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FUTEBOL
Depois de Milene, outras jogadoras criticam treinador pela preparação do time, que embarcou ontem para os EUA
Caos toma conta de seleção antes da Copa
SÉRGIO RANGEL
ENVIADO ESPECIAL A TERESÓPOLIS
Com a maioria das jogadoras
descontentes com o técnico Paulo
Gonçalves, com quatro titulares
contundidas e sem um esquema
tático definido. Neste cenário
conturbado, a seleção brasileira
embarcou ontem para a disputa
do Mundial, nos EUA, que será
aberto no próximo sábado.
No último dia da equipe na
Granja Comary, várias jogadoras
aproveitaram para desabafar e
mostrar que a delegação, que sem
Milene Domingues ganhou o Pan
de Santo Domingo, está dividida.
"Ele [o treinador] está muito
desgastado. O time não tem esquema armado até agora. Além
disso, ele pouco conversa com as
jogadoras. Fica muito difícil trabalhar assim", afirmou a goleira
Andréia, titular da seleção desde
os Jogos de Sydney, em 2000.
Ela declarou que o relacionamento do treinador com as jogadoras é tão ruim que Gonçalves
deverá deixar o cargo no final da
competição. "Isso nos foi passado, vamos aguardar", disse ela.
Milene, mulher do atacante Ronaldo, é a mais crítica em relação
ao trabalho do treinador.
Sem clima com Gonçalves, que
não esconde o desconforto com a
imposição feita pela CBF para a
atleta permanecer no grupo, ela é
a porta-voz do grupo.
"Ele não conversa com as atletas. Nós já dissemos que queremos ser cobradas, mas ele não faz
nada. Ainda não sei se vamos jogar no 4-4-2 ou no 3-5-2", disse a
jogadora, que recusa, contudo, receber o rótulo de líder.
"Quando cheguei aqui, as jogadoras me passaram tudo o que
aconteceu. Desde então, comecei
a falar o que acontecia. Como não
tenho nada a perder, me sinto
mais solta para falar", disse Milene, que vai disputar o Mundial
por determinação da diretoria da
CBF. A entidade acha ela ajudará
a divulgar melhor a seleção.
"Mesmo assim, temos que esquecer o que aconteceu e tentar
resolver em campo. As jogadoras
têm muito talento e podem superar as falhas da preparação",
acrescentou a meia, que vai lançar
uma boneca com o seu nome
após o Mundial. Fora dos planos
do treinador, Milene dificilmente
terá oportunidade de atuar em alguma partida na competição.
A atacante Kátia Cilene é outra
que não esconde o desconforto
com a situação delicada da seleção. Kátia é a jogadora mais famosa da equipe. Ela jogou a última
temporada no futebol norte-americano e recebeu cerca de US$ 35
mil mensais. A maioria das jogadoras da seleção recebe R$ 30 por
dia de ajuda de custo da CBF.
"O clima ficou muito ruim.
Mesmo assim, prefiro não comentar nada por questões éticas.
Independentemente da atuação
ruim da comissão técnica, temos
que continuar jogando bem. Se tivermos uma atuação fraca no
Mundial, as jogadoras serão as
que mais vão sofrer no futuro. O
futebol feminino está muito mal
no país. Uma campanha fraca será pior ainda para todas", disse
Kátia, que acha difícil a seleção
conseguir repetir a campanha do
Mundial passado, quando terminou a competição em terceiro.
Como se não bastasse a série de
conflitos entre as jogadoras e o
treinador, a seleção embarcou
com quatro titulares contundidas
-Formiga, Tânia Maranhão, Juliana e Renata Costa. De acordo
com o treinador, Formiga e Renata dificilmente enfrentarão a Coréia do Sul, no domingo.
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