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São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 2003

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FUTEBOL

Caça à Raposa

JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA

A caça à raposa é um dos esportes preferidos da Inglaterra. Todos já vimos cenas de cavaleiros montados em seus cavalos e acompanhados de cães fox-hound na perseguição ao pobre mamífero.
O que nem todos vimos, ou sabemos, é que a caça à raposa se consuma com um golpe, e que esse golpe pode ser dado com sete armas diferentes: a flecha, a lança, a maça, a besta, a pistola, o mosquete e o bacamarte. É assim que a brincadeira termina e os alegres aristocratas rurais voltam para suas casas.
O interrogativo leitor e a curiosa leitora podem estar se perguntando o que isso tem a ver com o outro esporte bretão, o futebol. Muito, eu vos digo.
O Campeonato Brasileiro vem se arrastando já algum tempo numa fase de espantoso tédio. Um dos culpados por isso é o Cruzeiro. Ninguém consegue conter sua marcha inexorável rumo ao título. Assim, proponho aqui o início de uma caça à raposa. E, tal qual como no tradicional esporte bretão, poderemos usar sete armas.
1) STJD: advogados de todos os demais clubes devem fazer um mutirão, buscando algum erro burocrático, a falta de algum carimbo, para punir o clube mineiro. Já deu certo com outros times e, como os dirigentes costumam viver na margem da contravenção, não deve ser difícil achar alguma coisa.
2) Cadeia: alguém da Receita Federal poderia achar uma movimentação irregular, um valor não declarado ao Imposto de Renda, algum dinheiro na Suíça, e mandar o treinador cruzeirense para trás das grades. Não que o impoluto Wanderley Luxemburgo seja homem de fazer essas coisas, mas algum errinho todo mundo comete.
3) Seleção: Parreira deveria fazer a sua parte, chamando Gomes, Maurinho, Edu Dracena, Alex e até Mota, vai, para os próximos jogos. E Maturana não pode esquecer Aristizábal.
4) Juízes: neste momento a colaboração dos árbitros é fundamental. Uma faltinha invertida, um impedimento mal marcado, uma vista grossa às entradas mais duras. Vamos lá, árbitros, vocês fazem isso toda hora, seria só uma questão de concentrar erros contra um time para motivar o campeonato.
5) Atrasos: um controlador atleticano de tráfego aéreo bem que poderia causar atrasos nas partidas dos aviões cruzeirenses, possibilitando aos adversários algumas vitórias por W.O.
6) Mandingas: pegue uma nota de um cruzeiro (Cr$ 1,00) e leve-a até uma encruzilhada à meia-noite. Coloque a nota entre uma imagem de São Paulo, um peixe, um galinho de porcelana e uma coxa (de carne branca). Ateie fogo à nota e dê sete voltas ao redor da chama antes que ela apague.
7) Futebol: essa é, reconheço, a opção mais difícil, pois o Cruzeiro é mesmo o melhor time do campeonato. Assim sendo, recomendo que ela só seja usada em caso de falha das anteriores.
Vamos lá! É hora de salvarmos o Brasileiro do tédio. Não-cruzeirenses de todo o Brasil, uni-vos!

A diferença
Diego e Robinho foram aparecendo aos poucos em jogos do Paulistão, onde aprenderam a lidar com tensões e ganharam experiência. O mesmo vale para os garotos do Palmeiras: Alceu, Diego Souza, Vágner e Edmílson. Estão subindo na disputa da Segundona, contra rivais menos difíceis. Kléber e Diego Tardelli (quantos Diegos!) já não contam com o mesmo ambiente, mas o São Paulo tem crédito por ser, de longe, o clube que melhor cuida das divisões de base. Ruim é a situação do Corinthians, que lança Jô, Abuda, Marquinhos e Bobô num momento de incerteza.

Junices
Júnior foi substituído por Juninho, que cuidava dos juniores. É mais que um trocadilho, é um tricadilho.

E-mail - torero@uol.com.br

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