São Paulo, sábado, 17 de outubro de 2009

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MOTOR

Uma lição


Companheiro de Alonso em 2010, Massa levou um puxão de orelha ao falar a verdade sobre Cingapura-2008


FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

UNIFORME VERMELHO , blusão nos ombros, mãos nos bolsos da calça jeans, Massa era a imagem do sorriso amarelo ontem, atrás dos boxes de Interlagos. Talvez, pela polêmica que levantou nos últimos dias. Mas principalmente por não estar do outro lado, lá na frente, de macacão, no cockpit.
Massa queria correr em Interlagos. Queria muito. Começou a treinar de kart, há duas semanas, para correr em Interlagos. Viajou à Itália para correr em Interlagos. Foi a Paris ver o médico Jean-Charles Piette, da FIA, para correr em Interlagos. Treinou em Fiorano para correr em Interlagos. E, ao descer do carro, a primeira coisa que disse foi: "Vou ligar para o presidente e dizer que estou bem e que posso correr".
Tudo isso em vão. Não, Massa não vai correr em Interlagos.
A decisão coube à Ferrari. A equipe considerou que seria arriscado colocá-lo para disputar a prova de amanhã. Não que ele não pudesse suportar o ritmo de 71 voltas.
"Conseguiria fazer a corrida inteira aqui normalmente. Seria só fazer o teste da FIA. E tenho certeza de que passaria", disse o piloto. Então, por que afinal a Ferrari não o inscreveu para o GP?
A explicação oficial é que qualquer acidente poderia agravar o ferimento na caixa craniana, ainda não totalmente cicatrizado. E a Ferrari, compreensivelmente, preferiu não correr riscos de ser acusada de pôr o piloto em perigo em nome do terceiro lugar no Mundial de Construtores.
Ao frequentar Interlagos em trajes "civis", ele de certa forma volta ao passado no automobilismo e relembra a cada segundo que a vida é dura.
Golpe no ímpeto de Massa, lição de amadurecimento. Amadurecimento que terá de vir a galope em 2010. Porque, na mesma medida em que a imprensa louva o piloto que fala o que pensa, os times reprovam. E ninguém controla mais seus comandados do que a Scuderia Ferrari.
Massa falou a verdade sobre Alonso -é claro que o espanhol sabia-, levou um puxão de orelha. Não deve falar mais. Pena. Mas que o amadurecimento venha. Já será uma dádiva. Alonso não será mole, não.

CANJA DE GALINHA-1
Os ingleses não estão gostando nada do jogo de Button: cautela total, apenas na marcação de Barrichello. Comportamento que valeu críticas nos jornais da ilha nas últimas semanas. "Mas, se ele for campeão, ninguém vai lembrar disso", diz um colega de lá. Concordo. O histórico da F-1 é cheio de pilotos cuidadosos que foram campeões, vide Emerson. Para este colunista, a disputa termina amanhã.

CANJA DE GALINHA-2
E, se serve de inspiração a Button, o campeão da Indy fez exatamente o mesmo. Na base da regularidade, Franchitti superou Dixon e Briscoe em Miami e comemorou o bi.

fabioseixas.folha@uol.com.br


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