RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Ela divide seus 32 participantes em oito grupos com quatro equipes cada um. Reserva quatro fases de mata-mata. Reúne a nata do futebol mundial, movimenta milhões e atrai a atenção de mais de 150 países. A Copa dos Campeões desafia a Copa do Mundo da Fifa.
O principal interclubes do planeta começa para valer hoje, quando tem início, com oito jogos, a única fase de grupos da disputa. O formato do torneio mudou e ficou mais parecido com o Mundial de seleções.
Após a fase eliminatória, sobraram 32 times recheados de nomes que atuaram na Copa-2002. Se na Ásia desfilaram atletas de basicamente 32 nacionalidades, a competição européia leva a campo representantes de 70 países -serão quase 50 brasileiros.
Essa universalidade da liga é a maior ameaça à Fifa.
Os mais poderosos clubes europeus querem receber dinheiro, por exemplo, quando seus atletas estiverem disputando a Copa.
Também refutam participar do Mundial de Clubes da Fifa, competição lançada em 2000, mas que ainda não teve uma sequência.
A briga pelo calendário é ainda maior entre o G14, grupo dos poderosos clubes europeus que já conta com 18 membros, e a Fifa.
Cada vez mais determinados a não ceder atletas para amistosos extemporâneos de seleções, os times praticamente decretaram o fim da Copa das Confederações. Também influíram, mesmo que indiretamente, no espaçamento e nas rodadas duplas das eliminatórias sul-americanas da Copa.
Poderoso nos bastidores, o G14 ameaça até mesmo promover um locaute caso suas reivindicações não sejam atendidas. "Estamos fartos e poderá haver greve. A Fifa não está nem aí com os clubes, que pagam os salários dos jogadores que brilham nos Mundiais", afirmou o ex-jogador Karl-Heinz Rummenigge, vice-presidente do G14 e principal mandatário do Bayern de Munique.
Dentro de campo, o G14 também exibe força: os oito times que chegaram às quartas da Copa dos Campeões passada pertenciam ao grupo. Campeão da Copa da Uefa, o Porto também é sócio.
Nos bastidores, clubes como Real Madrid, Manchester United e Milan já dominaram as ações da Uefa, entidade máxima do futebol europeu. A Copa dos Campeões é organizada pela Uefa, mas quem está à frente de tudo são os times.
Milionários contratos de publicidade e de venda de direitos de transmissão são feitos pelos próprios clubes, alguns verdadeiras seleções. Só o Real Madrid reuniu Beckham, Ronaldo, Zidane, Figo, Raúl e Roberto Carlos, seis das maiores estrelas do futebol.
Mesmo em época de crise financeira, equipes desembolsam fortunas para simplesmente jogar a Copa dos Campeões. O Chelsea, da Inglaterra, investiu quase 160 milhões para a temporada.
Após dominarem a Europa, os times partem de vez para cima da Fifa, do mundo.