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São Paulo, terça-feira, 17 de junho de 2003

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FUTEBOL

Santos, Alex e Kagemusha

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO

Seria uma rasteira dos deuses da bola se o Santos deixasse de passar às finais da Libertadores, amanhã, quando enfrenta o Medellín, na Colômbia. Melhor que a pernarda jé tenha sido aplicada anteontem, em sinal de alerta, no jogo contra o São Caetano.
A interrupção da série invicta, com um erro clamoroso de Paulo Almeida, pode ter sido um péssimo resultado no Brasileiro, mas foi bom para o jogo de amanhã. O risco do saltinho alto -se havia- foi serrado. Papai do Céu mais avisou: não vacilem, meninos, porque futebol (yes!) é uma caixinha de surpresas.
 
Os cruzeirenses que me desculpem, mas o Santos é o melhor time do Brasil. É o que mais se aproxima daquilo que os brasileiros acreditam ser o "nosso futebol". Encanta. O maior problema do Santos, como se sabe, tem sido a ausência do centroavante Ricardo Oliveira.
A diretoria do clube -que em termos de gestão maltrata a pelota- deveria ter providenciado um banco (de reserva, digo) melhor. Ricardo Oliveira embarcou para Medellín e talvez jogue -ainda assim, não aguentará 90 minutos. Fica como alternativa. Melhor do que nada.
 
Os cruzeirenses hoje vão querer me matar. Mas vamos lá: não acho o Alex esse monstro todo que estão cantando por aí em prosa e verso. Quase desisti de me manifestar a respeito quando li uma coluna do Tostão colocando a estrela do Cruzeiro no firmamento dos craques excepcionais. Não consigo discordar do nosso genial "anão de Veláquez" (como Nelson Rodrigues costumava chamá-lo naqueles idos de 70), mas, desta vez, tomei coragem.
Alex tem, sim, o software do grande craque, mas o programa só roda em condições especiais. É de lua. Resplandece e, depois, oculta-se. Não jogou nada, por exemplo, no Flamengo e não se firmou na Itália. Vive entrando e saindo da seleção. Não prossegue. É verdade que está num momento glorioso, mas vai durar?
 
A propósito, que coisa ridícula foi o Flamengo na final da Copa do Brasil. Ouvi o Athirson se justificando porque estaria jogando com dores. Então que não jogue. Sou contra o jogador "Kagemusha" -aquele guerreiro japonês, do célebre filme de Akira Kurosawa, que é substituído por um sósia, que não é de nada e só serve para tentar espantar os inimigos. No cinema japonês pode funcionar, mas no futebol, nem sempre. Dois gols foram falhas de Athirson na marcação. O primeiro, então, foi um escândalo: ele saiu correndo da área antes de o cruzamento ser concluído, talvez achando que o goleiro fosse pegar a bola para repô-la em seus pés, na saída para o contra-ataque. Acabou deixando Deivid sozinho para cabecear.
Bem, tanto faz. O Cruzeiro é muito melhor que o Flamengo e só perderia o título em condições excepcionais.

Fim da freguesia
Enfim, o São Paulo interrompeu a escalada de "freguesia" diante do Corinthians. E justo quando Ricardinho não estava em campo para comemorar. O resultado foi importante para Rojas -técnico que há dois meses ninguém acharia talhado para substituir Oswaldo de Oliveira. Coisas da cartolagem. Foi muito ruim, porém, para Geninho, que, depois de um início cheio de esperanças, vai passando por uma fase complicada de baixo-astral. A rodada de clássicos não foi tão espetacular assim como se poderia prever. Na verdade, o acúmulo de jogos regionais importantes acabou tendo um pouco o efeito de mútua anulação. Cada Estado fechou-se em si mesmo. Muitos num momento em que seus times ocupam lugar ruim na tabela. Paciência.

E-mail mag@folhasp.com.br


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