São Paulo, sábado, 16 de novembro de 2002

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Há 20 anos, time jogou Taça de Prata e afundou dentro do torneio do segundo escalão do país

Palmeiras-2002 não quer sofrer como Palmeiras-82

LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

À beira do precipício mais temido pelos grandes clubes, o Palmeiras balança para não cair para a segunda divisão do Brasileiro. Sua torcida, que amanhã torcerá pelo Palmeiras e para outros times, pode ter que amargar tudo em 2003, menos o ineditismo.
Há 20 anos, o Palmeiras fazia outra terrível campanha em um torneio de segundo escalão, no subsolo da elite do futebol no país. Foi em 1982, quando o time disputou a Taça de Prata, nomenclatura usada para "aliviar" o torneio que não carrega a fama de ser o da primeira divisão do futebol.
"Ninguém em um grande clube quer disputar a segunda divisão. Mas, quando não há outro jeito, há muitas lições a serem tiradas dela", afirmou o ex-zagueiro Luís Pereira, um dos maiores ídolos dos bons tempos da "Academia" dos anos 70 e que também estava nos maus momentos dos anos 80, o fatídico 1982 inclusive.
O ex-jogador acompanha da Europa o calvário de seu ex-clube. Luís Pereira é hoje presidente do time B do Atlético de Madrid, que disputa a A-2, o que seria a terceira divisão espanhola. A função de dirigente mascara a que é mesmo a verdadeira, a de técnico do time (não pode haver estrangeiro nas categorias de base na Espanha).
"Tenho visto o que está acontecendo pela internet", contou Luís Pereira. "Cada vez que ligo o computador depois de uma rodada é uma expectativa enorme."
Mais perto do Palmeiras-02 está Vagner Benazzi, lateral-direito do Palmeiras-82 e hoje técnico do Santo André. Um dos muitos jogadores criticados pela dura fase verde do começo dos anos 80, ele considera uma injustiça classificar aquele time como o pior Palmeiras de todos os tempos.
"Aumentaram muito. Pegaram uns quatro jogadores para Cristo e disseram que o time todo era ruim. O problema é que havia uma mudança constante [de atletas", muita indecisão. Além disso, a equipe vivia um momento difícil com o torcedor, que cobrava títulos, pois o último tinha sido em 76", lembrou Benazzi.
Diferentemente do que pode acontecer neste ano, o Palmeiras não caiu no Brasileiro-81. O rebaixamento de divisão, caso venha amanhã, será, sim, inédito.
A Taça de Prata de 1982 veio à custa da má performance no Paulistão do ano anterior, que servia de classificatório para a segunda e a primeira divisão do Nacional.
O Palmeiras já havia disputado a Taça de Prata em 1981, mas na mesma temporada ganhou a vaga para a de Ouro e voltou, no mesmo ano, a jogar na elite.
Em 1982, na Taça de Prata, o desempenho foi horrível. Em uma chave de seis times (Vila Nova, Volta Redonda, Juventus, Operário de Várzea Grande e Anápolis), o Palmeiras conseguiu não se classificar para a segunda fase.
Foram três empates (dois em casa), uma derrota e apenas uma vitória. A torcida, que chegou a lotar o Parque Antarctica na estréia contra o Juventus - 2 a 2-, foi sumindo a cada partida.
Houve um episódio, depois do 0 a 0 contra o Anápolis, em que Luís Pereira, ídolo do time, explodiu. "Se o Palmeiras não se classificar para a segunda fase, é melhor fechar as portas do clube", desabafou na época.
As palavras teriam que servir de estímulo para o próximo e decisivo jogo do Palmeiras, contra o Vila Nova, em Goiás, pela penúltima rodada. Deu Vila Nova, 2 a 1. Em uma chave na qual se classificariam dois, o Palmeiras foi o terceiro colocado e ficou 70 dias sem jogar uma partida oficial.
"Disse aquilo com a cabeça quente. Numa situação dessas, é muita pressão para cima dos jogadores. E você acaba falando bobagem", recordou Luís Pereira.
Um nome do Palmeiras de hoje que estava ligado ao time na péssima campanha da segunda divisão de 1982 é o do presidente Mustafá Contursi, que na época era diretor administrativo do clube. Não conformado com o estado de penúria em que se encontrava o Palmeiras da segunda divisão, Contursi coordenou uma força de oposição para concorrer com Brício Pompeu de Toledo.


Com Fábio Victor, da Reportagem Local

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