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FUTEBOL
Atletas não se lembram de estádio espanhol e da equipe de Telê Santana
"Tragédia de Sarriá", em 82, inexiste para seleção de 02
DOS ENVIADOS A BARCELONA
Se em Barcelona não restam escombros do estádio Sarriá, na seleção brasileira que amanhã joga
contra a Catalunha são escassas as
lembranças do futebol-arte apresentado na Copa da Espanha pelo
time do técnico Telê Santana.
Soa incrível para quem tem
mais de 30 anos, mas entre os 23
jogadores brasileiros que irão à
Copa do Mundo-2002 o nome do
estádio em que há 20 anos o Brasil
foi desclassificado pela Itália não
vem precedido da palavra tragédia. Significa apenas um passado
já bem distante.
Para os jovens atletas da atual
seleção brasileira, a baliza quando
o assunto é futebol está fincada
em 1994, mais precisamente nos
gramados dos EUA e na vitória
pragmática da equipe de Carlos
Alberto Parreira.
O estilo do meia-atacante Kaká,
um dos mais técnicos do grupo
atual, até lembra alguns momentos de Zico, Sócrates, Júnior e Falcão. Já o jogador do time de Luiz
Felipe Scolari sabe pouco -ou
quase nada- sobre a equipe que
perdeu de 3 a 2 em Sarriá.
"Sei apenas que era uma seleção
forte, mas que não conseguiu ser
campeã", afirmou Kaká, que logo
em seguida apresenta uma "desculpa geracional".
Em 5 de julho de 1982, no episódio conhecido por alguns como a
"tragédia de Sarriá", Kaká ainda
era um bebê de colo, com pouco
mais de dois meses de vida. "A
Copa que marcou a minha vida
foi a de 1994. Acompanhei todos
os jogos e sou fã até hoje", disse.
Para ele, o futebol brasileiro evoluiu muito de 82 até os dias atuais.
Está mais competitivo e mais bem
organizado taticamente.
O meia-atacante Ronaldinho,
tido como o herdeiro do futebol-arte de 1982, é outro que se encanta com o time de 1994 e tem informações esparsas da geração comandada por Telê Santana.
"Na Copa de 1994 comecei a
gostar de futebol. Jogava no juvenil e sonhava com a seleção. Vi
muitas fitas do passado, mas o time do Parreira é a minha referência", declarou Ronaldinho, nascido em março de 1980. A média de
idade da equipe nacional é de 26
anos e 9 meses.
Outra promessa da CBF para o
futuro, o volante Kleberson só
tem uma informação sobre a seleção de 1982, e assim mesmo a confessa sem muita segurança: "Era o
time do Sócrates".
Titular da seleção nas Copas de
1982 e 1986, Sócrates fez o primeiro gol do Brasil na derrota sofrida
diante da Itália no Sarriá.
A falta de "memória", no entanto, não afeta apenas os novatos da
equipe atual.
O jogador mais velho da equipe,
Cafu, 31 anos, duas Copas disputadas -em 1994 e 1998-, a caminho da terceira, disse que nada se
lembra da seleção de 1982.
"Naquela época eu nem gostava
de futebol. Só conheço aquele time de fita", revelou ele, surpreso
ao ser informado de que Sarriá ficava em Barcelona.
A mesma surpresa teve o lateral-esquerdo Júnior: "Foi aqui?
Não sabia".
(FÁBIO VICTOR, JOSÉ ALBERTO BOMBIG E SÉRGIO RANGEL)
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