São Paulo, Quinta-feira, 17 de Junho de 1999
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FUTEBOL
Técnico palmeirense afirma que cumpriu promessa e não comenta seu futuro na equipe no segundo semestre
Scolari vai ao Mundial até como torcedor

da Reportagem Local

Conhecido pelo estilo "durão", o técnico palmeirense, Luiz Felipe Scolari, 50, chorou ontem no gramado do Parque Antarctica.
Um choro seco, sem lágrimas. E insuficiente para que ele se dobrasse às insistentes perguntas e comentasse seu futuro no clube.
Ao contrário, despistou os jornalistas. "Vou a Tóquio nem que seja como torcedor", afirmou o técnico. "Não vou dizer nada agora. Vou ficar em cima do muro."
Seu contrato termina no próximo domingo, mas a Parmalat, parceira do Palmeiras, demonstra interesse total em uma renovação.
A empresa foi a responsável por sua contratação, em 97, tendo como primeiro objetivo justamente a conquista da Libertadores.
Nesse ínterim, a Parmalat atuou como mediadora de desentendimentos entre Scolari e integrantes da diretoria palmeirense.
Ontem, mesmo emocionado com a conquista, o técnico aproveitou para disparar farpas contra dirigentes do clube.
"O título é também do doutor Aldo, uma pessoa e um profissional fantástico, demitido por causa de bobagens", declarou.
O médico Aldo Guida, membro da confiança de Scolari dentro da comissão técnica da equipe, foi dispensado pelo clube no ano passado, o que irritou o treinador.
Scolari acompanhou ontem a cobrança de pênaltis abraçado ao goleiro reserva do time, Sérgio.
Assim que o título foi consumado, atirou para o alto o boné branco que usava e começou a chorar.
Em seguida, foi abraçado por César Sampaio, por Euller e pelos demais jogadores, que aguardavam a vez para cumprimentá-lo.
Em meio ao tumulto, um torcedor conseguiu furar o bloqueio, se ajoelhou diante do treinador e passou a beijar seus pés.
"Isso era uma promessa minha. Saí de casa e disse para meus filhos que ia fazer isso", disse o bancário Bernardo Hohagen, 28, enquanto a torcida nas arquibancadas pedia a permanência do técnico.
"Fica Felipão, no fim do ano nós vamos para o Japão", era o grito dominante no Parque Antarctica.
Gaúcho de Passo Fundo, Scolari é o único técnico brasileiro a conquistar a Libertadores por dois clubes diferentes -vencera com o Grêmio, em 95.
É também, ao lado de Telê Santana, o técnico mais vencedor da década, tendo conquistado ainda três Copas do Brasil e um Brasileiro.
Há dois anos e 15 dias no Palmeiras, Scolari é o técnico que mais tempo permaneceu ininterruptamente no cargo desde 1975 -ano da saída de Osvaldo Brandão, que ficou por quatro anos.


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