São Paulo, domingo, 17 de setembro de 2000

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BASQUETE
Técnico da seleção dispensa ajuda de orientador organizacional

Barbosa crê que "estresse é coisa de babaca" e diz que suas jogadoras não precisam de ajuda externa para solucionar problemas emocionais


EDGARD ALVES
ENVIADO ESPECIAL A SYDNEY

O Comitê Olímpico Brasileiro colocou à disposição da delegação em Sydney um orientador organizacional. Mas o time feminino de basquete tem de superar seus problemas emocionais sem ajuda externa porque o técnico Antônio Carlos Barbosa defende a opinião que "estresse é coisa de babaca".
A seleção estreou com vitória diante da Eslováquia por 76 a 60 e amanhã enfrenta a Austrália.
"Eu já disse e repeti várias vezes para as jogadoras que a Olimpíada é grande só no plano geral. Quando se entra na quadra, o jogo é igual a qualquer outro, como do Paulista ou dos Jogos Abertos do Interior (competição anual disputada pelas cidades paulista)", afirmou Barbosa.
O técnico abordou o tema "jogo do medo" na preleção antes da partida de estréia. "Medo a gente deve ter de altura porque pode cair, de caverna que não conhece o fundo e de avião que "balanga", como se diz no interior."
Recentemente, ele já havia orientado o time para que ficasse tranquilo, porque qualquer desacerto ele assumiria como seu o erro. Com esse espírito, por exemplo, ele definiu o time titular: Claudinha, Helen, Janeth, Alessandra e Cíntia Tuiú.
Nos discursos que costuma fazer para as jogadoras, diariamente, sempre para passar a sua filosofia de trabalho em pequenas doses, Barbosa disse que bateu na tecla de que a Olimpíada dá medalhas, mas que o "arroz com feijão vem mesmo dos jogos dos campeonatos no Brasil, sendo de lá que saem os salários, e por isso aqueles talvez sejam jogos até mais importantes".
Outro ponto que o técnico julga importante antes de cada jogo são as informações sobre a equipe adversária. Vídeos, com jogadas do time adversário, são mostrados às jogadoras, sempre com realce para os pontos fortes e fracos.
Apesar do discurso do técnico, as jogadoras disseram que estavam ansiosas antes da estréia contra a Eslováquia. Algumas falaram até em medo.
Claudinha, armadora titular, que está jogando sua primeira Olimpíada, dormiu mal na noite que antecedeu o jogo. "Eu estava nervosa demais. Os primeiros minutos foram decisivos, mas consegui controlar a ansiedade."
A ala Helen também teve boa atuação, mas precisou superar a ansiedade inicial. "Foi um começo nervoso. Depois o jogo entrou e veio a estabilidade." Ela anotou dez pontos, pegou dois rebotes e fez sete assistências.
Depois do sucesso na estréia, a ala Janeth, a mais experiente jogadora do time, disse que decidiu arremessar de longa distância -da altura da intermediária da quadra do Brasil- a bola final da partida porque é costume estar atenta para momentos semelhantes. "Lancei a bola do jeito que deu, com uma mão só. E caiu. Foi como uma cesta que fiz por Santo André nos últimos Jogos Abertos", falou. Janeth foi a cestinha do jogo com 24 pontos.
O Brasil vai enfrentar agora a Austrália (amanhã, às 7h), Senegal, França e Canadá. Quatro times passam à fase seguinte, quando cruzarão com quatro do outro grupo, integrado por EUA, Rússia, Cuba, Polônia, Coréia e Nova Zelândia.


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