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São Paulo, terça-feira, 17 de junho de 2003

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FUTEBOL

Ascensão do novo treinador do São Paulo, outrora banido, poderia ser brecada pelo Comitê Disciplinar da entidade

Fifa analisa a situação do técnico Rojas

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Fifa ainda analisa a situação do técnico Roberto Rojas, 45.
O novo treinador do São Paulo foi banido eternamente do futebol pela máxima entidade da modalidade após ele ter se ferido propositalmente em partida entre a seleção brasileira e o Chile, pelas eliminatórias da Copa de 1990.
Em 2001, a Fifa deu uma anistia a Rojas como jogador. A medida, segundo a Folha apurou, teve caráter simbólico -com mais de 40 anos na época do perdão, ele não atuaria mais como profissional.
Com a ascensão do ex-atleta chileno ao cargo de técnico do São Paulo, ele deve voltar de vez ao cenário internacional -o clube do Morumbi ainda tenta jogar a Copa da Paz na Coréia do Sul, está na disputa da Copa Sul-Americana e almeja a Libertadores em 2004- em uma posição de destaque.
Em caso de sucesso como técnico, Rojas poderia ir a um Mundial, o que não agradaria à Fifa.
"Pelo que entendi, Roberto Rojas foi absolvido pelo Comitê Disciplinar da Fifa e está liberada sua atuação no futebol como técnico. Mas, infelizmente, eu não tenho ainda uma decisão formal sobre isso nem tenho mais detalhes a respeito neste momento", disse Andreas Herren, chefe do departamento de comunicação da Fifa.
Foi Herren quem anunciou a absolvição do chileno. "Rojas recebeu uma anistia que entra em vigor de imediato", disse o porta-voz da Fifa em abril de 2001.
A entidade enviou ao Sindicato dos Jogadores do Chile o documento que anistiou Rojas como atleta -não era cogitada na época a chance de ele ser técnico.
"A anistia é como jogador. O documento é simbólico, pois Rojas não atuará mais. Nossa idéia ainda é fazer um jogo de despedida para ele no Chile, talvez com o time que jogou a Copa América em 1987, com o Astengo [também punido pela Fifa pelo jogo de 1989], mas não estamos encontrando datas", disse Carlo Soto, presidente do sindicato chileno.
Rojas sofreu até mesmo em seu país após o episódio no Maracanã, que tirou o Chile de duas Copas do Mundo. Ele conseguiu voltar a trabalhar no São Paulo após um convite de Telê Santana, técnico que comandou o clube na primeira metade da década de 90.
Passou vários anos, quase que extra-oficialmente, trabalhando como preparador de goleiros.
Após a saída do técnico Oswaldo de Oliveira, Rojas assumiu o time do São Paulo como interino. Após alguns bons resultados e a dificuldade da diretoria em conseguir um treinador de nome, ele acabou efetivado no cargo, estreando anteontem com uma vitória de 2 a 1 sobre o Corinthians.
A Folha tentou ouvir o técnico são-paulino ontem, mas ele estava fora de sua residência e com o seu telefone celular desligado. Mesmo após a anistia em 2001, o chileno mostrou insatisfação com a Fifa. Rojas entendeu que a punição imposta a ele, que o impediu de encerrar a carreira quando desejasse, foi severa demais.


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