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DOSSIÊ RONALDINHO
Treinador brasileiro diz que foi ele quem decidiu a escalação do atacante na decisão do Mundial
Zagallo recua e assume responsabilidade
da Sucursal do Rio
O técnico da seleção brasileira,
Mario Jorge Lobo Zagallo, recuou
ontem e assumiu a responsabilidade pela escalação do atacante
Ronaldinho na decisão da Copa do
Mundo, no último domingo.
"Se ele não entrasse, iriam falar
também. Tem que ter peito para
falar na hora. A decisão foi minha.
Eu faria tudo de novo", afirmou.
Horas depois da derrota para a
França, no entanto, o treinador
havia dito que escalara o jogador
devido a um pedido do próprio
Ronaldinho. "O melhor jogador
do mundo chega para você e pede
para jogar. Você vai dizer que
não?", afirmou a rádios.
O técnico disse que o principal
médico da seleção, Lídio Toledo,
havia, inicialmente, se recusado a
assumir a escalação do atacante da
Inter de Milão (Itália) na partida.
Quando Ronaldinho chegou ao
vestiário do Stade de France, depois de passar por exames em uma
clínica -todos com resultado negativo-, Toledo liberou o jogador para disputar a partida.
"Não foi a Nike (patrocinadora
da seleção), não foi o dr. Ricardo
Teixeira (presidente da CBF), não
foi o Lídio Toledo. O responsável
pela escalação do Ronaldinho fui
eu, Mario Jorge Lobo Zagallo",
declarou ontem o treinador.
"Se agi errado ou certo, me julguem", acrescentou Zagallo, logo
após participar de uma festa promovida pelos moradores do condomínio onde mora, na Barra da
Tijuca, zona sul do Rio.
"Depois de ficar sabendo que os
exames não detectaram nada de
anormal, o Ronaldinho chegou ao
vestiário. Todos os integrantes da
comissão técnica, inclusive o presidente, estavam reunidos em um
local do vestiário. Perguntei ao
Ronaldinho se ele queria jogar. Ele
disse que sim e estava confiante",
afirmou Zagallo.
"A partir daí, entrei em ação.
Mandei ele trocar de roupa. Ninguém se opôs, e ele jogou. Mas não
tenham dúvidas de que ninguém
da seleção o colocaria no jogo se
estivesse correndo risco de vida."
Zico, coordenador técnico da seleção na Copa da França, foi contra a escalação do jogador entre os
titulares (leia textos nesta página).
O treinador disse que "não é
verdade que o jogador sofreu uma
infiltração no joelho ou tenha passado mal no sábado à noite", ao
comentar sobre as condições físicas de Ronaldinho, que reclamou,
na Copa, de dores nos joelhos.
O treinador brasileiro disse só
ter tomado conhecimento dos
problemas de Ronaldinho quando
lanchava na concentração da seleção, por volta das 17h (horário
francês), pelo menos duas horas
depois do incidente.
Segundo Zagallo, a pressão da
competição foi a responsável pelo
problema de Ronaldinho.
"Ele é muito assediado. O Ronaldinho não tem privacidade. O
rapaz mora sozinho na Europa,
com os familiares no Brasil, é muito difícil ter força para superar toda a pressão sozinho. Na Copa, todos se estressam muito. Ele, talvez, não tenha suportado", acredita o treinador da seleção.
"Agora, espero que o clube dele
crie um ambiente propício para o
jogador se estruturar. Eu, que tenho uma estrutura familiar, sei
que não é fácil. Na Copa América,
explodi e fiquei roxo."
O treinador não mencionou o
fato de que o atacante teve uma
crise nervosa. A última versão oficial, dada ontem pelo médico Lídio Toledo, é a de que Ronaldinho
sofreu uma distonia neurovegetativa por estresse (leia à pagina 3).
Coordenador técnico
Apesar de dificilmente conseguir
permanecer como técnico da seleção brasileira, Zagallo não descarta a possibilidade de ocupar outro
cargo na nova comissão técnica.
"É um caso a ser estudado", disse o treinador, que preferiu evitar
comentar sobre a sua renovação
com a CBF. O contrato de Zagallo
como treinador da seleção brasileira termina em agosto.
Embora não esteja garantido na
seleção, Zagallo se recusa a encerrar a carreira. "Você acha que
com a minha saúde vou jogar tênis
e ficar olhando o mar da minha casa? Tenho que estar em atividade", disse o treinador, de 66 anos,
que pretende continuar no cargo
até os Jogos Olímpicos de Sydney,
no ano 2000.
Zagallo poderá ser o novo coordenador técnico ou ganhar um
novo cargo na seleção após a renovação da comissão técnica promovida pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, nos próximos dias.
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