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Querem poluir a camisa da "Azzurra"
JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas
São Paulo e Lusa fizeram no
Canindé um clássico que fez jus
à boa campanha dos dois times
no Paulistão.
Foi um jogo tecnicamente
bem jogado, com pouca violência, raros chutões e muitas variações de jogadas.
O São Paulo mostrou-se mais
uma vez uma equipe versátil e
veloz, que gosta mais de jogar
nos contra-ataques (como no
primeiro tempo) do que sufocando o adversário (como no
início do segundo).
É o melhor time do campeonato porque conta com o chamado "material humano"
(Serginho, Raí e Marcelinho estão jogando por música) e com
um treinador ousado e clarividente.
Que outro técnico teria hoje
em dia a audácia de trocar um
zagueiro por um atacante logo
no início do segundo tempo -e
com o jogo empatado-, como
fez Carpegiani ontem?
Tem-se falado muito do invejável banco de reservas do Palmeiras, mas o do São Paulo,
hoje, não fica muito atrás.
Basta pensar em Warley, Dodô, Alexandre, Edu.
Só na defesa é que a carestia
aperta.
A Lusa também merece felicitações. Desfalcada, improvisada, manca, sem jogadores de finalização, mesmo assim enfrentou o São Paulo de igual
para igual.
Parabéns sobretudo ao volante Simão, que defende e ataca
com a mesma eficiência e desenvoltura.
E parabéns também para Alexandre, que quase fez um maravilhoso gol de letra no finalzinho da partida.
Vai ser bonita a disputa pelo
segundo lugar do Grupo 3 -e,
portanto, pela classificação às
semifinais-, entre Palmeiras e
Lusa. Tudo indica que a definição só acontecerá no confronto
entre as duas equipes, no próximo domingo. Sai de baixo.
O alviverde, depois de duas
batalhas árduas no meio da semana, contra o Corinthians e o
Flamengo, mostrou sua força
ontem goleando a Inter de Limeira com um time misto. Haja pernas e haja coração.
Já que o dia hoje é de felicitações, parabéns a Raí, não só
porque anteontem completou
34 anos, mas também porque,
apesar de ainda não ter reconquistado plenamente a forma
física, joga um futebol cada vez
mais depurado e sutil, que ajuda o time e enche os olhos de
quem gosta de ver a bola rolando redonda pelo gramado.
Podem me chamar de antiquado, romântico e o escambau (aliás, só pode ser antiquado e romântico quem usa a palavra "escambau"), mas considero deprimente a notícia de
que a seleção italiana poderá
ostentar em sua camisa a marca de um patrocinador.
A "Azzurra", três vezes campeã do mundo, não é apenas
um patrimônio da nação italiana, mas de todos os aficionados do futebol pelo mundo afora.
Poluir esse símbolo de todo
um povo e sua cultura com
uma marca de automóvel,
queijo ou xampu é um triste sinal destes nossos tempos de
"topa tudo por dinheiro".
Como toda idéia de jerico, essa tende a se alastrar. Já imaginaram a "Celeste" (Uruguai), a
"Fúria" (Espanha), a "Laranja
Mecânica" (Holanda) e a "Canarinho" cheias de penduricalhos publicitários? O pior é que
tem quem goste.
E-mail: jgcouto@uol.com.br
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