São Paulo, quinta-feira, 16 de agosto de 2001

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BRASIL 2 x 0 PARAGUAI

Seleção não brilha, mas vence com apoio dos gaúchos, melhora a sua situação nas eliminatórias para o Mundial e emociona Scolari

Sobrevida

Juca Varella/Folha Imagem
O atacante Marcelinho Paraíba comemora seu primeiro gol pela seleção brasileira, marcado na partida de ontem, no Olímpico, após o atleta completar de cabeça cruzamento do lateral Belletti


FÁBIO VICTOR
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

"Graças a Deus. Ganhamos uma sobrevida", desabafou Luiz Felipe Scolari, com olhos marejados, ao fim do jogo em Porto Alegre.
Mesmo sem ter apresentado um grande futebol, a seleção conseguiu o que queria: os três pontos que a mantêm na zona de classificação das eliminatórias, sem depender do resultado da disputa de hoje entre Colômbia e Peru.
O time venceu o Paraguai, por 2 a 0, gols de Marcelinho Paraíba, no primeiro tempo, e Rivaldo, no segundo, e continua entre os quatro primeiros com direito a uma vaga para a Copa-2002.
Os argentinos, que ontem garantiram sua classificação, têm 35 pontos. O Paraguai continua em segundo, com 26, um a mais do que o Equador, que ontem caiu diante da Argentina, por 2 a 0. O Brasil chegou aos 24 pontos.
A Colômbia, com 19 pontos, precisa vencer hoje o Peru para ultrapassar o Uruguai, com 21, e ficar na quinta colocação.
A vitória não só melhorou a situação do Brasil nas eliminatórias, como serviu para resgatar a auto-estima da seleção, que vinha colecionando fracasso após fracasso e não vencia no torneio havia noves meses -três jogos.
Além de tropeços nas próprias eliminatórias, contra as equipes como Chile, Equador e Peru, o Brasil decepcionou nos últimos torneios que disputou, como os Jogos de Sydney, a Copa das Confederações e a Copa América, quando foi batido por Honduras.
A ameaça de ver a seleção fora de uma Copa do Mundo pela primeira vez na história assustava jogadores, comissão técnica e dirigentes do futebol brasileiro, como Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol, investigado por uma CPI.
Um novo fracasso, ontem em Porto Alegre, poderia aumentar o ímpeto de senadores, que deverão ouvir o dirigente.
A pedido de Scolari, a CBF tirou as últimas partidas do time em casa do eixo Rio-São Paulo, onde vinha sendo vaiado, e marcou a de ontem para o Olímpico. A estratégia surtiu efeito.
"Sinto emoção em voltar ao Olímpico, quem sabe isso seja um marco para a recuperação minha e da seleção", disse Scolari ontem.
No estádio, tomado por um clima ufanista de "pra frente Brasil", o gaúcho Scolari e seus comandados começaram o jogo bastante apoiados pela torcida. A partir dos 7min, quando a seleção já vencia por 1 a 0, os torcedores gritavam olé. Aos 9min, passaram a gritar o nome do treinador, que se projetou dirigindo o Grêmio.
No segundo tempo, no entanto, surgiram algumas vaias, especialmente quando Scolari sacou Marcelinho Paraíba, o autor do primeiro gol, colocando Denílson em seu lugar. Mas foi justamente numa jogada de Denílson que surgiria o segundo gol do Brasil, anotado por Rivaldo, o que fez a torcida voltar a apoiar o time.
O clima de guerra criado antes do jogo só se concretizou no final. Depois de trocarem provocações, Chilavert e Roberto Carlos se desentenderam após o fim do jogo. O paraguaio acabou cuspindo no rosto do brasileiro. "Ele está em final de carreira", disse o lateral.
Chilavert rebateu. Afirmou que foi xingado por Roberto Carlos.
Nas quatro últimas rodadas o Brasil pega Argentina e Bolívia, fora de casa, e Chile e Venezuela, em seus domínios.



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