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Rio renega seu histórico para renascer no Nacional
Com pé-de-obra
importado, sem
o Maracanã e
priorizando a
defesa, Estado
alcança o topo
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Nada da famosa "turma do chinelinho". Pé-de-obra importado e
barato no lugar dos atletas locais a
peso de ouro. Prioridade à defesa
e nada de Maracanã.
O renascimento do futebol carioca tem uma cara bem diferente
do que os fracassos dos últimos
anos da cidade no Brasileiro.
Após as quatro rodadas iniciais
do ano passado, Botafogo, Flamengo e Vasco estavam na zona
de rebaixamento. Em 2005, no
mesmo estágio, o Fluminense lidera, o Botafogo vem em segundo
e o Flamengo é o oitavo.
A exceção agora é o Vasco, que
só não está na zona de rebaixamento pelos pontos que ganhou
do Brasiliense no tapetão.
Os clubes do Rio cortaram custos (a folha salarial média fica em
torno da metade de um grande
paulista) e mudaram hábitos.
No Botafogo, o técnico Paulo
César Gusmão surpreendeu os jogadores na sua chegada. Ele impôs um regime para os atletas.
""Estabeleci três faixas de percentual de gordura para o grupo. O
resultado está sendo visto no
campo", disse Gusmão, que foi
contratado há cerca de dois meses, após o fiasco da equipe no Estadual do Rio -foi eliminada nos
dois turnos antes da final.
Um dos destaques da equipe no
início do Brasileiro, o meia-atacante Almir é o símbolo da "fase
diet" do Botafogo. Ele perdeu
quase cinco quilos em pouco mais
de um mês. O atacante Guilherme
e o zagueiro Scheidt também
emagreceram. Eles perderam cerca de três quilos cada um.
Gusmão atribuiu também o sucesso da equipe à preparação
emocional realizada com os jogadores nos últimos dias. ""No Botafogo, o coletivo fala mais alto e
passo sempre que todos são importantes", disse o treinador. Para
chegar à liderança do Brasileiro, a
diretoria não cometeu loucuras financeiras. A folha salarial do clube é de R$ 850 mil. O meia Ramon
é o maior salário. Ele recebe cerca
de R$ 100 mil.
No Fluminense, o presidente
Roberto Hórcades também preferiu a política de ""pés no chão".
Em 2004, o time investiu alto
-Romário, Edmundo e Roger-
e o resultado foi pífio.
"Fizemos um planejamento
bom no início do ano e o resultado está aparecendo agora", disse
o dirigente, que fez questão de
modificar o modelo de patrocínio
com a Unimed. Em 2004, a empresa escolhia e contratava os jogadores, o que não acontece mais.
Os nomes dos novos jogadores
são debatidos entre os dirigentes
do clube e da empresa. A folha salarial é pouco maior que a do Botafogo, cerca de R$ 1 milhão.
No Flamengo, o técnico gaúcho
Celso Roth faz treinos com o rigor
de uma partida oficial, prática
bem diferente da vivida pelo clube
no ano passado, quando tinha
Athirson e Felipe.
Revigorado, o Rio aprendeu a
defender, ponto em que sempre
foi débil. O Botafogo tem a melhor defesa. Flamengo e Fluminense aparecem em segundo lugar nesse ranking.
Nas 34 edições anteriores do
Nacional, só 3 tiveram um time
carioca com a meta menos vazada. O futebol paulista teve a melhor defesa em 21 Brasileiros.
Os times do Rio estão em alta
com elencos recheados de forasteiros. Prova disso está na lista de
artilheiros do quarteto até agora.
Dos 22 gols marcados pelos cariocas na competição (sem contar
os dois do Vasco que foram anulados no tapetão), 21, ou 95%, foram feitos por jogadores nascidos
em outros Estados.
Cada equipe tem um "perfil
geográfico" diferente.
No líder Fluminense, quem
manda são os paulistas. Dos nove
gols da equipe, oito tiveram como
autores atletas de São Paulo, incluindo os três de Tuta, maior goleador do time até o momento.
Já o Flamengo tem o Nordeste
como única fonte de gols. Os quatro tentos da equipe até agora tiveram essa origem -o mais bonito deles foi feito pelo baiano
Obina na vitória de anteontem, de
virada, sobre o Santos.
Para completar, o palco principal do renascimento carioca não é
o estádio que se confunde com
seus clubes. Fechado para reforma, o Maracanã vem sendo substituído, com sucesso, pelo Luso-Brasileiro e o Raulino de Oliveira.
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