São Paulo, segunda-feira, 16 de agosto de 2004

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ATENAS 2004

Brasileirinhas

Sue Ogrocki/AP
Daiane, Daniele, Laís e Camila se apresentam aos juízes


ROBERTO DIAS
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS

O país da ginástica de Daiane mostrou ontem em Atenas que é mais do que isso. É, sim, o país que classificou à final do solo uma das mais fortes candidatas a medalha, mas é também o que pela primeira vez tem duas ginastas (o máximo possível) na final do individual geral e que montou um time capaz de disputar milésimo a milésimo com os melhores.
"O Brasil já não é mais o país de uma ginasta só", disse a chefe da equipe nacional, Eliane Martins.
A ex-"ginasta só" a que ela se refere é, claro, Daiane dos Santos, que se transformou ontem na primeira brasileira a conquistar vaga numa final olímpica por aparelhos. Classificou-se em terceiro (de oito) para a disputa do solo, na segunda-feira que vem.
Quem a acompanhou no triunfo ontem foram Daniele Hypólito e Camila Comin, que irão buscar o título de melhor ginasta da Olimpíada (na prova que reúne os quatro aparelhos do feminino).
"Ter duas brasileiras na final do individual geral, o título máximo, é um resultado maravilhoso", disse a única jurada do país nos Jogos, Yumi Sawasato.
Já a equipe -que pela primeira vez competia na Olimpíada- teve um resultado animador e frustrante ao mesmo tempo. Para o primeiro adjetivo: o Brasil alcançou ontem a melhor pontuação de sua história (147,345). Para o segundo: pequenos erros fizeram o time perder a oitava e última vaga na final para a Austrália e não repetir o que fizera no Mundial.
"Tá superbem", festejou Camila. "Foi uma pena terem falhado", lamentou Yumi. O tamanho da diferença para a Austrália é medido em milésimos, 74.
Menos milésimos ainda separaram Daiane do primeiro lugar na eliminatória. A número um foi a romena Catalina Ponor, com 9,687. A seguir, a chinesa Fei Cheng (9,650) e Daiane (9,637). Como ela definiu, sua apresentação "teve alguns errinhos".
Mais importante, porém, é notar que a dor no joelho não incomodou. E também que não usou sua maior arma, o duplo twist esticado, que pretende treinar mais.
"O Oleg já falou: "Se você quer fazer alguma coisa no solo, se quer tentar medalha, tem que tentar o esticado". É bom que a gente tem mais uma semana", disse ela.
Ontem Daiane entrou no ginásio de cara fechada. Enquanto a equipe se apresentava na trave, passou quase o tempo todo de costas, olhando um tapume. Só abriu um grande sorriso depois de se apresentar nas paralelas (sua pior nota, 8,800) e encerrar o dia.
Na decisão, Daiane não encontrará uma de suas principais rivais, a espanhola Elena Gomez, que acabou em 11º. "Fiquei bem triste. Eu a vi chorando", afirmou.
Quem teve muito a comemorar foi Daniele, que superou longa má fase para ser a 16ª melhor ginasta do dia. Ela creditou o resultado a sua ida para Curitiba, onde treina com a seleção.
A final de quinta-feira é a segunda de Daniele no individual geral. Em Sydney, teve o melhor resultado brasileiro nos Jogos, 20º lugar.
Desta vez, terá a companhia de Camila Comin, 26ª ontem. Como a final engloba 24 ginastas, ela conseguiu a vaga graças ao limite de duas representantes por país.


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