São Paulo, quarta-feira, 17 de agosto de 2005

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Ofuscada por galácticos, "seleção Real" pega Croácia

No 1º jogo do Brasil após título da Copa das Confederações, maior atração para torcida e mídia são os quatro astros do clube de Madri, que formam feudo inédito no time nacional

PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A SPLIT (CROÁCIA)

Fotos, idioma, brincadeiras, metas para a temporada que começa. É a seleção brasileira que entra em campo hoje à tarde, em Split, para enfrentar a Croácia. Mas o Real Madrid consegue ofuscar o time pentacampeão em todos esses assuntos.
Com quatro atletas certos no grupo de Carlos Alberto Parreira que vai disputar a Copa da Alemanha (Ronaldo, Robinho, Roberto Carlos e Júlio Baptista), o clube espanhol fará história. Nunca uma equipe estrangeira teve tantos atletas numa delegação brasileira. E desde 1990 um mesmo time não tem tantos jogadores no grupo nacional num Mundial.
E esse peso se faz notar no dia-a-dia do selecionado nacional.
A imprensa espanhola quase empata com a brasileira na Croácia. Com Ronaldo e Robinho sentados no centro da mesa, a entrevista coletiva, que reuniu também os "escanteados" Adriano e Kaká, teve nada menos do que 45% de suas respostas tratando do clube espanhol. Ronaldo prometeu mais uma vez fazer 35 gols na temporada. Robinho disse que não vê a hora de se apresentar.
Teve até piada com Vanderlei Luxemburgo, o técnico do Real. Questionado sobre o que Robinho deve fazer para aprender espanhol, Ronaldo disparou: "O importante é ele não pegar o mesmo professor que o Vanderlei", disse, lembrando das dificuldades do treinador com a língua.
O próprio Real Madrid, que pagou US$ 100 milhões pelos quatro, impõe sua presença na seleção. Para Split, o clube mandou quatro de seus funcionários. Dois deles trabalham no site do clube, outros dois no canal de televisão da equipe. Roberto Carlos se esquivou das emissoras de TV croatas, mas atendeu com muita paciência os colegas de clube.
Ao contrário de outros grandes europeus, como o Milan, que tem três jogadores na seleção (Dida, Cafu e Kaká), o Real prefere transportar seus atletas em avião particular, evitando atrasos e horas de espera em aeroportos.
A fúria espanhola para mostrar Ronaldo, Robinho, Roberto Carlos e Júlio Baptista reunidos causou até uma saia justa ontem. Os fotógrafos queriam retratar os quatro juntos na concentração brasileira. A assessoria da CBF não fez restrições, mas Ronaldo, revoltado com críticas recebidas de dois jornais de Madri presentes em Split, melou a esperada foto.
Para Carlos Alberto Parreira, a concentração de tantos atletas em um só clube é vantajosa para a seleção. E isso passa pela presença de Luxemburgo e sua comissão técnica, cada vez mais brasileira. "Temos certeza de que eles estão sendo bem treinados jogando na escola brasileira", disse o técnico, que considera inevitável que o Real Madrid adote o estilo verde-amarelo de praticar futebol.
Para Parreira, o clube da capital espanhola deve fazer um trabalho para Robinho ganhar mais força muscular. "Ele ainda não tem corpo para enfrentar alguns defensores europeus", opinou.
Pelas ruas de Split, são os jogadores brasileiros do Real que têm seus nomes com mais freqüência nas camisas vendidas por camelôs. Até modelos com o recém-contratado Robinho são comercializados pelos vendedores.
O Real Madrid é um dos clubes europeus de melhor relação com a CBF. São raros os casos em que se insurge contra a liberação de atletas para a seleção. O Real foi acusado de fazer isso com Ronaldo em fevereiro, quando o atacante não foi a Hong Kong para amistoso. Mas, depois, ficou claro que o próprio jogador queria a dispensa, para tratar do seu curto casamento com Daniella Cicarelli.


NA TV - Globo, ao vivo, às 16h15


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