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BOXE
"Ali"
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
As cenas de ringue ou relacionadas às disputas de título são a virtude do filme "Ali",
que tem previsão de estréia nos cinemas brasileiros para o próximo
dia 30. Esse, porém, é também o
problema do filme.
Tive a oportunidade de assistir
ao filme e comprovar que o ator
Will Smith, que faz o papel do tricampeão dos pesos-pesados Muhammad Ali, aplicou-se em
aprender boxe. Se não é e nunca
vai ser confundido com um pugilista da primeira linha, pelo menos aprendeu o básico: pular corda, "brincar" com o punching ball
e, nas cenas de luta, realmente demonstra postura de lutador. Nada daqueles absurdos que se vê
nos filmes da série "Rocky", por
exemplo.
O grande problema é que, fisicamente, Smith não se parece nada com Ali nem soube capturar
seu charme e carisma natural. Na
maior parte do tempo, Smith não
consegue envolver a platéia o suficiente para convencê-la de que
está acompanhando Ali, e não
um ator tentando interpretá-lo.
Este é o problema quando o personagem é alguém universalmente conhecido como Ali e cujas lutas e cenas relacionadas à sua vida, anos e anos após sua aposentadoria, seguem sendo exibidas
na TV e divulgadas por outros
meios de comunicação. Quer dizer, sua imagem está sempre fresca na memória das pessoas.
Assim, a tarefa de Smith foi
mais difícil do que a de, digamos,
Robert de Niro, que interpretou o
ítalo-americano Jake LaMotta no
excelente "Touro Indomável".
Tudo porque LaMotta, apesar de
sua história saborosa, não era tão
popular quanto Ali, então o público que viu o filme não tinha
parâmetros muito claros para
comparações. Na verdade, apesar
de não ser um desconhecido, foi o
filme que tornou o ex-campeão
dos médios uma celebridade para
o grande público novamente.
Mas voltando a ""Ali", ironicamente, são nos momentos em que
Smith reproduz os momentos nos
quais o ex-campeão dos pesados
adotava o papel de showman que
ele mais lembra Ali. Como quando o ex-Cassius Clay comemora
sua primeira vitória sobre Sonny
Liston afirmando histericamente
"Eu devo ser o maior de todos...",
quando Ali recita um verso descrevendo como seria um combate
contra o arqui-rival Joe Frazier e
até mesmo quando provoca os rivais durante as respectivas cerimônias de pesagem. O problema é
que tais momentos são poucos e
curtos e não conseguem envolver
o público o suficiente.
O filme também parece se concentrar demasiadamente no relacionamento entre Ali e os muçulmanos negros. Seu convívio com
Angelo Dundee, por exemplo, é
subestimado.
"Ali", no entanto, tem fatores
que mostram a boa vontade da
parte da produção. Detalhes frequentemente esquecidos, como a
conversa entre Frazier e Ali durante o período em que o último
teve a licença cassada, o fato de
que Ali não gostava de ser comparado ao ex-campeão dos pesos-pesados Joe Louis [que, em sua
opinião, não teria feito o suficiente pelos direitos dos negros] e o relacionamento do pugilista com o
repórter Howard Cosell, são lembrados e explorados.
Ainda assim, a atenção mostrada a esses detalhes não é o suficiente para salvar o filme, que
tem boas intenções, mas simplesmente não tem o fôlego suficiente
para durar os 15 assaltos a que Ali
estaria acostumado.
Polêmica
O invicto pena e ex-atleta olímpico Valdemir Pereira, o Sertão, tem
prevista para amanhã luta contra o argentino Cirilo Coronel, em
programação a partir das 19h, na Cespro, em São Caetano do Sul (a
11 km a sudeste de São Paulo). A entrada é franca. Uma polêmica,
entretanto, marca o combate, pois a Confederação Brasileira de
Boxe afirma que não reconhecerá a luta porque Coronel teve sua licença de pugilista cassada e também não conta com autorização da
Federação Argentina de Boxe para vir ao Brasil. ""Estão me perseguindo. Cirilo Coronel vem com autorização [da província" de
Missiones, então é legal. O [invicto meio-médio-ligeiro" Kelson
Carlos lutou com ele e nada fizeram", reclama Servílio de Oliveira,
promotor da programação. ""Missiones não tem o poder de conceder tal autorização. Quando o Kelson lutou com ele, também tentamos impedir. E, assim como faremos agora, não reconhecemos
aquela luta oficialmente", justifica Luís Claudio Boselli, presidente
da confederação.
E-mail eohata@folhasp.com.br
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