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FUTEBOL
Argumento da entidade para contrariar tendência mundial em relação à discriminação é não deixar tema ser esquecido
FPF espera 2006 para agir contra racismo
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Federação Paulista de Futebol
lançará uma campanha contra o
racismo no futebol. Mas não
aproveitará o último dia do Estadual para fazê-lo. Em vez de dar
início à iniciativa hoje, a entidade
prefere começar a promover oficialmente o combate à discriminação racial só em 2006.
"Temos o projeto de iniciar
uma campanha oficial antes do
início do Paulista do ano que
vem", afirmou à Folha Marco Polo Del Nero, presidente da FPF.
Ele disse que, na reta final do Estadual, a entidade vai se limitar a
apoiar atos promovidos por outros órgãos. "A FPF respalda qualquer campanha. Autorizamos entidades a entrar nos gramados
com faixas contra o racismo domingo [hoje]", afirmou.
A opção de não aproveitar o debate sobre o tema e iniciar a campanha já é considerada a melhor
estratégia, segundo o dirigente.
"No Brasil, é comum temas relevantes caírem no esquecimento.
A partir de uma sugestão do departamento de marketing, optamos por deixar nossa campanha
para 2006", explicou Del Nero.
Ele acredita que será o momento mais adequado, porque os Estaduais tradicionalmente são disputados no início da temporada.
Esperar oito meses para adotar
uma estratégia oficial de combate
ao racismo no futebol é uma medida oposta à tendência mundial.
Na Europa, a Uefa deu início a
uma campanha de repúdio à discriminação tão logo foram verificados comportamentos intolerantes de torcedores -como o
verificado ontem, quando a torcida do Atlético de Madri atirou
uma banana no camaronês Kameni, goleiro do Espanyol.
Sensibilizada pelo problema, a
Fifa encampou a medida e levou o
debate para a esfera mundial.
Na América do Sul, a reação ao
racismo também foi imediata. No
dia em que Desábato foi posto em
liberdade (anteontem), a Conmebol revelou à Folha que o combate ao racismo será objeto de uma reunião de seu Comitê Executivo.
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