São Paulo, quarta-feira, 17 de março de 2004

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Corintianos levam tapas e ovos, e Rivellino pode sair

Na véspera de jogo no Ceará pela Copa do Brasil, Gaviões da Fiel ataca jogadores em Cumbica

RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL

Abandonados pela diretoria, os jogadores do Corinthians sentiram na pele ontem a fúria da Gaviões da Fiel. No embarque para Fortaleza, onde o time enfrenta o Ferroviário, hoje, às 21h40, pela segunda rodada da Copa do Brasil, eles receberam ovos e tapas.
Cerca de 20 integrantes da organizada protestaram pela manhã no aeroporto de Cumbica contra a equipe, que só não foi rebaixada no Paulista por causa da vitória do São Paulo por 2 a 1 sobre o Juventus, no domingo.
A fraca campanha no torneio estadual também aumenta a crise na cúpula corintiana. O diretor técnico Rivellino disse ontem que pedirá demissão caso não sejam contratados reforços "de peso" para a disputa do Brasileiro.
"Preciso ter condições de trabalho para continuar", afirmou.
Rivellino concordou com a revolta da torcida, mas condenou as agressões aos atletas. O volante Fabrício, o atacante Gil e o meia Rodrigo foram atingidos pelos ovos. Fabrício também levou um tapa nas costas, mesma agressão sofrida pelos laterais-esquerdos Moreno e Fininho.
A organizada anunciara na véspera que protestaria no embarque. Porém os dirigentes não solicitaram um reforço de segurança, segundo Marçal Goulart, gerente de operações do aeroporto.
"Acho que o Corinthians prefere correr risco e deixar a torcida se manifestar", afirmou Goulart.
Antonio Roque Citadini, vice de futebol corintiano, que não compareceu ao embarque do time e se recusou a comentar a possível saída de Rivellino, reclamou da administração de Cumbica.
"O aeroporto deveria garantir a segurança de todos que embarcam. Não é a presença de um diretor que vai fazer isso", afirmou.
O dirigente só viajou ontem à noite para Fortaleza. Citadini disse que não acompanhou os jogadores porque tinha compromissos no Tribunal de Contas do Estado, onde trabalha.
Como nenhum outro dirigente foi escalado para a viagem, só jogadores, comissão técnica e guarda-costas embarcaram.
A ausência de cartolas frustrou os planos dos torcedores. "O principal alvo é a diretoria, que mais uma vez foi covarde e não apareceu", disse Herbert César, conselheiro da Gaviões da Fiel.
Os jogadores não falam publicamente sobre o assunto, mas já tinham se irritado com o fato de nenhum dirigente aparecer no vestiário do clube após a derrota para a Portuguesa Santista.
Os atletas ficaram mais de uma hora no vestiário, enquanto a Polícia Militar tentava dissolver um protesto da Gaviões.
Rivellino, que não comparecera ao treino anteontem, afirmou que não é sua obrigação ir aos jogos ou viajar. "Tenho que ir aos treinos, não fui ao último por causa de problemas particulares."
Ele e Citadini disseram não esperar pela manifestação, que mobilizou às pressas seguranças do aeroporto -alguns ficaram com os ternos sujos de ovos- e 11 policiais militares que normalmente trabalham em Cumbica.
Sem sucesso em alguns casos, eles tentaram impedir que os torcedores se aproximassem aos berros dos jogadores. Por cerca de dez minutos, os manifestantes gritaram: "Tem que ser homem para jogar no Coringão". A maioria dos atletas abaixou a cabeça e seguiu para o portão de embarque, onde foram atirados os ovos.
A organizada, que atirou um ovo em Citadini no ano passado e fez uma emboscada ao ônibus do time em 1997, prometeu nova manifestação no retorno, mesmo em caso de vitória (se ganhar por ao menos dois gols de vantagem, o Corinthians elimina o jogo de volta). A diretoria vai reforçar a segurança a partir de agora.


NA TV - Globo (só para SP), ao vivo, às 21h40


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