|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Corintianos levam tapas e ovos, e Rivellino pode sair
Na véspera de jogo no Ceará pela Copa do Brasil, Gaviões da Fiel ataca jogadores em Cumbica
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL
Abandonados pela diretoria, os
jogadores do Corinthians sentiram na pele ontem a fúria da Gaviões da Fiel. No embarque para
Fortaleza, onde o time enfrenta o
Ferroviário, hoje, às 21h40, pela
segunda rodada da Copa do Brasil, eles receberam ovos e tapas.
Cerca de 20 integrantes da organizada protestaram pela manhã
no aeroporto de Cumbica contra
a equipe, que só não foi rebaixada
no Paulista por causa da vitória
do São Paulo por 2 a 1 sobre o Juventus, no domingo.
A fraca campanha no torneio
estadual também aumenta a crise
na cúpula corintiana. O diretor
técnico Rivellino disse ontem que
pedirá demissão caso não sejam
contratados reforços "de peso"
para a disputa do Brasileiro.
"Preciso ter condições de trabalho para continuar", afirmou.
Rivellino concordou com a revolta da torcida, mas condenou as
agressões aos atletas. O volante
Fabrício, o atacante Gil e o meia
Rodrigo foram atingidos pelos
ovos. Fabrício também levou um
tapa nas costas, mesma agressão
sofrida pelos laterais-esquerdos
Moreno e Fininho.
A organizada anunciara na véspera que protestaria no embarque. Porém os dirigentes não solicitaram um reforço de segurança,
segundo Marçal Goulart, gerente
de operações do aeroporto.
"Acho que o Corinthians prefere correr risco e deixar a torcida se
manifestar", afirmou Goulart.
Antonio Roque Citadini, vice de
futebol corintiano, que não compareceu ao embarque do time e se
recusou a comentar a possível saída de Rivellino, reclamou da administração de Cumbica.
"O aeroporto deveria garantir a
segurança de todos que embarcam. Não é a presença de um diretor que vai fazer isso", afirmou.
O dirigente só viajou ontem à
noite para Fortaleza. Citadini disse que não acompanhou os jogadores porque tinha compromissos no Tribunal de Contas do Estado, onde trabalha.
Como nenhum outro dirigente
foi escalado para a viagem, só jogadores, comissão técnica e guarda-costas embarcaram.
A ausência de cartolas frustrou
os planos dos torcedores. "O principal alvo é a diretoria, que mais
uma vez foi covarde e não apareceu", disse Herbert César, conselheiro da Gaviões da Fiel.
Os jogadores não falam publicamente sobre o assunto, mas já tinham se irritado com o fato de nenhum dirigente aparecer no vestiário do clube após a derrota para
a Portuguesa Santista.
Os atletas ficaram mais de uma
hora no vestiário, enquanto a Polícia Militar tentava dissolver um
protesto da Gaviões.
Rivellino, que não comparecera
ao treino anteontem, afirmou que
não é sua obrigação ir aos jogos
ou viajar. "Tenho que ir aos treinos, não fui ao último por causa
de problemas particulares."
Ele e Citadini disseram não esperar pela manifestação, que mobilizou às pressas seguranças do
aeroporto -alguns ficaram com
os ternos sujos de ovos- e 11 policiais militares que normalmente
trabalham em Cumbica.
Sem sucesso em alguns casos,
eles tentaram impedir que os torcedores se aproximassem aos berros dos jogadores. Por cerca de
dez minutos, os manifestantes
gritaram: "Tem que ser homem
para jogar no Coringão". A maioria dos atletas abaixou a cabeça e
seguiu para o portão de embarque, onde foram atirados os ovos.
A organizada, que atirou um
ovo em Citadini no ano passado e
fez uma emboscada ao ônibus do
time em 1997, prometeu nova manifestação no retorno, mesmo em
caso de vitória (se ganhar por ao
menos dois gols de vantagem, o
Corinthians elimina o jogo de volta). A diretoria vai reforçar a segurança a partir de agora.
NA TV - Globo (só para SP), ao
vivo, às 21h40
Texto Anterior: Painel FC Próximo Texto: Frase Índice
|