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F-1 cria "carros-tanques" e ajuda times pequenos
Regulamento contribui para a redução de abandonos por quebras neste ano
Restrições a testes e a giros de motor tornam o Mundial bem mais "democrático" na distribuição dos pontos, o que desagrada aos grandes
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Menos eletrônica, restrições
de giro, limite para motores e
câmbio, testes controlados. A
nova F-1, mais barata, transformou os carros da categoria em
"tanques de guerra", beneficiando as equipes pequenas em
detrimento das grandes.
Em 2009, depois de 15 etapas, aconteceram apenas 27
quebras, ou 1,8 por corrida.
É o menor número absoluto
da década e iguala, em termos
proporcionais, o que ocorreu
em 2008, quando componentes eletrônicos já haviam sido
banidos. Tudo muito diferente
do que acontecia no início da
década. Só em 2001 foram cem
abandonos por motivos mecânicos, ou quase seis por GP.
Vários fatores explicam a resistência dos carros da F-1. O
regulamento, por exemplo, limitou o giro dos motores a 18
mil rpm (rotações por minuto),
o que diminui o desgaste dos
propulsores e a chance de quebra. Eram 19 mil rpm em 2008
e já superaram 20 mil rpm.
As equipes precisam ser mais
conservadoras na montagem
de seus motores, já que o regulamento prevê oito para a temporada -quem exceder o limite
perde postos no grid de largada.
Os times nanicos lucraram
mais com a configuração mais
simples e resistente dos carros.
Em 2009, a Ferrari teve mais
quebras (cinco) do que a Force
India (quatro). Como comparação, a escuderia italiana teve,
em 2001, quatro abandonos
por problemas mecânicos. O time mais frágil à época, a Minardi, teve 14 quebras.
Essa nova realidade faz da
classificação do Mundial de
Construtores uma das mais
inusitadas. Não só porque a disputa pelo título está restrita a
Brawn e Red Bull, que nunca
foram campeões. Mas também
porque até quem está na rabeira tem pontuação significante.
Neste ano, as três piores escuderias têm 42 pontos -24 da
BMW, 13 da Force India e 5 da
Toro Rosso. Em 2001, os três
últimos times na tabela levaram cinco pontos -4 da Prost, 1
da Arrows e 0 da Minardi.
O novo cenário da F-1, obviamente, desagrada aos times
grandes e agrada aos pequenos.
"Costumávamos testar 90
mil quilômetros por ano. Não é
fácil dizer que precisamos diminuir para 15 mil quilômetros
de testes. É muito mais fácil para quem sempre fez isso. É um
preço caro que estamos pagando", disse à Folha Stefano Domenicali, chefe ferrarista.
"A confiabilidade do nosso
carro é especial, particularmente em condições difíceis,
como no Bahrein. Isso significa
que podemos focar na melhora
de performance", diz Vijay
Mallya, o dono da Force India.
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