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São Paulo, sexta-feira, 17 de janeiro de 2003

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BOXE

"É muito difícil"

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Desta vez, é da boca de um dos dois únicos campeões unificados que vem a explicação do fato de os títulos estarem fragmentados: a culpa é das organizações que controlam o esporte.
"Não é fácil [manter três cinturões unificados] (risos). É muito difícil. Você tem de satisfazer cada uma das organizações, e todas cobram taxas para sancionar cada uma das lutas", disse o russo Kostya Tszyu, campeão unificado dos meio-médios-ligeiros pelas três principais entidades, CMB, AMB e FIB, ao responder questões sobre o tema formuladas por esta coluna, em teleconferência.
Amanhã, Tszyu, 33, defende os três cinturões contra o americano "Jesse" James Leija, na Austrália.
"Mas essa é uma política na qual não gosto de me envolver, outras pessoas cuidam disso para mim. E elas vêm fazendo um bom trabalho, pois tenho mantido os cinturões", completou o russo.
Ainda durante a teleconferência, ao ser questionado se achava as entidades do boxe nocivas ao esporte, Tszyu esquivou-se, melhor até do que faria para escapar de golpes dentro de um ringue.
"Minha opinião é apenas minha opinião. O que ela importa? O que vai mudar?", perguntou.
Mas, por conta das demandas das entidades que controlam o pugilismo, o conceito de campeão unificado vai desaparecendo.
Além de Tszyu, o único outro a ter cinturões do CMB, da AMB e da FIB é o médio americano Bernard Hopkins. E esse corre o risco de perder um de seus títulos em breve, pois sua última defesa de cinturão foi em fevereiro de 2002.
O pesado Lennox Lewis tinha três cinturões. Perdeu o da AMB no tapetão e abriu mão do título da FIB por não considerar Chris Byrd um desafiante atraente.
Roy Jones, até há pouco campeão unificado dos meio-pesados, que em março luta com John Ruiz pelo título dos pesados da AMB, foi destituído do cinturão da FIB por não ter tido tempo de defendê-lo contra Antonio Tarver.
Uma injustiça, pois a única coisa que Jones Jr. vinha fazendo nos últimos anos era fazer defesa após defesa contra os desafiantes obrigatórios das três entidades (a grande maioria fraquíssima). E, por isso mesmo, era criticado.
Fora os supracitados, há aqueles campeões apenas parcialmente unificados: o médio-ligeiro Oscar de la Hoya (CMB e AMB) e o superpena brasileiro Acelino Freitas, o Popó (AMB e OMB).
Além das intermináveis defesas obrigatórias, que preenchem as agendas dos campeões unificados, outra coisa que irrita os campeões é que o fato de ter dois ou três títulos implica o pagamento de duas ou três vezes mais taxas.
Popó, por exemplo, é um daqueles que não gostam de pôr a mão no bolso quando o assunto são as taxas cobradas pelas entidades (e olha que ele tem só dois títulos). Ele já reclamou disso no passado.
Em outro tópico relacionado aos campeões múltiplos, Tszyu demonstrou não incluir em seus planos imediatos o cinturão da OMB, em poder do americano De Marcus Corley. "Esse, [o cinturão da OMB] seria um quarto título. A única coisa na qual penso no momento é o combate com Leija", respondeu, ao ser questionado sobre o assunto por esta coluna.
Boa notícia para todos os meio-médios-ligeiros, incluindo o brasileiro Kelson Carlos, quinto no ranking da OMB, que têm assim uma opção a mais (além de ter de passar pelo excelente Kostya Tszyu) para disputar um título.

Profissional 1
O médio-ligeiro José Archak, que tem três vitórias e já foi motivo de insatisfação de Popó para com o técnico Oscar Suarez, volta aos ringues no dia 14. Archak, aliás, já tem apelido nos EUA, "Shark Attack" ("Ataque de Tubarão"), trocadilho envolvendo seu sobrenome e estilo de luta. Todas as suas vitórias foram por nocaute.

Profissional 2
Na última segunda, morreu o ex-campeão Paul Pender, 72. Ele bateu "Sugar" Ray Robinson, então com 38 anos, duas vezes.

Amador
O superpesado Raphael Zumbano, primo do ex-bicampeão Eder Jofre, estréia na tradicional Forja de Campeões, dia 1º de abril, na décima rodada. O torneio começa na terça, no Baby Barione (SP). Como há 19 superpesados, Raphael virou cabeça-de-chave. Ele pega o vencedor de Fernando Gustavo x Rogério Ferraz Gimenez.

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