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Ofuscada por galácticos, "seleção Real" pega Croácia
No 1º jogo do Brasil após título da Copa das Confederações, maior atração para torcida e
mídia são os quatro astros do clube de Madri, que formam feudo inédito no time nacional
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A SPLIT (CROÁCIA)
Fotos, idioma, brincadeiras,
metas para a temporada que começa. É a seleção brasileira que
entra em campo hoje à tarde, em
Split, para enfrentar a Croácia.
Mas o Real Madrid consegue
ofuscar o time pentacampeão em
todos esses assuntos.
Com quatro atletas certos no
grupo de Carlos Alberto Parreira
que vai disputar a Copa da Alemanha (Ronaldo, Robinho, Roberto Carlos e Júlio Baptista), o
clube espanhol fará história. Nunca uma equipe estrangeira teve
tantos atletas numa delegação
brasileira. E desde 1990 um mesmo time não tem tantos jogadores
no grupo nacional num Mundial.
E esse peso se faz notar no dia-a-dia do selecionado nacional.
A imprensa espanhola quase
empata com a brasileira na Croácia. Com Ronaldo e Robinho sentados no centro da mesa, a entrevista coletiva, que reuniu também
os "escanteados" Adriano e Kaká,
teve nada menos do que 45% de
suas respostas tratando do clube
espanhol. Ronaldo prometeu
mais uma vez fazer 35 gols na
temporada. Robinho disse que
não vê a hora de se apresentar.
Teve até piada com Vanderlei
Luxemburgo, o técnico do Real.
Questionado sobre o que Robinho deve fazer para aprender espanhol, Ronaldo disparou: "O
importante é ele não pegar o mesmo professor que o Vanderlei",
disse, lembrando das dificuldades
do treinador com a língua.
O próprio Real Madrid, que pagou US$ 100 milhões pelos quatro, impõe sua presença na seleção. Para Split, o clube mandou
quatro de seus funcionários. Dois
deles trabalham no site do clube,
outros dois no canal de televisão
da equipe. Roberto Carlos se esquivou das emissoras de TV croatas, mas atendeu com muita paciência os colegas de clube.
Ao contrário de outros grandes
europeus, como o Milan, que tem
três jogadores na seleção (Dida,
Cafu e Kaká), o Real prefere transportar seus atletas em avião particular, evitando atrasos e horas de
espera em aeroportos.
A fúria espanhola para mostrar
Ronaldo, Robinho, Roberto Carlos e Júlio Baptista reunidos causou até uma saia justa ontem. Os
fotógrafos queriam retratar os
quatro juntos na concentração
brasileira. A assessoria da CBF
não fez restrições, mas Ronaldo,
revoltado com críticas recebidas
de dois jornais de Madri presentes
em Split, melou a esperada foto.
Para Carlos Alberto Parreira, a
concentração de tantos atletas em
um só clube é vantajosa para a seleção. E isso passa pela presença
de Luxemburgo e sua comissão
técnica, cada vez mais brasileira.
"Temos certeza de que eles estão
sendo bem treinados jogando na
escola brasileira", disse o técnico,
que considera inevitável que o
Real Madrid adote o estilo verde-amarelo de praticar futebol.
Para Parreira, o clube da capital
espanhola deve fazer um trabalho
para Robinho ganhar mais força
muscular. "Ele ainda não tem corpo para enfrentar alguns defensores europeus", opinou.
Pelas ruas de Split, são os jogadores brasileiros do Real que têm
seus nomes com mais freqüência
nas camisas vendidas por camelôs. Até modelos com o recém-contratado Robinho são comercializados pelos vendedores.
O Real Madrid é um dos clubes
europeus de melhor relação com
a CBF. São raros os casos em que
se insurge contra a liberação de
atletas para a seleção. O Real foi
acusado de fazer isso com Ronaldo em fevereiro, quando o atacante não foi a Hong Kong para amistoso. Mas, depois, ficou claro que
o próprio jogador queria a dispensa, para tratar do seu curto casamento com Daniella Cicarelli.
NA TV - Globo, ao vivo,
às 16h15
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