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FUTEBOL
Tetracampeão pela seleção brasileira, técnico deixa o Flamengo em situação dramática no Campeonato Nacional
Zagallo pede demissão e encerra carreira
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Mario Jorge Lobo Zagallo, tetracampeão mundial pelo Brasil,
anunciou ontem o fim de sua carreira como treinador de futebol
de maneira melancólica.
Ele pediu demissão do Flamengo, clube mais popular do país,
deixando-o na zona de rebaixamento do Brasileiro-2001.
Com 23 pontos e em 25º lugar a
três rodadas do final da fase classificatória do torneio, o time do
Rio seria um dos quatro a cair para a segunda divisão se o Nacional
terminasse hoje.
Zagallo já não comanda a equipe amanhã, contra o Inter, em
Juiz de Fora (MG). Ele será substituído por Carlos Alberto Torres,
um de seus desafetos no futebol.
A demissão de Zagallo, 70, causou surpresa no clube carioca,
que enfrenta séria crise financeira
e está com salários atrasados.
Na segunda-feira, ele chegara a
pedir para sair, mas foi convencido a ficar pelo presidente do Fla,
Edmundo dos Santos Silva. Naquele dia, Zagallo anunciara que
prosseguiria no cargo até o final
do ano, quando encerraria sua
carreira como treinador.
Ontem, ele chegou à Gávea com
uma mala de roupas, pois a delegação viajaria para Juiz de Fora
após o treino, no fim da tarde.
Após rápida reunião no departamento de futebol, com dirigentes preocupados com a situação
do time, Zagallo seguiu para a
presidência, onde conversou com
Santos Silva e Walter Oaquim, o
vice-presidente de futebol.
Zagallo afirmou que, na reunião, o presidente tentou convencê-lo a ficar até o fim do Brasileiro
e da Mercosul -o Fla disputará
semifinal com o Grêmio-, mas
ele disse que não aceitou.
"Achei que era o momento de
dar uma oportunidade a uma outra pessoa, de vir outro que possa
até dar uma arrancada nesses três
jogos finais (contra Inter, São
Caetano e Palmeiras)".
Após a reunião com Zagallo,
Santos Silva deixou o clube sem
dar entrevistas. Uma hora depois,
foi anunciada a contratação de
Carlos Alberto Torres.
Ao falar sobre a saída do clube,
Zagallo ficou com a voz embargada e os olhos úmidos, mas disse
não haver chance de prosseguir
na carreira de técnico, iniciada no
Botafogo nos anos 60.
"A minha carreira de treinador
está encerrada. Saio do Flamengo
de cabeça erguida. Digno e de
moral elevada. Quer melhor que
isso?", perguntou. Em seguida,
disse que pode trabalhar como diretor ou coordenador de algum
clube no ano que vem.
Zagallo apontou Carlos Alberto
Parreira como o profissional mais
qualificado para substituí-lo, mas
afirmou não ter feito a indicação
ao Flamengo, já que o colega tem
contrato com o Inter. Zagallo e
Parreira trabalharam juntos na
comissão técnica da seleção nas
Copas de 1970, 1974 e 1994.
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