São Paulo, quinta-feira, 17 de março de 2005

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AÇÃO

Mais perto da lua cheia

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

A partir da semana que vem, o Brasil viverá o que possivelmente será sua maior investida em alta montanha de todos os tempos. Duas expedições saem simultaneamente rumo ao teto do mundo, o monte Everest (8.848 m), no Himalaia. A dupla Vitor Negrete e Rodrigo Raineri, de Campinas (SP), tentará o cume sem o uso de oxigênio suplementar pela face norte (tibetana), a mais difícil. Já a dupla Waldemar Niclevicz e Irivan Burda, de Curitiba (PR), tentará o cume pela face sul (nepalesa), que, mesmo considerada menos difícil, nunca foi conquistada por brasileiros.
Será a primeira vez de Rodrigo e Vitor acima dos 7.000 m. A dupla possui amplo domínio dos Andes, já tendo alcançado cumes em quase todas as rotas e condições. Só no Aconcágua (6.962 m), o teto da América, que também é a montanha mais alta do mundo fora do Himalaia, a dupla soma dez cumes. Mas nunca estiveram na chamada "zona da morte", situada acima dos 8.000 m, e a sua adaptação a essas condições ainda é uma incógnita. Estão levando garrafas de oxigênio? "Só um par, para o caso de haver uma emergência durante a descida", diz Rodrigo. Se tiverem sucesso, irão se juntar a um seletíssimo grupo de 28 ocidentais que lograram o feito, além de se tornarem os primeiros brasileiros a fazê-lo.
Já Waldemar e Irivan têm uma boa experiência acima dos 7.000 m. Entre os sucessos de Waldemar constam 6 das 14 montanhas acima de 8.000 m existentes no mundo. Todas no Himalaia. A dupla tentou há pouco tempo o cume do Everest sem oxigênio em uma expedição que pretendia também o cume do Lhotse, cuja rota é a mesma do Everest até o colo sul. O Lhotse foi alcançado, com oxigênio, mas o Everest não rolou. O projeto atual contempla o uso das garrafas de oxigênio e tem por objetivo festejar os dez anos da conquista brasileira realizada pelo próprio Waldemar, ao lado de Mozart Catão, que morreu escalando o Aconcágua. Abandonar as garrafas? "Talvez, se as condições permitirem", diz Waldemar.
Mesmo que o estilo de escalada não coincida, há chances de as duplas atacarem o cume na mesma data, na lua cheia de maio.
Na terça passada, a TryOn, que patrocina ambas as equipes, promoveu uma coletiva de imprensa onde os projetos foram apresentados. Waldemar e Irivan impressionavam pela seriedade e tecnicismo do discurso, enquanto Rodrigo e Vitor emocionavam pela espontaneidade e pela possibilidade de concretizar um sonho.
No mais, o clima geral era de "fair play", e o CEO da marca, Gerson Schmitt, exibia uma alegria contagiante em estar proporcionando ao esporte uma condição poucas vezes vista. Para ele, o que interessa é que o esporte ganhe visibilidade e que sua marca se consolide como uma das mais atuantes nos esportes de aventura. Bancando duas expedições simultâneas, a TryOn contrasta com marcas que preferem só a propaganda para demonstrar seu compromisso com o esporte. Falando em compromisso, Gerson frisou que o único assumido pelos atletas é o de voltar em segurança para casa. Que assim seja.

WQS - Austrália
Neco Padaratz defende o título do Salomon Masters, prova que marcou o início de sua arrancada para o bi mundial da divisão de acesso. Outros 20 surfistas brasileiros seguem na prova em Margareth River.

Mundial de paragliding
Começou na segunda e vai até o dia 27, em Governador Valadares (MG), a nona edição da etapa brasileira válida pelo circuito da PWC. O brasileiro Frank Brown (3º no ranking de 2004) é forte favorito.

Alma pan-americana
O livro que conta a aventura sobre duas rodas e uma prancha de Adrian Kojin, editor da revista "Fluir", ganhou nova edição e foi lançado nesta semana.


E-mail: sarli@trip.com.br

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