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AÇÃO
Mais perto da lua cheia
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
A partir da semana que
vem, o Brasil viverá o que
possivelmente será sua maior investida em alta montanha de todos os tempos. Duas expedições
saem simultaneamente rumo ao
teto do mundo, o monte Everest
(8.848 m), no Himalaia. A dupla
Vitor Negrete e Rodrigo Raineri,
de Campinas (SP), tentará o cume sem o uso de oxigênio suplementar pela face norte (tibetana),
a mais difícil. Já a dupla Waldemar Niclevicz e Irivan Burda, de
Curitiba (PR), tentará o cume pela face sul (nepalesa), que, mesmo
considerada menos difícil, nunca
foi conquistada por brasileiros.
Será a primeira vez de Rodrigo
e Vitor acima dos 7.000 m. A dupla possui amplo domínio dos
Andes, já tendo alcançado cumes
em quase todas as rotas e condições. Só no Aconcágua (6.962 m),
o teto da América, que também é
a montanha mais alta do mundo
fora do Himalaia, a dupla soma
dez cumes. Mas nunca estiveram
na chamada "zona da morte", situada acima dos 8.000 m, e a sua
adaptação a essas condições ainda é uma incógnita. Estão levando garrafas de oxigênio? "Só um
par, para o caso de haver uma
emergência durante a descida",
diz Rodrigo. Se tiverem sucesso,
irão se juntar a um seletíssimo
grupo de 28 ocidentais que lograram o feito, além de se tornarem
os primeiros brasileiros a fazê-lo.
Já Waldemar e Irivan têm uma
boa experiência acima dos 7.000
m. Entre os sucessos de Waldemar
constam 6 das 14 montanhas acima de 8.000 m existentes no mundo. Todas no Himalaia. A dupla
tentou há pouco tempo o cume do
Everest sem oxigênio em uma expedição que pretendia também o
cume do Lhotse, cuja rota é a
mesma do Everest até o colo sul. O
Lhotse foi alcançado, com oxigênio, mas o Everest não rolou. O
projeto atual contempla o uso das
garrafas de oxigênio e tem por objetivo festejar os dez anos da conquista brasileira realizada pelo
próprio Waldemar, ao lado de
Mozart Catão, que morreu escalando o Aconcágua. Abandonar
as garrafas? "Talvez, se as condições permitirem", diz Waldemar.
Mesmo que o estilo de escalada
não coincida, há chances de as
duplas atacarem o cume na mesma data, na lua cheia de maio.
Na terça passada, a TryOn, que
patrocina ambas as equipes, promoveu uma coletiva de imprensa
onde os projetos foram apresentados. Waldemar e Irivan impressionavam pela seriedade e tecnicismo do discurso, enquanto Rodrigo e Vitor emocionavam pela
espontaneidade e pela possibilidade de concretizar um sonho.
No mais, o clima geral era de
"fair play", e o CEO da marca,
Gerson Schmitt, exibia uma alegria contagiante em estar proporcionando ao esporte uma condição poucas vezes vista. Para ele, o
que interessa é que o esporte ganhe visibilidade e que sua marca
se consolide como uma das mais
atuantes nos esportes de aventura. Bancando duas expedições simultâneas, a TryOn contrasta
com marcas que preferem só a
propaganda para demonstrar seu
compromisso com o esporte. Falando em compromisso, Gerson
frisou que o único assumido pelos
atletas é o de voltar em segurança
para casa. Que assim seja.
WQS - Austrália
Neco Padaratz defende o título do Salomon Masters, prova que marcou o início de sua arrancada para o bi mundial da divisão de acesso.
Outros 20 surfistas brasileiros seguem na prova em Margareth River.
Mundial de paragliding
Começou na segunda e vai até o dia 27, em Governador Valadares
(MG), a nona edição da etapa brasileira válida pelo circuito da PWC.
O brasileiro Frank Brown (3º no ranking de 2004) é forte favorito.
Alma pan-americana
O livro que conta a aventura sobre duas rodas e uma prancha de
Adrian Kojin, editor da revista "Fluir", ganhou nova edição e foi lançado nesta semana.
E-mail: sarli@trip.com.br
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