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FUTEBOL
Caça à Raposa
JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA
A caça à raposa é um dos esportes preferidos da Inglaterra. Todos já vimos cenas de cavaleiros montados em seus cavalos e acompanhados de cães fox-hound na perseguição ao pobre
mamífero.
O que nem todos vimos, ou sabemos, é que a caça à raposa se
consuma com um golpe, e que esse golpe pode ser dado com sete
armas diferentes: a flecha, a lança, a maça, a besta, a pistola, o
mosquete e o bacamarte. É assim
que a brincadeira termina e os
alegres aristocratas rurais voltam
para suas casas.
O interrogativo leitor e a curiosa leitora podem estar se perguntando o que isso tem a ver com o
outro esporte bretão, o futebol.
Muito, eu vos digo.
O Campeonato Brasileiro vem
se arrastando já algum tempo numa fase de espantoso tédio. Um
dos culpados por isso é o Cruzeiro.
Ninguém consegue conter sua
marcha inexorável rumo ao título. Assim, proponho aqui o início
de uma caça à raposa. E, tal qual
como no tradicional esporte bretão, poderemos usar sete armas.
1) STJD: advogados de todos os
demais clubes devem fazer um
mutirão, buscando algum erro
burocrático, a falta de algum carimbo, para punir o clube mineiro. Já deu certo com outros times
e, como os dirigentes costumam
viver na margem da contravenção, não deve ser difícil achar alguma coisa.
2) Cadeia: alguém da Receita
Federal poderia achar uma movimentação irregular, um valor
não declarado ao Imposto de
Renda, algum dinheiro na Suíça,
e mandar o treinador cruzeirense
para trás das grades. Não que o
impoluto Wanderley Luxemburgo seja homem de fazer essas coisas, mas algum errinho todo
mundo comete.
3) Seleção: Parreira deveria fazer a sua parte, chamando Gomes, Maurinho, Edu Dracena,
Alex e até Mota, vai, para os próximos jogos. E Maturana não pode esquecer Aristizábal.
4) Juízes: neste momento a colaboração dos árbitros é fundamental. Uma faltinha invertida, um
impedimento mal marcado, uma
vista grossa às entradas mais duras. Vamos lá, árbitros, vocês fazem isso toda hora, seria só uma
questão de concentrar erros contra um time para motivar o campeonato.
5) Atrasos: um controlador atleticano de tráfego aéreo bem que
poderia causar atrasos nas partidas dos aviões cruzeirenses, possibilitando aos adversários algumas vitórias por W.O.
6) Mandingas: pegue uma nota
de um cruzeiro (Cr$ 1,00) e leve-a
até uma encruzilhada à meia-noite. Coloque a nota entre uma
imagem de São Paulo, um peixe,
um galinho de porcelana e uma
coxa (de carne branca). Ateie fogo à nota e dê sete voltas ao redor
da chama antes que ela apague.
7) Futebol: essa é, reconheço, a
opção mais difícil, pois o Cruzeiro
é mesmo o melhor time do campeonato. Assim sendo, recomendo que ela só seja usada em caso
de falha das anteriores.
Vamos lá! É hora de salvarmos
o Brasileiro do tédio. Não-cruzeirenses de todo o Brasil, uni-vos!
A diferença
Diego e Robinho foram aparecendo aos poucos em jogos do
Paulistão, onde aprenderam a
lidar com tensões e ganharam
experiência. O mesmo vale para os garotos do Palmeiras: Alceu, Diego Souza, Vágner e Edmílson. Estão subindo na disputa da Segundona, contra rivais menos difíceis. Kléber e
Diego Tardelli (quantos Diegos!) já não contam com o mesmo ambiente, mas o São Paulo
tem crédito por ser, de longe, o
clube que melhor cuida das divisões de base. Ruim é a situação do Corinthians, que lança
Jô, Abuda, Marquinhos e Bobô
num momento de incerteza.
Junices
Júnior foi substituído por Juninho, que cuidava dos juniores.
É mais que um trocadilho, é um
tricadilho.
E-mail - torero@uol.com.br
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