São Paulo, sábado, 17 de abril de 1999

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Grupo adota tom social

da Reportagem Local

Tida no início desta década como a torcida organizada mais violenta do país, a Mancha Verde, agora transformada em bloco carnavalesco, pretende mudar essa imagem.
Segundo Paulo Serdan, líder da organizada enquanto ela existiu e atual presidente do bloco -que deverá virar escola de samba em 2000-, a receita para a transformação é priorizar as atividades sociais.
O projeto da quadra na Barra Funda prevê a construção de uma creche, uma escola e três salas para palestras, além de uma quadra poliesportiva.
Segundo Serdan, já foram também iniciados contatos para convênios com hospitais e dentistas.
As atividades, diz ele, não serão restritas a palmeirenses ou integrantes do Mancha Verde: "Não vamos querer saber se são corintianos ou são-paulinos, a proposta vai além disso".
O presidente do Mancha Verde afirma que a iniciativa tenta dar dignidade às pessoas pobres que frequentam o bloco e vão aos aos jogos do Palmeiras.
"A maioria aqui é de excluídos, não tem a menor perspectiva de vida, não tem saúde, não tem lazer. Aqui, o cara se sente gente, é diferente de quando ele está parado no sinal e o cara fecha o vidro quando ele se aproxima", declara.
Para Serdan, é justamente essa discriminação que conduz alguns torcedores para a violência.
"Quando o cara é tratado desse jeito, a primeira coisa que ele tem vontade é de dar porrada no primeiro que vê pela frente."
Com as novas ações, Serdan espera mudar o conceito da opinião pública em relação ao grupo.
"Do mesmo jeito que as pessoas têm vergonha quando a Mancha está associada à violência, queremos que se orgulhem com isso."
Questionado se o projeto social não seria apenas para facilitar a concessão do terreno junto à prefeitura, Serdan disse: "A gente só quer que as pessoas deixem a gente fazer, não julguem antes, como já fizeram. Pode me cobrar daqui a quatro meses (prazo em que espera concluir a obra). Comprometo-me a vir com você aqui para mostrar". (FV)



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