São Paulo, domingo, 17 de agosto de 2008

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NATAÇÃO

Versatilidade de nadador é boa parte de seu sucesso

Estrela de Pequim nada mais estilos que a estrela de Munique

Fenômeno das piscinas se destaca no medley, sendo o nado peito seu ponto fraco; em 1972, Mark Spitz nadou apenas borboleta e crawl


DA ENVIADA A PEQUIM

Listar qualidades de Michael Phelps é tarefa das mais fáceis. O nadador norte-americano é rápido, técnico, dedicado, talentoso. Em um esporte que exige habilidades tão distintas e específicas, porém, talvez uma das virtudes seja mais admirável: a versatilidade.
Em sua caminhada rumo ao recorde ouros em uma mesma edição olímpica, ele competiu em todos os estilos da natação. Sua especialidade são as provas de medley, que reúnem os quatro tipos de nado -crawl, costas, peito e borboleta.
As mesmas habilidades não eram mostradas pelo homem que ele superou. Quando foi sete vezes ao topo do pódio em Munique-72, Mark Spitz nadou só crawl e borboleta.
O crawl é um dos melhores estilos de Phelps, que tem grande influência do russo Alexander Popov, bicampeão olímpico dos 50 m e 100 m livre, em Barcelona-1992 e Atlanta-1996. Não é à toa. Seu técnico, Bob Bowman, estudou o modo de nadar do russo para aprimorar as braçadas do pupilo.
Em Pequim, Phelps levou o ouro nos 200 m livre. Mesmo não sendo especialista nos 100 m, nadou 47s51 na abertura do revezamento 4 x 100 m livre. A marca era apenas 0s01 acima do então recorde mundial.
No borboleta, prova em que foi ouro nos 200 m e nos 100 m, o nadador tem uma característica peculiar: executa a respiração a cada braçada. Muitos especialistas pregam que o melhor é retirar a cabeça da água a cada duas ou três braçadas.
Além da técnica, Phelps tem o torso maior do que as pernas e uma envergadura de mais de 2 metros, modelo de corpo perfeito para os movimentos.
O nadador não costuma disputar provas individuais de peito e costas, mas apresenta bom desempenho nos dois estilos. Em 2007, por exemplo, terminou como sexto no ranking dos 200 m e 11º nos 100 m costas.
O nado peito é seu calcanhar de aquiles. Neste ano, ele está fazendo novos tipos de treinamento para tentar aprimorar ainda mais esse estilo.
Outro fundamento que Phelps tem tratado com atenção é o nado submerso, as ondulações do nadador após a largada e as viradas. Pelas regras internacionais, o atleta pode percorrer até 15 m. Ele permanece na posição de "streamline", com os braços completamente estendidos sobre a cabeça, pés e mãos juntos e executa movimentos de ondulação.
Responsável pela evolução do pupilo, Bowman não revela sua tática para aprimorar a performance de Phelps. "Eu o mantenho o máximo de tempo embaixo d'água. O máximo que ele agüentar. Assim, eu não preciso escutá-lo, nem ele precisa me escutar", diz o técnico.
"Michael é ótimo na piscina, mas é muito estabanado fora dela. Por isso eu tento deixá-lo ao máximo dentro d'água", completou. 0 (MARIANA LAJOLO)


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