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POLIFONIA
Anônimo da NBA vive dia de torcedor
ADALBERTO LEISTER FILHO
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS
"O nde acontecem os jogos de basquete?", pergunta na porta do centro de
imprensa um jovem alto. Mesmo falando um bom inglês,
ninguém leva muito a sério o
rapaz, acompanhado de outros dois, até ser reconhecido
por um repórter.
Leandrinho, armador do
Phoenix Suns e trunfo da nova
geração do basquete brasileiro, voltou a ser um torcedor
anônimo e cruzou o oceano
para ver o torneio olímpico.
"Estava de férias em São
Paulo e queria muito ir à
Olimpíada. Minha mãe me falou para eu ir", conta ele, que
levou para a Grécia os primos
Eduardo e Hélder.
Tentou falar com o amigo
Stephon Marbury, da seleção
americana, a maior decepção
-por enquanto- dos Jogos.
"Liguei várias vezes para o celular dele e deixei recado. Queria que ele me arrumasse ingressos para ver o Dream
Team, mas sei que é difícil falar com eles agora. Dessa seleção sou amigo do Shawn Marion e do Lamar Odom", diz o
armador, para logo palpitar
como um torcedor: "O Carmelo [Anthony] é muito mala,
não passa a bola para o Nenê".
O atleta se frustrou com a dificuldade e a distância. Do
centro de imprensa até o Helliniko Indoor Hall, sede do basquete olímpico, foi mais de
uma hora de carro.
"Aqui tudo é difícil. Nem o
taxista entende inglês", disse.
Ao chegar ao ginásio, nova
decepção. O jogo Itália x Nova
Zelândia já tinha acabado.
"Queria ver a Itália jogar.
Eles ganharam do Dream
Team. Devem jogar bem", lamentou, sem esperar pelo fiasco americano no final do dia.
O próximo duelo é entre a
China de Yao Ming e a Espanha de Pau Gasol, colegas de
NBA. "Sou amigo do Yao, mas
ele é muito fechado. Uma vez o
Renato pediu para tirar uma
foto com ele. Ele não quis", comenta, referindo-se ao colega
de seleção brasileira.
A ansiedade é tanta que
Leandrinho não tem paciência
de esperar a fila da bilheteria.
Compra as entradas de um
cambista, por 20 cada uma.
"Aquele outro rapaz me vendeu por 15", conta Wang
Hoo, uma torcedora, natural
de Hong Kong.
A curiosidade é grande, e a
pergunta, inevitável: ela não
conhece aquele rapaz espigado? Um simples "não" é a resposta. "Só acompanho a
NBA", justifica a torcedora.
Entrada do ginásio. "Queria
estar aqui para jogar", exclama Leandrinho, ao ver a imponência do local.
"A Nova Zelândia está aqui.
A China é muito fraca, só tem
o Yao Ming, e está aqui. A gente podia estar aqui", lamenta,
antes de subir a escadaria de
acesso às arquibancadas e curtir seu dia de fã.
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