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AÇÃO
Nem Jaws nem Maverick's
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Estar em cima de um prédio
de seis andares, olhar para
baixo, uma rampa se movendo,
sair deslizando, fazer a curva no
térreo, dá uma sensação, dá uma
sensação... indescritível.
Foi mais ou menos assim que
ouvi um experiente surfista do
tow in descrever (ou ao menos
tentar fazê-lo) a emoção de desafiar uma onda de 20 metros, experiência que só se tornou possível
com o auxílio do jet-ski.
Uma onda dessa dimensão se
move a cerca de 50 quilômetros
por hora, tornando praticamente
impossível alcançá-la somente
com a propulsão humana, na remada. Rebocado pelo jet-ski, o
surfista é projetado para a onda à
velocidade de 70 quilômetros horários, o que lhe garante uma
considerável vantagem inicial sobre o monstro.
Muito controverso a princípio, o
uso da poluente e barulhenta embarcação motorizada dividiu as
opiniões dos surfistas, mas, diante
dos progressos alcançados, no tamanho das ondas e nas possibilidades de manobras com o uso de
pranchas menores, sua aceitação
foi inevitável.
Amanhã à noite na Califórnia,
nos EUA, madrugada de sábado
por aqui, será conhecido o resultado do Billabong XXL Big Wave
Awards, concurso que irá premiar com US$ 60 mil o surfista da
maior onda alcançada por qualquer meio na temporada, mais
US$ 1.000 por pé (0,33 metro) excedente a 60 pés.
No ano passado, com uma onda
avaliada em 68 pés, o brasileiro
Carlos Burle ficou com o prêmio,
então de US$ 50 mil, e, acima de
tudo, com o reconhecimento da
comunidade internacional, que
colocou a onda conquistada em
Maverick's, na Califórnia, pelo
pernambucano, entre as três
maiores da história.
Neste ano, seu parceiro e conterrâneo Eraldo Gueiros é o único
brasileiro no páreo.
Ele vai disputar com os norte-americanos Toby Cunningham e
Gary Linden na categoria Paddle
In (remando), cuja premiação é
de US$ 5.000.
Eraldo conseguiu registrar um
feito inédito ao entrar no mar remando nas condições em que
Jaws, Maui, Havaí, se encontrava
em 27 de janeiro, e tem grandes
chances de ratificar a força do
"big wave" nacional.
Inéditas e surpreendentes também foram as imagens inscritas
há apenas três semanas do final
do concurso e que vão complicar
o já complicado critério para se
medir uma onda.
As fotos foram captadas no dia
10 de março em Belharra Reef,
costa basca da França, e duas delas, de Fred Basse e Sebastian St.
Jean, estão entre as finalistas.
Cheyne Horan, Noah Johnson e
Makua Rothman, os outros três
finalistas na categoria principal,
com ondas surfadas em Jaws em
26 de novembro, argumentam,
em causa própria, que as ondas
francesas são menos tubulares
que as havaianas.
A essa altura, os juízes já devem
estar com a cabeça quente e usando todos os recursos disponíveis
para a medição, mas, como disse
o diretor do concurso Bill Sharp,
não há como negar que o olhar
humano terá grande peso na decisão final.
Mais Tow-in
Em Maresias (SP), no final de semana, só surfou quem foi rebocado.
E, no Rio, Sandro Dias, depois de vencer no skate vertical das X-Games, se jogou em ondas de três metros puxado por Formiga.
Recorde pára-quedismo
Saltando de quatro aviões a uma altura de 4.200 m, 64 atletas tentarão
amanhã, em Campinas (SP), a quebra do recorde brasileiro e sul-americano de formação em queda livre na figura de um "diamante"
e sob o tema "dando as mãos no céu pela paz mundial".
Mountain board
O brasileiro Fernando Ferro disputa entre 25 e 27 de abril um campeonato na Nova Zelândia, país que recebe o próximo mundial.
E-mail sarli@revistatrip.com.br
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