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BASQUETE
Alessandra diz que não é robô e abandona a versão feminina da liga profissional norte-americana
Estresse faz brasileira deixar a WNBA
LUÍS CURRO
da Reportagem Local
Após uma temporada e meia de
frustrações, a pivô Alessandra de
Oliveira, 25, titular da seleção brasileira, abandonou a WNBA, a
versão feminina da liga profissional norte-americana de basquete.
O Brasil segue representado na
liga com a ala Janeth e com a ala-armadora Claudinha.
Alessandra, que chegou ontem
ao Brasil, alegou estresse como
principal razão de sua desistência
da liga. Afirmou que está sem férias há dois anos e que precisa de
um tempo para descansar.
Nesta temporada da WNBA, a
pivô alcançou média de 3,9 pontos por partida. Ficou em quadra,
em média, 17 minutos/jogo. No
ano passado, também no Washington Mystics, perdeu muitos
jogos devido a contusões.
Campeã mundial em 1994 e medalha de prata na Olimpíada de
Atlanta-96, Alessandra é peça-chave no esquema do técnico Antonio Carlos Barbosa para levar o
Brasil a mais uma medalha nos
Jogos Olímpicos de Sydney-2000.
Leia abaixo trechos da entrevista que ela cedeu à Folha, por telefone, de sua casa em Washington.
Folha - Qual a razão de sua saída da WNBA?
Alessandra de Oliveira - Estou
muito cansada. Desde 97, não tenho férias, não descanso. Isso foi
acumulando, e minha cabeça,
principalmente, e meu corpo não
estavam me deixando jogar. Estou destruída, com estresse físico
e mental. Se não estou bem, se estou no meu limite, tenho que parar. Não sou um robô.
Folha - Houve problemas de
relacionamento na equipe?
Alessandra - Não houve nada
com a técnica ou com as companheiras. O problema sou eu. Pedi
para ir embora.
Folha - E o que você planeja
para o futuro?
Alessandra - Assinei contrato
de três anos com o Como (da Itália). O Europeu começa em setembro. Então, tenho que fazer
uma pré-temporada para estar
bem. Irei para a Itália no final de
agosto. Até lá, fico no Brasil.
Folha - E há alguma chance de
voltar à WNBA no ano que vem?
Alessandra - Não. No ano que
vem, não quero fazer três meses
de loucura e não conseguir andar
na Olimpíada. A WNBA é uma liga de verão (dura três meses). Tenho que pensar na Olimpíada
(em setembro), que é a coisa mais
importante para mim.
O Brasil está renovado e precisa
de uma boa preparação para chegar com um time forte. Hoje, todos os países jogam um basquete
de alto nível. E tenho que representar bem meu país na Olimpíada, que é um evento que passa na
TV em mais de 140 países. É meu
nome que está em jogo. A WNBA
quase ninguém vê. Quero treinar
o quanto antes com a seleção, e isso influenciou muito na minha
decisão de sair da WNBA.
Folha - Como foi sua experiência no basquete dos EUA?
Alessandra - Jogar nos EUA é
como jogar em qualquer outro lugar. Mas eles deveriam usar melhor as estrangeiras. Há muito potencial desperdiçado. Você joga
pouco, senti isso. Às vezes, o time
está perdendo, e você fica assistindo do banco. Isso me deixou
aborrecida. E não há jogadas específicas para que as estrangeiras
sejam bem aproveitadas.
Folha - Você está arrependida
de ter aceitado jogar nos EUA?
Alessandra - Foi uma experiência. E uma experiência, boa ou
ruim, é sempre uma lição de vida.
Folha - O que fará no Brasil?
Alessandra -Vou a Santa Bárbara (SP), quero ver meu irmão e
minha cachorra Cléo Cristina.
Comer uma feijoada. Depois, fazer coisas banais, como andar
perto de uma cachoeira, talvez no
parque de Ibitipoca (MG).
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