São Paulo, sábado, 17 de outubro de 2009

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Suspeitos fiscalizam Copa-2014

Deputados que respondem a sindicância na Câmara são membros de comitê de acompanhamento

Parlamentar com nome ligado a operação da Polícia Federal diz que jamais pediu para integrar grupo e que já requisitou o desligamento

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Suspeito de ter praticado crimes de fraude a licitações e colaborado para desviar verbas públicas, o deputado João Magalhães (PMDB-MG) integra a "Subcomissão Permanente para fiscalização e controle dos Recursos Públicos Federais destinados à Copa de 2014".
Em 2008, na Operação João de Barro, a Polícia Federal e o Ministério Público revelaram esquema de desvio de verbas destinadas a obras de infraestrutura, principalmente previstas no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), uma das prioridades do governo.
Magalhães seria, conforme a investigação, um dos principais beneficiários do esquema. Hoje responde a inquérito que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal) e que tem como foco apurar fraude a licitações.
Entre as atribuições da comissão está: "Visitar, entre as primeiras cidades, o Rio, tendo em vista ser a cidade candidata a sediar o último jogo do evento, no estádio do Maracanã, cujas obras estão estimadas em torno de R$ 400 milhões".
A operação foi deflagrada em 20 de junho de 2008, dia em que a PF cumpriu 231 mandados de busca e apreensão e outros 38 de prisão em Minas, São Paulo, Goiás, Tocantins, Rio, Espírito Santo, Rio Grande do Norte e Distrito Federal.
Também integrante da comissão da Copa-14, o deputado Ademir Camilo (PDT-MG) teve seu nome envolvido inicialmente na João de Barro. Mas seu caso foi arquivado no STF a pedido do Ministério Público.
Desde então, Magalhães e Camilo respondem à sindicância da Câmara decorrente do episódio. É o primeiro passo para um eventual processo a ser encaminhado à apreciação da Mesa Diretora, à qual cabe decidir se devem ou não ser submetidos ao julgamento do Conselho de Ética da Casa.
Em nome de Camilo, o advogado Aldo Costa disse que seu cliente já comprovou não ter nenhuma participação nos fatos investigados, do que decorreu o arquivamento da parte que lhe dizia respeito.
Magalhães afirmou que já apresentou sua defesa ao STF, na qual, afirma, demonstra sua completa inocência. Ele também declarou nunca ter pedido para fazer parte da subcomissão da Copa-14, que foi escolhido pelo presidente, deputado Silvio Torres (PSDB-SP), e que nunca participou de nenhuma reunião do grupo. "Logo que soube que tinham me incluído, liguei e pedi que me tirassem. Hoje [após contato da Folha], fiz isso novamente", disse.


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