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São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 2003

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AÇÃO

Nem Jaws nem Maverick's

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Estar em cima de um prédio de seis andares, olhar para baixo, uma rampa se movendo, sair deslizando, fazer a curva no térreo, dá uma sensação, dá uma sensação... indescritível.
Foi mais ou menos assim que ouvi um experiente surfista do tow in descrever (ou ao menos tentar fazê-lo) a emoção de desafiar uma onda de 20 metros, experiência que só se tornou possível com o auxílio do jet-ski.
Uma onda dessa dimensão se move a cerca de 50 quilômetros por hora, tornando praticamente impossível alcançá-la somente com a propulsão humana, na remada. Rebocado pelo jet-ski, o surfista é projetado para a onda à velocidade de 70 quilômetros horários, o que lhe garante uma considerável vantagem inicial sobre o monstro.
Muito controverso a princípio, o uso da poluente e barulhenta embarcação motorizada dividiu as opiniões dos surfistas, mas, diante dos progressos alcançados, no tamanho das ondas e nas possibilidades de manobras com o uso de pranchas menores, sua aceitação foi inevitável.
Amanhã à noite na Califórnia, nos EUA, madrugada de sábado por aqui, será conhecido o resultado do Billabong XXL Big Wave Awards, concurso que irá premiar com US$ 60 mil o surfista da maior onda alcançada por qualquer meio na temporada, mais US$ 1.000 por pé (0,33 metro) excedente a 60 pés.
No ano passado, com uma onda avaliada em 68 pés, o brasileiro Carlos Burle ficou com o prêmio, então de US$ 50 mil, e, acima de tudo, com o reconhecimento da comunidade internacional, que colocou a onda conquistada em Maverick's, na Califórnia, pelo pernambucano, entre as três maiores da história.
Neste ano, seu parceiro e conterrâneo Eraldo Gueiros é o único brasileiro no páreo.
Ele vai disputar com os norte-americanos Toby Cunningham e Gary Linden na categoria Paddle In (remando), cuja premiação é de US$ 5.000.
Eraldo conseguiu registrar um feito inédito ao entrar no mar remando nas condições em que Jaws, Maui, Havaí, se encontrava em 27 de janeiro, e tem grandes chances de ratificar a força do "big wave" nacional.
Inéditas e surpreendentes também foram as imagens inscritas há apenas três semanas do final do concurso e que vão complicar o já complicado critério para se medir uma onda.
As fotos foram captadas no dia 10 de março em Belharra Reef, costa basca da França, e duas delas, de Fred Basse e Sebastian St. Jean, estão entre as finalistas.
Cheyne Horan, Noah Johnson e Makua Rothman, os outros três finalistas na categoria principal, com ondas surfadas em Jaws em 26 de novembro, argumentam, em causa própria, que as ondas francesas são menos tubulares que as havaianas.
A essa altura, os juízes já devem estar com a cabeça quente e usando todos os recursos disponíveis para a medição, mas, como disse o diretor do concurso Bill Sharp, não há como negar que o olhar humano terá grande peso na decisão final.

Mais Tow-in
Em Maresias (SP), no final de semana, só surfou quem foi rebocado. E, no Rio, Sandro Dias, depois de vencer no skate vertical das X-Games, se jogou em ondas de três metros puxado por Formiga.

Recorde pára-quedismo
Saltando de quatro aviões a uma altura de 4.200 m, 64 atletas tentarão amanhã, em Campinas (SP), a quebra do recorde brasileiro e sul-americano de formação em queda livre na figura de um "diamante" e sob o tema "dando as mãos no céu pela paz mundial".

Mountain board
O brasileiro Fernando Ferro disputa entre 25 e 27 de abril um campeonato na Nova Zelândia, país que recebe o próximo mundial.

E-mail sarli@revistatrip.com.br


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