São Paulo, terça-feira, 17 de abril de 2001

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FUTEBOL

Ministério Público se antecipa à CPI da Câmara e decide apurar os negócios da CBF e da empresa do ex-ministro

Procuradoria já investiga Pelé e Teixeira

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL FC

A Procuradoria da República do Rio de Janeiro solicitou informações à CPI da CBF/Nike sobre seis empréstimos feitos no exterior pela entidade que comanda o futebol no Brasil. A suspeita é de evasão de divisas.
O órgão também pediu ajuda da comissão, instalada na Câmara, para investigar a empresa Pelé Sports & Marketing, do ex-jogador e ex-ministro Pelé e do empresário Hélio Vianna. Ela é suspeita de sonegação de impostos.
Com os pedidos de informação, que abrem as investigações do Ministério Público no caso, a Procuradoria se antecipa à CPI.
Ao final de seus trabalhos, daqui a 45 dias, a comissão solicitaria a apuração do Ministério Público nos dois casos, pois alguns deputados estão convencidos de que ocorreram irregularidades nos empréstimos e nos negócios da Pelé Sports & Marketing.
A Procuradoria da República pode, após a analisar as informações, dar três encaminhamentos para os casos: abrir um inquérito, o que aprofundaria as investigações, arquivá-los ou denunciá-los à Justiça Federal.
Segundo a CPI, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) contraiu pelo menos seis empréstimos no exterior, com o Delta Bank (EUA), pelos quais teria pago só de juros US$ 10 milhões.
O valor é considerado alto pela comissão, que suspeita de irregularidades no negócio.
O empréstimo que mais chama a atenção dos deputados foi tomado em 27 de outubro de 1998, no valor de US$ 7 milhões, com vencimento em janeiro de 1999 (veja quadro nesta página).
A Procuradoria do Rio também vai pedir informações ao BC (Banco Central) e à Receita Federal sobre os empréstimos, que totalizaram, de acordo com a CPI, US$ 30 milhões.
Em requerimento enviado à CPI, a Procuradoria pediu todos os dados relativos às quebras de sigilo da CBF e de seu presidente, Ricardo Teixeira, que prestou depoimento à comissão na última terça-feira. No caso da empresa Pelé Sports & Marketing, o órgão solicitou também informações sobre Vianna e Pelé.
Os sigilos bancário e fiscal da CBF e de Teixeira foram quebrados no final do ano passado. O sigilo da Pelé Sports & Marketing foi quebrado na semana passada, assim como o de Vianna.
Já Pelé não teve os sigilos quebrados pela CPI.
A comissão da Câmara investiga uma suposta sonegação de impostas da empresa no ano de 1998. Vianna depôs dia 3 último.
A Folha ligou ontem para o escritório do empresário Hélio Viana, no Rio, mas ele não respondeu ao pedido de entrevista.
O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, também não foi localizado ontem à tarde.
Em seus depoimentos à comissão, Teixeira e Vianna negaram irregularidades nos negócios.


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