São Paulo, domingo, 16 de setembro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sob pressão, Bebeto e Romário revivem dupla do tetra no Vasco

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

A dupla de ataque campeã na Copa do Mundo dos EUA, em 1994, vai estrear hoje no Vasco na partida contra o Bahia, às 15h, em São Januário, pelo Campeonato Brasileiro, sob pressão.
Beneficiado pela contusão de Euller, Bebeto, 37, foi escalado pelo técnico Hélio dos Anjos para jogar ao lado de Romário, 35.
No mês passado, Bebeto foi contratado pelo Vasco a pedido do seu companheiro de ataque desta tarde. O jogador, que estava há quase um ano sem clube, alugou o seu passe até o final do ano.
""Vai ser uma honra jogar novamente ao lado do Bebeto. Com a camisa da seleção, nós conseguimos todos os títulos. Agora, esperamos dar a mesma alegria ao Vasco", disse Romário.
Apesar da volta da dupla do tetra, a partida será marcada pela tensão. A Força Jovem, maior organizada do clube, promete protestar contra Romário.
Na quinta-feira, o jogador foi obrigado a deixar São Januário escoltado por policiais. Cerca de 150 torcedores ameaçaram agredi-lo na saída do vestiário do time.
Eles não gostaram de ser hostilizados pelo atacante durante a comemoração do primeiro gol do Vasco na vitória contra o Universidad Católica, do Chile, por 2 a 1, pela Copa Mercosul.
Vaiado por parte da torcida durante o jogo, Romário correu em direção à torcida mostrando os dedos médios.
Por causa da atitude, o atacante ficou cerca de duas horas dentro do vestiário aguardando autorização da polícia para sair.
Ronaldo de Souza, irmão do jogador, chegou a brigar com torcedores na arquibancada.
Hoje, a direção da Força Jovem vai pedir a saída do jogador do clube, com o qual Romário tem contrato até novembro.
O atacante disse que entrou em conflito com a organizada por não aceitar as imposições dos seus diretores. Ele é o único jogador do Vasco que se recusa a participar de reuniões com integrantes das organizadas. Romário também não comemora os seus gols diante da Força Jovem.
Apesar das ameaças dos torcedores, Romário disse que não vai mudar e acirrou ainda mais os ânimos. ""Se for novamente hostilizado, vou responder. Não aceito ser esculachado por palhaços", disse o atacante, que é considerado flamenguista pelos torcedores descontentes por causa das declarações de amor que ele já fez ao clube da Gávea, no qual atuou.
""No Vasco, só dou explicações ao presidente [Eurico Miranda" e ao treinador [Hélio dos Anjos"", afirmou o jogador.
O clima tenso de hoje é a principal preocupação da diretoria do Vasco. Cerca de 300 policiais militares vão trabalhar no estádio.
Obsoleto, São Januário quase foi palco de uma das maiores tragédias do futebol brasileiro.
No dia 30 de dezembro de 2000, parte do alambrado do estádio desabou durante a decisão da Copa João Havelange, deixando mais de cem torcedores feridos.
O alambrado cedeu após uma briga entre torcedores da Força Jovem por causa de Romário. Uma parte protestava contra o jogador, que acabava de ser substituído por contusão. A outra defendia o atacante.



Texto Anterior: Lusa busca manter desarmes e calibrar ataque contra Atlético-PR
Próximo Texto: Grato, Bebeto quer retribuir o "favor" do amigo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.