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JUCA KFOURI
O vôo de volta
Escoltado por dois Mirage
-o Zidane 1 e o Zidane 2-, o
vôo de volta da seleção desta
vez não trouxe muamba, mas,
sim, uma história mal contada na bagagem.
Contou-a bem, ontem, nesta
Folha, o repórter José Henrique Mariante.
Resta saber o que levou a
CBF a mentir tanto em torno
do que houve com Ronaldinho -se foi um gesto nobre
para protegê-lo ou se foi mais
uma atitude vil para preservar a Nike.
Conhecendo-a como o país a
conhece -tanto que só seu
presidente recebeu vaias e teve de se esconder na chegada
ao Rio, apesar de protegido
por um guarda-costas que é
também da Polícia Federal,
outro absurdo para o Ministério da Justiça investigar- ,
não é difícil escolher a opção
mais correta.
Ao examinar o vôo de volta
dos vice-campeões mundiais,
tratei de examinar o que escrevi quando parti para a
França, na tentativa de fazer
um balanço neste meu retorno num avião parecido -não
o da CBF, é claro, vetado para
esta Folha.
Escrevi que o pentacampeonato estava nos pés de Ronaldinho, desde que ele se revelasse o homem-esquadra até
então não conhecido.
Pois ele não se revelou, é sabido, embora tenha participado da metade dos gols brasileiros, 7 em 14, o que não é
pouco.
E escrevi, ainda, que o corte
do atacante Romário poderia
ser fatal, era prova de insensibilidade e que teria sido melhor esperar por ele até o fim.
Eis que a CBF preferiu levar
André Cruz, Doriva, Giovanni, Edmundo e outros para
passear e cortou aquele que
poderia ser a solução ideal,
técnica e psicológica, para a
emergência vivida pela seleção sete horas antes do jogo.
Agora, fala-se em Wanderley Luxemburgo, há muito o
nome mais indicado para ser
o técnico da seleção brasileira
e com a lição de casa já feita.
Ele pagou a taxa de proteção, ao levar, para o Santos e
para o Corinthians, o preparador físico que é parente do
presidente da CBF -e ao brigar publicamente com Pelé.
Aí está o nó dos problemas
passados e futuros da seleção:
até o melhor precisa se abastardar para servi-la.
A coluna volta no dia 25.
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