São Paulo, segunda-feira, 16 de agosto de 2004

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POLIFONIA

Anônimo da NBA vive dia de torcedor

ADALBERTO LEISTER FILHO
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS

"O nde acontecem os jogos de basquete?", pergunta na porta do centro de imprensa um jovem alto. Mesmo falando um bom inglês, ninguém leva muito a sério o rapaz, acompanhado de outros dois, até ser reconhecido por um repórter.
Leandrinho, armador do Phoenix Suns e trunfo da nova geração do basquete brasileiro, voltou a ser um torcedor anônimo e cruzou o oceano para ver o torneio olímpico.
"Estava de férias em São Paulo e queria muito ir à Olimpíada. Minha mãe me falou para eu ir", conta ele, que levou para a Grécia os primos Eduardo e Hélder.
Tentou falar com o amigo Stephon Marbury, da seleção americana, a maior decepção -por enquanto- dos Jogos. "Liguei várias vezes para o celular dele e deixei recado. Queria que ele me arrumasse ingressos para ver o Dream Team, mas sei que é difícil falar com eles agora. Dessa seleção sou amigo do Shawn Marion e do Lamar Odom", diz o armador, para logo palpitar como um torcedor: "O Carmelo [Anthony] é muito mala, não passa a bola para o Nenê".
O atleta se frustrou com a dificuldade e a distância. Do centro de imprensa até o Helliniko Indoor Hall, sede do basquete olímpico, foi mais de uma hora de carro.
"Aqui tudo é difícil. Nem o taxista entende inglês", disse.
Ao chegar ao ginásio, nova decepção. O jogo Itália x Nova Zelândia já tinha acabado.
"Queria ver a Itália jogar. Eles ganharam do Dream Team. Devem jogar bem", lamentou, sem esperar pelo fiasco americano no final do dia.
O próximo duelo é entre a China de Yao Ming e a Espanha de Pau Gasol, colegas de NBA. "Sou amigo do Yao, mas ele é muito fechado. Uma vez o Renato pediu para tirar uma foto com ele. Ele não quis", comenta, referindo-se ao colega de seleção brasileira.
A ansiedade é tanta que Leandrinho não tem paciência de esperar a fila da bilheteria. Compra as entradas de um cambista, por 20 cada uma. "Aquele outro rapaz me vendeu por 15", conta Wang Hoo, uma torcedora, natural de Hong Kong.
A curiosidade é grande, e a pergunta, inevitável: ela não conhece aquele rapaz espigado? Um simples "não" é a resposta. "Só acompanho a NBA", justifica a torcedora.
Entrada do ginásio. "Queria estar aqui para jogar", exclama Leandrinho, ao ver a imponência do local.
"A Nova Zelândia está aqui. A China é muito fraca, só tem o Yao Ming, e está aqui. A gente podia estar aqui", lamenta, antes de subir a escadaria de acesso às arquibancadas e curtir seu dia de fã.



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