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FUTEBOL
Santos, Alex e Kagemusha
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO
Seria uma rasteira dos deuses
da bola se o Santos deixasse
de passar às finais da Libertadores, amanhã, quando enfrenta o
Medellín, na Colômbia. Melhor
que a pernarda jé tenha sido aplicada anteontem, em sinal de alerta, no jogo contra o São Caetano.
A interrupção da série invicta,
com um erro clamoroso de Paulo
Almeida, pode ter sido um péssimo resultado no Brasileiro, mas
foi bom para o jogo de amanhã. O
risco do saltinho alto -se havia- foi serrado. Papai do Céu
mais avisou: não vacilem, meninos, porque futebol (yes!) é uma
caixinha de surpresas.
Os cruzeirenses que me desculpem, mas o Santos é o melhor time do Brasil. É o que mais se
aproxima daquilo que os brasileiros acreditam ser o "nosso futebol". Encanta. O maior problema
do Santos, como se sabe, tem sido
a ausência do centroavante Ricardo Oliveira.
A diretoria do clube -que em
termos de gestão maltrata a pelota- deveria ter providenciado
um banco (de reserva, digo) melhor. Ricardo Oliveira embarcou
para Medellín e talvez jogue
-ainda assim, não aguentará 90
minutos. Fica como alternativa.
Melhor do que nada.
Os cruzeirenses hoje vão querer
me matar. Mas vamos lá: não
acho o Alex esse monstro todo que
estão cantando por aí em prosa e
verso. Quase desisti de me manifestar a respeito quando li uma
coluna do Tostão colocando a estrela do Cruzeiro no firmamento
dos craques excepcionais. Não
consigo discordar do nosso genial
"anão de Veláquez" (como Nelson Rodrigues costumava chamá-lo naqueles idos de 70), mas, desta
vez, tomei coragem.
Alex tem, sim, o software do
grande craque, mas o programa
só roda em condições especiais. É
de lua. Resplandece e, depois,
oculta-se. Não jogou nada, por
exemplo, no Flamengo e não se
firmou na Itália. Vive entrando e
saindo da seleção. Não prossegue.
É verdade que está num momento glorioso, mas vai durar?
A propósito, que coisa ridícula
foi o Flamengo na final da Copa
do Brasil. Ouvi o Athirson se justificando porque estaria jogando
com dores. Então que não jogue.
Sou contra o jogador "Kagemusha" -aquele guerreiro japonês,
do célebre filme de Akira Kurosawa, que é substituído por um sósia, que não é de nada e só serve
para tentar espantar os inimigos.
No cinema japonês pode funcionar, mas no futebol, nem sempre.
Dois gols foram falhas de Athirson na marcação. O primeiro, então, foi um escândalo: ele saiu
correndo da área antes de o cruzamento ser concluído, talvez
achando que o goleiro fosse pegar
a bola para repô-la em seus pés,
na saída para o contra-ataque.
Acabou deixando Deivid sozinho
para cabecear.
Bem, tanto faz. O Cruzeiro é
muito melhor que o Flamengo e
só perderia o título em condições
excepcionais.
Fim da freguesia
Enfim, o São Paulo interrompeu a escalada de "freguesia"
diante do Corinthians. E justo
quando Ricardinho não estava
em campo para comemorar. O
resultado foi importante para
Rojas -técnico que há dois
meses ninguém acharia talhado
para substituir Oswaldo de Oliveira. Coisas da cartolagem. Foi
muito ruim, porém, para Geninho, que, depois de um início
cheio de esperanças, vai passando por uma fase complicada
de baixo-astral. A rodada de
clássicos não foi tão espetacular
assim como se poderia prever.
Na verdade, o acúmulo de jogos regionais importantes acabou tendo um pouco o efeito de
mútua anulação. Cada Estado
fechou-se em si mesmo. Muitos
num momento em que seus times ocupam lugar ruim na tabela. Paciência.
E-mail mag@folhasp.com.br
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