcando com todos os
homens em seu campo, os argentinos travavam os mineiros,
com faltas quando era necessário. E saíam com toques curtos,
em contra-ataques lentos.
Os passes argentinos eram
como um mantra que ia hipnotizando a torcida cruzeirense.
Conduzindo a situação estava o
meia Verón. Até ao árbitro
Chandía, ele dava instruções.
Por toda a etapa inicial, o
Cruzeiro não conseguia sair da
armadilha. "O jogo está pegado.
Mas nosso time não está tocando a bola. O time parece nervoso", disse Kléber, no intervalo.
Ele era marcado por dois adversários, quase todo o tempo.
A volta do intervalo viu um
Cruzeiro mais apressado do
que veloz. E foi na afobação que
saiu o gol que parecia o do alívio
para o time mineiro.
Aos 7min do segundo tempo,
Henrique chutou da intermediária e a bola desviou em Desábato para entrar no canto de
Andújar. A festa dominou o estádio e contagiou os jogadores,
mas o Estudiantes manteve a
mesma calma.
Em desvantagem, os argentinos seguiam tocando a bola
com a mesma cadência, como
se não tivesse saído um gol. A
frieza recompensou.
Quatro minutos depois da
euforia, veio o anticlímax para
o Mineirão. Verón virou uma
bola excelente para Cellay, que
cruzou rasteiro. No meio da
área, Fernandéz tocou para
empatar o jogo.
E a velocidade cruzeirense
virou afobação de vez. Quase
todos os lances resultavam em
passes apressados, dominados
ou rebatidos pela zaga do Estudiantes com facilidade.
Do outro lado, mesmo em
contra-ataques, os argentinos
evitavam correr em demasia.
Aos 34 anos, seu craque Verón era um retrato do time. Dava sinais de cansaço e até acusou caimbrãs. Mas seguia tocando a bola de lado. "É um jogador muito inteligente taticamente", admitiu o técnico cruzeirense Adílson Batista.
Foi lentamente que Verón
caminhou para cobrar um escanteio pela direita. Pôs a mão
na cintura e um torcedor arremessou um copo, que não o
acertou. Ele reclamou.
O árbitro não lhe deu ouvidos. Então, ele decidiu bater. A
bola saiu com uma curva perfeita e encontrou Boselli, mais
alto do que os zagueiros cruzeirenses, para virar o jogo, aos
28min do segundo tempo.
A hipnose se completava: o
estádio estava sob o domínio de
Verón. A torcida se calou. Os jogadores cruzeirenses, de afobados, pareciam entregues. E os
argentinos seguiam tocando.
Ainda houve um chute de
Thiago Ribeiro na trave. E houve duas conclusões erradas de
Ribeiro e de Thiago Heleno, livres de marcação.
"Nesse momento, não tenho
nem palavras. O negócio é procurar a família", disse o goleiro
Fábio, quando voltou ao campo
para a premiação.
Sua declaração foi poucos
minutos antes de Verón, em
meio a uma música de ópera,
levantar a taça Libertadores,
com chuva de papel picado. Era
a Brujita, como é chamado o
meia, completando seu feitiço.
(PAULO PEIXOTO E RODRIGO MATTOS)
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