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Há 20 anos, time jogou Taça de Prata e afundou dentro do torneio do segundo escalão do país
Palmeiras-2002 não quer sofrer como Palmeiras-82
LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
À beira do precipício mais temido pelos grandes clubes, o Palmeiras balança para não cair para
a segunda divisão do Brasileiro.
Sua torcida, que amanhã torcerá
pelo Palmeiras e para outros times, pode ter que amargar tudo
em 2003, menos o ineditismo.
Há 20 anos, o Palmeiras fazia
outra terrível campanha em um
torneio de segundo escalão, no
subsolo da elite do futebol no país.
Foi em 1982, quando o time disputou a Taça de Prata, nomenclatura usada para "aliviar" o torneio
que não carrega a fama de ser o da
primeira divisão do futebol.
"Ninguém em um grande clube
quer disputar a segunda divisão.
Mas, quando não há outro jeito,
há muitas lições a serem tiradas
dela", afirmou o ex-zagueiro Luís
Pereira, um dos maiores ídolos
dos bons tempos da "Academia"
dos anos 70 e que também estava
nos maus momentos dos anos 80,
o fatídico 1982 inclusive.
O ex-jogador acompanha da
Europa o calvário de seu ex-clube.
Luís Pereira é hoje presidente do
time B do Atlético de Madrid, que
disputa a A-2, o que seria a terceira divisão espanhola. A função de
dirigente mascara a que é mesmo
a verdadeira, a de técnico do time
(não pode haver estrangeiro nas
categorias de base na Espanha).
"Tenho visto o que está acontecendo pela internet", contou Luís
Pereira. "Cada vez que ligo o computador depois de uma rodada é
uma expectativa enorme."
Mais perto do Palmeiras-02 está
Vagner Benazzi, lateral-direito do
Palmeiras-82 e hoje técnico do
Santo André. Um dos muitos jogadores criticados pela dura fase
verde do começo dos anos 80, ele
considera uma injustiça classificar aquele time como o pior Palmeiras de todos os tempos.
"Aumentaram muito. Pegaram
uns quatro jogadores para Cristo
e disseram que o time todo era
ruim. O problema é que havia
uma mudança constante [de atletas", muita indecisão. Além disso,
a equipe vivia um momento difícil com o torcedor, que cobrava
títulos, pois o último tinha sido
em 76", lembrou Benazzi.
Diferentemente do que pode
acontecer neste ano, o Palmeiras
não caiu no Brasileiro-81. O rebaixamento de divisão, caso venha amanhã, será, sim, inédito.
A Taça de Prata de 1982 veio à
custa da má performance no Paulistão do ano anterior, que servia
de classificatório para a segunda e
a primeira divisão do Nacional.
O Palmeiras já havia disputado
a Taça de Prata em 1981, mas na
mesma temporada ganhou a vaga
para a de Ouro e voltou, no mesmo ano, a jogar na elite.
Em 1982, na Taça de Prata, o desempenho foi horrível. Em uma
chave de seis times (Vila Nova,
Volta Redonda, Juventus, Operário de Várzea Grande e Anápolis),
o Palmeiras conseguiu não se
classificar para a segunda fase.
Foram três empates (dois em
casa), uma derrota e apenas uma
vitória. A torcida, que chegou a
lotar o Parque Antarctica na estréia contra o Juventus - 2 a 2-,
foi sumindo a cada partida.
Houve um episódio, depois do
0 a 0 contra o Anápolis, em que
Luís Pereira, ídolo do time, explodiu. "Se o Palmeiras não se classificar para a segunda fase, é melhor fechar as portas do clube",
desabafou na época.
As palavras teriam que servir de
estímulo para o próximo e decisivo jogo do Palmeiras, contra o Vila Nova, em Goiás, pela penúltima rodada. Deu Vila Nova, 2 a 1.
Em uma chave na qual se classificariam dois, o Palmeiras foi o terceiro colocado e ficou 70 dias sem
jogar uma partida oficial.
"Disse aquilo com a cabeça
quente. Numa situação dessas, é
muita pressão para cima dos jogadores. E você acaba falando bobagem", recordou Luís Pereira.
Um nome do Palmeiras de hoje
que estava ligado ao time na péssima campanha da segunda divisão de 1982 é o do presidente
Mustafá Contursi, que na época
era diretor administrativo do clube. Não conformado com o estado de penúria em que se encontrava o Palmeiras da segunda divisão, Contursi coordenou uma
força de oposição para concorrer
com Brício Pompeu de Toledo.
Com Fábio Victor, da Reportagem Local
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