São Paulo, sábado, 17 de novembro de 2001

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FUTEBOL

Tetracampeão pela seleção brasileira, técnico deixa o Flamengo em situação dramática no Campeonato Nacional

Zagallo pede demissão e encerra carreira

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Mario Jorge Lobo Zagallo, tetracampeão mundial pelo Brasil, anunciou ontem o fim de sua carreira como treinador de futebol de maneira melancólica.
Ele pediu demissão do Flamengo, clube mais popular do país, deixando-o na zona de rebaixamento do Brasileiro-2001.
Com 23 pontos e em 25º lugar a três rodadas do final da fase classificatória do torneio, o time do Rio seria um dos quatro a cair para a segunda divisão se o Nacional terminasse hoje.
Zagallo já não comanda a equipe amanhã, contra o Inter, em Juiz de Fora (MG). Ele será substituído por Carlos Alberto Torres, um de seus desafetos no futebol.
A demissão de Zagallo, 70, causou surpresa no clube carioca, que enfrenta séria crise financeira e está com salários atrasados.
Na segunda-feira, ele chegara a pedir para sair, mas foi convencido a ficar pelo presidente do Fla, Edmundo dos Santos Silva. Naquele dia, Zagallo anunciara que prosseguiria no cargo até o final do ano, quando encerraria sua carreira como treinador.
Ontem, ele chegou à Gávea com uma mala de roupas, pois a delegação viajaria para Juiz de Fora após o treino, no fim da tarde.
Após rápida reunião no departamento de futebol, com dirigentes preocupados com a situação do time, Zagallo seguiu para a presidência, onde conversou com Santos Silva e Walter Oaquim, o vice-presidente de futebol.
Zagallo afirmou que, na reunião, o presidente tentou convencê-lo a ficar até o fim do Brasileiro e da Mercosul -o Fla disputará semifinal com o Grêmio-, mas ele disse que não aceitou.
"Achei que era o momento de dar uma oportunidade a uma outra pessoa, de vir outro que possa até dar uma arrancada nesses três jogos finais (contra Inter, São Caetano e Palmeiras)".
Após a reunião com Zagallo, Santos Silva deixou o clube sem dar entrevistas. Uma hora depois, foi anunciada a contratação de Carlos Alberto Torres.
Ao falar sobre a saída do clube, Zagallo ficou com a voz embargada e os olhos úmidos, mas disse não haver chance de prosseguir na carreira de técnico, iniciada no Botafogo nos anos 60.
"A minha carreira de treinador está encerrada. Saio do Flamengo de cabeça erguida. Digno e de moral elevada. Quer melhor que isso?", perguntou. Em seguida, disse que pode trabalhar como diretor ou coordenador de algum clube no ano que vem.
Zagallo apontou Carlos Alberto Parreira como o profissional mais qualificado para substituí-lo, mas afirmou não ter feito a indicação ao Flamengo, já que o colega tem contrato com o Inter. Zagallo e Parreira trabalharam juntos na comissão técnica da seleção nas Copas de 1970, 1974 e 1994.


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