São Paulo, sábado, 17 de outubro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

F-1 cria "carros-tanques" e ajuda times pequenos

Regulamento contribui para a redução de abandonos por quebras neste ano

Restrições a testes e a giros de motor tornam o Mundial bem mais "democrático" na distribuição dos pontos, o que desagrada aos grandes

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Menos eletrônica, restrições de giro, limite para motores e câmbio, testes controlados. A nova F-1, mais barata, transformou os carros da categoria em "tanques de guerra", beneficiando as equipes pequenas em detrimento das grandes.
Em 2009, depois de 15 etapas, aconteceram apenas 27 quebras, ou 1,8 por corrida.
É o menor número absoluto da década e iguala, em termos proporcionais, o que ocorreu em 2008, quando componentes eletrônicos já haviam sido banidos. Tudo muito diferente do que acontecia no início da década. Só em 2001 foram cem abandonos por motivos mecânicos, ou quase seis por GP.
Vários fatores explicam a resistência dos carros da F-1. O regulamento, por exemplo, limitou o giro dos motores a 18 mil rpm (rotações por minuto), o que diminui o desgaste dos propulsores e a chance de quebra. Eram 19 mil rpm em 2008 e já superaram 20 mil rpm.
As equipes precisam ser mais conservadoras na montagem de seus motores, já que o regulamento prevê oito para a temporada -quem exceder o limite perde postos no grid de largada.
Os times nanicos lucraram mais com a configuração mais simples e resistente dos carros. Em 2009, a Ferrari teve mais quebras (cinco) do que a Force India (quatro). Como comparação, a escuderia italiana teve, em 2001, quatro abandonos por problemas mecânicos. O time mais frágil à época, a Minardi, teve 14 quebras.
Essa nova realidade faz da classificação do Mundial de Construtores uma das mais inusitadas. Não só porque a disputa pelo título está restrita a Brawn e Red Bull, que nunca foram campeões. Mas também porque até quem está na rabeira tem pontuação significante.
Neste ano, as três piores escuderias têm 42 pontos -24 da BMW, 13 da Force India e 5 da Toro Rosso. Em 2001, os três últimos times na tabela levaram cinco pontos -4 da Prost, 1 da Arrows e 0 da Minardi.
O novo cenário da F-1, obviamente, desagrada aos times grandes e agrada aos pequenos.
"Costumávamos testar 90 mil quilômetros por ano. Não é fácil dizer que precisamos diminuir para 15 mil quilômetros de testes. É muito mais fácil para quem sempre fez isso. É um preço caro que estamos pagando", disse à Folha Stefano Domenicali, chefe ferrarista.
"A confiabilidade do nosso carro é especial, particularmente em condições difíceis, como no Bahrein. Isso significa que podemos focar na melhora de performance", diz Vijay Mallya, o dono da Force India.



Texto Anterior: "Gordinho" será vetado no Mundial
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.