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O PERSONAGEM
Crise abalou
time, diz Zico
MARCIO AITH
enviado especial a Kashima e a Ichihara
Zico, ex-coordenador técnico da seleção, confirmou
que a crise nervosa de Ronaldinho afetou a equipe no
decisão contra a França.
Segundo Zico, que chegou ontem ao Japão, os jogadores ficaram emocionalmente abalados e perderam a tranquilidade.
Zico saiu de uma crise para outra. Ele reassumiu suas
funções como coordenador
do Kashima Antlers, que
perdeu ontem por 3 a 2 para
o Jef, de Ichihara (200 km
de Tóquio). O técnico João
Carlos demitiu-se após brigar com o lateral Jorginho,
tetracampeão do mundo.
Folha - Você esteve com
Ronaldinho antes da crise?
Como foi o dia da decisão?
Zico - Não o vi pela manhã. Eu fiquei lá na sala de
almoço até quase umas
15h30 ou 16h. Quando voltei para o meu quarto fui informado do que tinha ocorrido. O pessoal não queria
"dar mais alarde", não
quis que a coisa se alastrasse
para os que ainda não estavam sabendo. Queriam antes ver como o Ronaldinho
ia se comportar. No lanche,
ele estava apenas um pouquinho mole. Não sabia o
que tinha acontecido e lanchou normalmente. Nós fizemos a reunião e foi aí que
o Lídio nos disse que ia tomar todas as providências,
fazer os exames. Ele foi para
o hospital e nós, para o estádio. E foi aí que o Zagallo
definiu a substituição pelo
Edmundo. Só que, no estádio, veio a informação de
que os exames tinham dado
negativo. Quando o Ronaldinho chegou, fui chamado
para uma reunião em que se
informou que ele estava
bem, que queria jogar e que
o Lídio tinha liberado. E foi
aí que o Zagallo liberou.
Folha - Foi correto? Por
que Zagallo o escalou?
Zico - Porque houve a liberação do departamento
médico. Ele teve problemas, mas fez todos os exames, que não deram nada.
Lídio garantiu que o Ronaldinho estava em condições
de jogo e o liberou. Portanto, Zagallo escalou.
Folha - Ronaldinho quis
jogar?
Zico - Ele quis jogar. Fez
todo o aquecimento normalmente junto com os outros jogadores. Mas é aquele
negócio: jogador sempre
vai querer jogar uma final
de Copa do Mundo. Mas a
gente notou claramente que
dentro do campo ele não tinha a menor condição...
Folha - Então por que não
foi substituído?
Zico - É muito difícil tomar a decisão -e acredito
que até passou pela cabeça
do Zagallo- de tirar um jogador da importância dele
numa final. Mas ficou claro
que ele não estava bem e
que, mesmo sendo o melhor jogador do mundo,
quando a gente não está
100% não consegue realizar
nada dentro do campo. Ficou uma lição muito grande para todos de que, principalmente numa Copa, você tem que estar 100%.
Folha - O problema de um
só jogador provocou todo o
colapso na equipe?
Zico - É claro. É muito
duro ver um companheiro
-ainda mais sendo quem
foi- nessa situação. Nós tivemos jogadores que estavam muito emocionados.
Folha - Quem ficou mais
abalado?
Zico - Os que viram, o
Leonardo... A seleção não
se encontrou em campo e
eu acho que tem relação direta com o episódio.
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