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BOXE
"É muito difícil"
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Desta vez, é da boca de um
dos dois únicos campeões
unificados que vem a explicação
do fato de os títulos estarem fragmentados: a culpa é das organizações que controlam o esporte.
"Não é fácil [manter três cinturões unificados] (risos). É muito
difícil. Você tem de satisfazer cada uma das organizações, e todas
cobram taxas para sancionar cada uma das lutas", disse o russo
Kostya Tszyu, campeão unificado
dos meio-médios-ligeiros pelas
três principais entidades, CMB,
AMB e FIB, ao responder questões sobre o tema formuladas por
esta coluna, em teleconferência.
Amanhã, Tszyu, 33, defende os
três cinturões contra o americano
"Jesse" James Leija, na Austrália.
"Mas essa é uma política na
qual não gosto de me envolver,
outras pessoas cuidam disso para
mim. E elas vêm fazendo um bom
trabalho, pois tenho mantido os
cinturões", completou o russo.
Ainda durante a teleconferência, ao ser questionado se achava
as entidades do boxe nocivas ao
esporte, Tszyu esquivou-se, melhor até do que faria para escapar
de golpes dentro de um ringue.
"Minha opinião é apenas minha opinião. O que ela importa?
O que vai mudar?", perguntou.
Mas, por conta das demandas
das entidades que controlam o
pugilismo, o conceito de campeão
unificado vai desaparecendo.
Além de Tszyu, o único outro a
ter cinturões do CMB, da AMB e
da FIB é o médio americano Bernard Hopkins. E esse corre o risco
de perder um de seus títulos em
breve, pois sua última defesa de
cinturão foi em fevereiro de 2002.
O pesado Lennox Lewis tinha
três cinturões. Perdeu o da AMB
no tapetão e abriu mão do título
da FIB por não considerar Chris
Byrd um desafiante atraente.
Roy Jones, até há pouco campeão unificado dos meio-pesados,
que em março luta com John Ruiz
pelo título dos pesados da AMB,
foi destituído do cinturão da FIB
por não ter tido tempo de defendê-lo contra Antonio Tarver.
Uma injustiça, pois a única coisa que Jones Jr. vinha fazendo nos
últimos anos era fazer defesa após
defesa contra os desafiantes obrigatórios das três entidades (a
grande maioria fraquíssima). E,
por isso mesmo, era criticado.
Fora os supracitados, há aqueles campeões apenas parcialmente unificados: o médio-ligeiro Oscar de la Hoya (CMB e AMB) e o
superpena brasileiro Acelino
Freitas, o Popó (AMB e OMB).
Além das intermináveis defesas
obrigatórias, que preenchem as
agendas dos campeões unificados, outra coisa que irrita os campeões é que o fato de ter dois ou
três títulos implica o pagamento
de duas ou três vezes mais taxas.
Popó, por exemplo, é um daqueles que não gostam de pôr a mão
no bolso quando o assunto são as
taxas cobradas pelas entidades (e
olha que ele tem só dois títulos).
Ele já reclamou disso no passado.
Em outro tópico relacionado
aos campeões múltiplos, Tszyu
demonstrou não incluir em seus
planos imediatos o cinturão da
OMB, em poder do americano De
Marcus Corley. "Esse, [o cinturão
da OMB] seria um quarto título.
A única coisa na qual penso no
momento é o combate com Leija",
respondeu, ao ser questionado sobre o assunto por esta coluna.
Boa notícia para todos os meio-médios-ligeiros, incluindo o brasileiro Kelson Carlos, quinto no
ranking da OMB, que têm assim
uma opção a mais (além de ter de
passar pelo excelente Kostya
Tszyu) para disputar um título.
Profissional 1
O médio-ligeiro José Archak, que tem três vitórias e já foi motivo
de insatisfação de Popó para com o técnico Oscar Suarez, volta aos
ringues no dia 14. Archak, aliás, já tem apelido nos EUA, "Shark
Attack" ("Ataque de Tubarão"), trocadilho envolvendo seu sobrenome e estilo de luta. Todas as suas vitórias foram por nocaute.
Profissional 2
Na última segunda, morreu o ex-campeão Paul Pender, 72. Ele bateu "Sugar" Ray Robinson, então com 38 anos, duas vezes.
Amador
O superpesado Raphael Zumbano, primo do ex-bicampeão Eder
Jofre, estréia na tradicional Forja de Campeões, dia 1º de abril, na
décima rodada. O torneio começa na terça, no Baby Barione (SP).
Como há 19 superpesados, Raphael virou cabeça-de-chave. Ele pega o vencedor de Fernando Gustavo x Rogério Ferraz Gimenez.
E-mail eohata@folhasp.com.br
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