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Grupo adota
tom social
da Reportagem Local
Tida no início desta década como a torcida organizada mais violenta do país, a
Mancha Verde, agora transformada em bloco carnavalesco, pretende mudar essa
imagem.
Segundo Paulo Serdan, líder da organizada enquanto ela existiu e atual presidente do bloco -que deverá virar escola de samba em
2000-, a receita para a
transformação é priorizar
as atividades sociais.
O projeto da quadra na
Barra Funda prevê a construção de uma creche, uma
escola e três salas para palestras, além de uma quadra
poliesportiva.
Segundo Serdan, já foram
também iniciados contatos
para convênios com hospitais e dentistas.
As atividades, diz ele, não
serão restritas a palmeirenses ou integrantes do Mancha Verde: "Não vamos
querer saber se são corintianos ou são-paulinos, a proposta vai além disso".
O presidente do Mancha
Verde afirma que a iniciativa tenta dar dignidade às
pessoas pobres que frequentam o bloco e vão aos
aos jogos do Palmeiras.
"A maioria aqui é de excluídos, não tem a menor
perspectiva de vida, não
tem saúde, não tem lazer.
Aqui, o cara se sente gente, é
diferente de quando ele está
parado no sinal e o cara fecha o vidro quando ele se
aproxima", declara.
Para Serdan, é justamente
essa discriminação que
conduz alguns torcedores
para a violência.
"Quando o cara é tratado
desse jeito, a primeira coisa
que ele tem vontade é de dar
porrada no primeiro que vê
pela frente."
Com as novas ações, Serdan espera mudar o conceito da opinião pública em relação ao grupo.
"Do mesmo jeito que as
pessoas têm vergonha
quando a Mancha está associada à violência, queremos
que se orgulhem com isso."
Questionado se o projeto
social não seria apenas para
facilitar a concessão do terreno junto à prefeitura, Serdan disse: "A gente só quer
que as pessoas deixem a
gente fazer, não julguem
antes, como já fizeram. Pode me cobrar daqui a quatro
meses (prazo em que espera
concluir a obra). Comprometo-me a vir com você
aqui para mostrar".
(FV)
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