|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ADMINISTRAÇÃO
Relatório do TCU diz que comitê pagou com dinheiro da Lei Piva passeio de delegação de ginástica à Disney
COB usou verba pública indevidamente
GUILHERME ROSEGUINI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Comitê Olímpico Brasileiro
bancou com dinheiro público
parte do passeio que atletas, treinadores e dirigentes da ginástica
artística fizeram em uma das filiais da Disney, nos EUA, e precisou devolver a verba aos cofres.
Relatório do Tribunal de Contas
da União concluído ontem mostra que o COB utilizou R$ 3.598,44
oriundos da Lei Piva para custear
a visita da delegação a um parque
temático em Orlando (Flórida),
no final de agosto do ano passado.
O processo foi instaurado após
reportagem da Folha, publicada
no dia 28 de agosto, mostrando os
minúcias do período que os ginastas passaram na Disney.
O TCU fiscaliza a aplicação dos
recursos da lei desde 2001. Esta
foi, porém, a primeira vez em que
o comitê acabou restituindo um
valor utilizado irregularmente
-antes, só o Comitê Paraolímpico havia recebido condenação.
O COB, contudo, antecipou-se à
decisão do TCU. Em outubro de
2003, cinco meses antes de o processo ser concluído, o valor foi recolocado na conta em que o dinheiro público fica armazenado.
A estada da ginástica na Disney
ocorreu após o Brasil realizar sua
melhor participação em Mundiais e assistir à conquista do histórico ouro de Daiane dos Santos.
Em Anaheim, entre 16 e 24 de
agosto, o país classificou sete atletas -a equipe feminina e Mosiah
Rodrigues- para Atenas-04, ficou em sexto lugar na classificação geral e viu a primeira grande
conquista de Daiane no solo.
Como prêmio, a Confederação
Brasileira de Ginástica decidiu
bancar a passagem do time pela
Disney. Segundo o TCU, a CBG
pediu à agência de viagens Tamoyo Internacional, que opera no
Rio e trabalha com o COB, que
mandasse a conta do período na
Flórida para Curitiba, onde fica a
entidade. A confederação pretendia pagar os valores com verba da
Coca-Cola, seu patrocinador.
A Tamoyo, todavia, enviou a fatura para o comitê olímpico. Sem
titubear nem questionar o mérito
dos gastos, a entidade satisfez a
dívida com dinheiro público.
Aprovada em julho de 2001, a
lei, que leva o nome do ex-senador Pedro Piva (PSDB-SP), destina 2% da arrecadação das loterias
da Caixa Econômica Federal ao
COB, que fica com 85% do total, e
ao CPB, que recebe 15%.
Em 2003, o repasse angariado
pelo COB foi de R$ 47.435.545,45.
Parte da verba foi distribuída às
confederações. A CBG utilizou
R$ 1.585.677,48 para tocar as atividades no último ano. Em 2002,
havia aplicado R$ 896.103,77.
No caso da viagem à Disney, o
comitê presidido por Carlos Arthur Nuzman agiu depois que o
TCU já havia começado a investigar o uso do dinheiro.
O tribunal conta que, quando o
COB detectou o emprego irregular da verba, pediu à CBG que ressarcisse o valor imediatamente,
utilizando os recursos que recebe
da Coca-Cola. A devolução ocorreu no final de outubro.
Mesmo assim, o TCU faz uma
advertência ao comitê. No relatório divulgado ontem, o órgão pede que o COB "adote providências para aperfeiçoar seus controles internos, de forma que as despesas efetuadas com recursos
provenientes da Lei Piva sejam
realizadas em rigorosa conformidade com as linhas de aplicação
estabelecidas por essa norma."
Alegando que não houve má-fé
da CBG, exigiu também do COB
atenção especial com o item "passagens aéreas", que motivou a investigação da viagem à Disney.
Colaborou Cristiano Cipriano Pombo,
da Reportagem Local
Texto Anterior: Futebol - Tostão: Pular etapas Próximo Texto: Outro lado: Comitê diz que só se pronuncia após ver documento Índice
|