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BASQUETE
Auxiliar muda mentalidade da seleção feminina
Brasil busca mais eficiência defensiva
LUÍS CURRO
enviado especial a Havana
O técnico Antonio Carlos Barbosa, 54, da seleção brasileira feminina de basquete, que gosta de aliar
velocidade e precisão, mantém até
hoje a filosofia de jogo que tinha
quando dirigiu a seleção adulta pela primeira vez, em 1976.
Só que hoje, 23 anos depois, ele
pretende acrescentar eficiência defensiva à sua mentalidade historicamente ofensiva.
Para isso, decidiu trocar seu auxiliar técnico por alguém que pode
ser considerado sua cara-metade
-ou o Barbosa da defesa.
Neste ano, para o Sul-Americano
(já vencido pelo Brasil), para o Pré-Olímpico (em andamento) e para
o Pan-Americano (em julho), Barbosa decidiu abrir mão de Aylton
Bueno e trabalhar com o brasiliense Paulo Bassul, 31.
Em entrevista à Folha, em Cuba,
local do Pré-Olímpico, torneio que
oferece para os três primeiros colocados vaga para Sydney-2000,
Bassul afirmou acreditar ser a pessoa ideal para auxiliar Barbosa.
"Já tivemos experiências muito
positivas em seleções juvenis, nas
quais conquistamos um Pan-Americano e fomos quarto em um
Mundial", declara ele, que sempre
treinou categorias menores. Uma
única vez, no ano passado, dirigiu
um time adulto -a Ulbra (RS).
Bassul admira a capacidade de
Barbosa de potencializar a equipe
no ataque (""ele tem uma percepção monstruosa do que a equipe
pode explorar ali") e tenta, com
suas variações defensivas, desafiar
o treinador da seleção.
"Você quer uma oportunidade
melhor do que essa para um cara
que gosta de trabalhar a defesa?
Enfrentar em treinos um outro que
está tentando quebrar o seu esquema o tempo inteiro?", perguntou.
Nessa "brincadeira", de um tentar levar vantagem sobre o outro,
Bassul afirma que quem sai ganhando são as atletas da seleção.
""Faço as jogadoras botarem a cabeça para funcionar", diz Bassul,
apreciador da marcação pressão
individual quadra toda ("faço as
jogadoras correrem muito") e da
tática "matchup" (lê-se métiãp),
um misto de marcação por zona e
individual.
Segundo o assistente da seleção,
a "matchup" é um tipo de defesa
que não pode ser usado em qualquer equipe, mas que no time brasileiro se encaixa perfeitamente.
"Qual é a filosofia da "matchup'?
Ela assume a forma que o outro time joga. Tem que ler o ataque. Você precisa contar com jogadoras
rápidas e inteligentes, uma das características do nosso grupo."
"Não adianta decorar posicionamentos, como em uma marcação
por zona normal. A cada mudança
ofensiva do adversário, a defesa
também tem uma mudança imediata. Isso se consegue com treinamento", acrescenta.
"O ataque adversário se confunde, pois tem momentos em que a
"matchup" parece individual e tem
outros em que parece zona."
As jogadoras, por enquanto, sentem um pouco de dificuldade para
se adaptar a esse esquema. ""Ele
(Bassul) gosta de colocar números
nas jogadas da defesa. Tem que estar concentrada para acertar", diz
a ala-armadora Silvinha.
Colocar no papel as variações da
"matchup" é muito difícil, diz Bassul, pois se trata de raciocinar rapidamente de acordo com a movimentação do oponente.
Mas dá um exemplo prático do
sucesso da "matchup": foi utilizado, assegura, na vitória contra os
EUA que deu o título do Pan-Americano à seleção brasileira juvenil,
em 97, em Cancún (México).
E finaliza lembrando que essa tática defensiva não é inovadora,
mas usada por vário times e seleções no mundo. Das equipes brasileiras, citou a masculina da Tilibra/Bauru, do técnico Guerrinha,
como executora da "matchup".
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